E a história foi assim, mais uma vez escrita. Com letra cursiva e tipos grandes. E de novo, por um garoto de apenas 23 anos que já é duas vezes campeão do Tour de France e acaba de vencer de forma magistral a ‘sexta’ Monumento: a linda e apaixonante Strade Bianche. O que presenciamos hoje, foi mais um dos seus feitos. Aqueles que teimam em nos deixar boquiabertos.

Tadej Pogacar (UAE), por mais que já saibamos do que ele é capaz, sempre de alguma forma, termina nos surpreendendo. Com um ataque há 50 Km da linha de chegada, ele levantou a poeira das estradas de cascalho da Toscana e não deu mais chance a ninguém. Chegou sozinho na Piazza del Campo e imprime, com ainda mais profundidade, o seu nome na história do ciclismo. E é preciso dizer também, que apenas ele pôde fazer frente hoje ao veterano Alejandro Valverde (Movistar). ‘Bala’ chegou em segundo lugar e logo foi cumprimentar o vencedor. Um verdadeiro gentleman. Valverde disse depois em entrevista, que foi como se ele tivesse vencido. E quem irá dizer que não?

Tadej Pogacar, que semana passada, venceu o UAE Tour, parece estar acima de todos os demais no pelotão. E  parece não sentir esta pressão. Dado como favorito desde o momento um, ele pedala como se tivesse se divertindo. Como faz todo garoto de vinte e poucos anos. Mas ele não é um garoto comum! Atacou no cascalho de Sante Marie e aproveitando-se em seguida do declive seguinte, pulou na frente para ninguém mais o alcançar.

Nem parecia que quilômetros antes, ele e boa parte do pelotão, haviam se envolvido em uma queda espetacular, com praticamente todo o pelotão no chão e que tirou da prova, cinco ciclistas de uma vez. Dentre eles, o Campeão de 2018 e também um dos favoritos, o Belga Tiesj Benoot (Lotto Soudal). Valverde também caiu no mesmo ‘engavetamento’. O Campeão Mundial e vencedor da prova no ano passado, Julian Alaphilippe (QuickStep-AlphaVinyl) não teve a mesma sorte. Com um mortal espetacular, bike ao céu e um ‘pulo do gato’, ele sofreu para voltar a corrida.

Nos quilômetros finais, o grupo perseguidor era formado por Quinn Simmons (Trek Segafredo), Kasper Asgreen (QuickStep-AlphaVinyl), Alejandro Valverde (Movistar), Tim Wellens (Lotto Soudal) e Jhonatan Narvaez (Ineos Grenadiers) que tentavam, em vão, perseguir o Esloveno, que a esta hora já abria mais de um minuto à frente. Até que Asgreen atacou no penúltimo setor de cascalho, seguido apenas por Valverde e que acabou o ultrapassando, já na subida final da Via di Santa Caterina, deixando o Dinamarquês com o último degrau do pódio.

Tadej Pogacar disse depois da prova, que teve momentos que ele pensou que suas pernas iriam explodir e que teria que caminhar até a chegada. Bem, se Pogacar disse que estava sofrendo assim, imagina como estavam os seus adversários? Deviam tá no bagaço. Não foi de forma alguma uma corrida fácil, apesar de ter parecido para ele. Dez minutos depois do ataque, ele chegou a pensar que talvez não tinha sido uma boa ideia atacar de tão longe, mas a sua diferença só foi crescendo e ele só continuou. Instinto de vencedor?

Continue Pogi. Voe!
Nós vamos continuar agradecendo e aplaudindo de pé.

Foto: LaPresse

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