Uma das etapas mais esperadas deste Tour de France, Etapa Rainha da competição com 190,7 km e mais de 4600 m de elevação e que pela primeira vez na história, escalou o lendário Mont Ventoux por duas vezes na mesma etapa. Descortinou o outro lado desta mítica montanha e nos deu ainda um espetáculo de cinema, com a vitória de Wout van Aert (Jumbo-Visma) na 11ª etapa do Tour.
Se a Etapa Rainha exigia um Rei, coube a Wout sair coroado e soberano ao vencer de forma esplêndida essa que já é por si só, uma etapa histórica. Com a vitória, ele coroa a sua 4ª conquista de etapa no Tour de France.
Existe alguma disciplina do ciclismo na qual Wout van Aert não consegue voar alto? Parece que não. O Campeão Belga já havia disputado o sprint na etapa de ontem vencida por Mark Cavendish (Deceuninck-Quickstep) e hoje lá estava ele mais uma vez, brigando pela liderança da prova desde cedo, no grupo escapado.
O Campeão Mundial Julian Alaphilippe (Deceuninck-Quickstep) cruzou a primeira passagem pelo Ventoux na frente, mas na segunda subida ele não conseguiu manter o mesmo ritmo e Aert passou a dominar na dianteira e desceu a ‘Montanha dos Ventos’ solo até a linha de chegada, no que ele considerou uma das vitórias mais importantes de sua carreira:
É estúpido dizer, mas não tenho palavras. Claro, eu não esperava vencer essa etapa antes do Tour. No entanto, eu comecei a acreditar a partir de ontem. Pedi a equipe luz verde para buscar a fuga. Esta é uma das subidas mais icônicas do Tour de France, mas também do mundo do ciclismo. Esta é provavelmente a vitória mais bonita da minha carreira.
Wout van Aert, em entrevista após vencer no Ventoux, emocionado e exausto.
Van Aert não é um especialista em montanhas, mas sua versatilidade é incontestável. Sem Primoz Roglic (Jumbo-Visma) que abandonou a corrida antes da Etapa 8 no domingo, Aert se sentiu livre para fazer sua corrida, pular na fuga e buscar etapas. Apesar do seu time ter perdido também hoje Tony Martin (Jumbo-Visma) que abandonou após uma queda, pôde contar com a excelente performance do jovem Jonas Vingegaard, que vestindo a Camisa Branca de melhor jovem, fez a corrida de sua vida. Se ainda lhe falta experiência, mostrou personalidade para cima do Camisa Amerela, Tadej Pogacar (UAE) que não conseguiu acompanhá-lo na última subida do Ventoux.
No pódio, Wout van Aert teve até o seu nome gritado pelos fãs.
Julian Alaphilippe dominou a primeira parte
A primeira parte da corrida foi animada por vários ciclistas na fuga. Principalmente Julian Alaphilippe (Deceuninck-Quick Step) que atacou logo aos 20 quilômetros de prova. Nairo Quintana (Arkea-Samsic) o seguiu buscando defender a sua camisa de Rei da Montanha, mas o Colombiano acabou não conseguindo ultrapassá-lo no primeiro prêmio de montanha do dia e voltou ao pelotão.
Na primeira investida ao Mont Ventoux, sete ciclistas estavam no topo, incluindo Wout van Aert. Julian Alaphilippe passou primeiro, à frente de Anthony Perez (Cofidis) e do holandês Bauke Mollema (Trek Segafredo).
A Trek, com três ciclistas (Mollema, Elissonde e Bernard), parecia ter uma chance maior de levar a vitória da etapa e passaram com mais de 4’30” de vantagem do pelotão, puxado pelo trenzinho da Ineos que trabalhava para Richard Carapaz (Ineos Grenadiers).
Os ciclistas da Trek Segafredo lançaram a sua ofensiva. Julien Bernard começou a impor um ritmo forte. Kenny Elissonde atacou e foi perseguido por Julian Alaphilippe, Wout van Aert e Bauke Mollema. A Trek jogava suas cartas.
Mas faltavam ainda 14 km de subida quando Wout van Aert contra-atacou e rapidamente alcançou Elissonde. Mollema não conseguiu responder enquanto Julian Alaphilippe não teve mais pernas para seguir. Há 10 km do topo, Wout Van Aert atacou aclamado por uma multidão impressionante nas encostas do Ventoux e abriu mais de 1 minuto sobre Elissonde e Mollema.
No grupo que lutava pela Classificação Geral, a Ineos continuava impondo o seu ritmo forte para prejudicar seus rivais e preparar um ataque de Richard Carapaz. Um dos objetivos da Ineos era quebrar Ben O’connor (AG2R-Citröen), vencedor da etapa em Tignes e segundo colocado na Geral. O’Connor acabou perdendo 5’35” minutos hoje.
Mas há 1 km do topo do Ventoux, foi Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma) quem atacou e deixou Carapaz e Urán (EF Education) para trás. No início, Tadej Pogacar seguiu o dinamarquês, aparentemente sem dificuldade, mas logo o deixou ir sozinho.
Pela primeira vez neste Tour, Pogacar não conseguiu seguir um dos seus rivais. Vingegaard chegou a abrir 30 segundos à frente do Esloveno. Na longa descida até a chegada, Pogacar, Urán e Carapaz se uniram para perseguir o Dinamarquês. Todos os três estavam interessados em não perder temp e a aliança acabou funcionando. Eles alcançaram Jonas Vingegaard nos últimos quilômetros e chegaram a 1’38” de Van Aert. Apesar de parecer menos dominante hoje, Tadej Pogacar mantém uma grande diferença em relação aos seus rivais.
Rigoberto Urán é um dos corredores mais astutos do pelotão. Sem fazer barulho, sem atacar mas mostrando grande resistência, o Colombiano agora é o segundo colocado com 5’18” atrás de Pogacar. Jonas Vingegaard é o terceiro com 5’32” e Richard Carapaz quarto com 5’33. Ben O’connor caiu para o quinto lugar com 5’58”. Apesar da grande diferença de Pogacar, a luta pelo pódio continua aberta e ainda temos muito Tour pela frente.
Amanhã, na etapa 12, os corredores percorrerão 159,4 km. entre Saint-Paul-Trois-Château e Nîmes. Uma etapa plana que não apresenta grandes dificuldades no seu perfil e que deve terminar com um sprint massivo, mas que pode ser enganadora devido ao vento e ao calor. Tour é Tour e tudo pode acontecer. Até lá!
(Fotos: A.S.O)
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