No primeiro de três dias consecutivos nos Pirineus, a Bora-Hansgrohe, comumente chamada de “time do Peter Sagan” vence a segunda desde o abandono do Eslovaco. Após a vitória de Nils Politt, hoje foi dia do campeão austríaco Patrick Konrad navegar os grupos da fuga pra vencer sozinho em Saint-Gaudens.

Saindo de Andorra, após o segundo dia de descanso, 169 km com três grandes montanhas pelo caminho e uma rampa nos 10 kms finais aguardavam o pelotão liderado pelo Camisa Amarela Tadej Pogačar e seu time, a UAE.

A primeira metade da prova foi frenética, com diversos atletas tentando formar uma fuga. Múltiplos ataques lançados e o pelotão trabalhou intensamente para capturá-los até que, já na segunda parte da etapa, um grupo conseguiu descolar-se do pelotão.

Um trio formado por Christopher Juul-Jensen (Bike Exchange), Jan Bakelants (Intermarché) e Fabian Doubey (Total Energies) foi alcançado por Patrick Konrad (Bora-hansgrohe) na subida para o Col de la Core. Konrad conseguiu saltar de um grupo perseguidor com outros 10 atletas para a ponta da prova.

Juul-Jensen (Bike Exchange) não foi capaz de acompanhar os outros três e sobrou da ponta, encaixando-se no grupo perseguidor para descer e tentar poupar energia para a montanha final afim de ajudar o colega de equipe, Michael Matthews (Bike Exchange), que vinha atrás e está disputando os pontos da Camisa Verde com Sonny Colbrelli (Bahrain Victorious).

Konrad estava em uma missão e continuou pedalando de maneira agressiva. Na montanha final, o Col de Portet D’Aspet, ele largou Fabien Doubey (Total Energies) e Jan Bakelants (Intermarché), que foram alcançados pelos perseguidores. David Gaudu (Gourpama-FDJ) atacou o grupo e Colbrelli tentou acompanhar. No topo, Konrad tinha uma vantagem de 20 segundos para o Francês da FDJ e o Campeão Italiano da Bahrain.

Mas a descida de Portet D’Aspet é perigosa e tem uma má fama devido ao falecimento de Fabio Casartelli que sofreu um tombo lá, no Tour 1995 e perdeu a vida. Casartelli era ciclista da equipe Motorola, que usava bicicletas Caloi à época e era colega de time de Lance Armstrong, que venceu uma etapa no Tour daquele ano e dedicou a vitória ao companheiro, o último ciclista a morrer durante o Tour de France.

Talvez com esse fato em mente e devido ao fato da chuva aumentar o risco da descida, Gaudu e Colbrelli foram bem cautelosos, permitindo inclusive que a vantagem de Konrad crescesse para 43 segundos. O Campeão Italiano ainda errou uma curva e quase caiu, conseguindo salvar-se no último minuto.

Restavam então 20 km relativamente planos até a chegada, com uma rampa de 800m nos 10 Kms finais. O Campeão Austríaco da Bora conseguiu administrar as energias para manter a distância dos rivais. Gaudu e Colbrelli ainda decidiram esperar o grupo que vinha atrás mas já não havia muitas chances de capturar o líder da etapa, que a 7 Kms da meta carregava 1 minuto e 10 segundos de vantagem.

Patrick Konrad rodou o fim da etapa com tranquilidade e conquistou a terceira (e maior) vitória profissional. Coincidentemente, a terceira vitória na história de um ciclista austríaco no Tour de France.

O grupo de perseguidores observou Pierre-Luc Perichón (Cofidis) atacar mas a disputa pelos pontos na Camisa Verde motivou Sonny Colbrelli e Michael Matthews (Bike Exchange) a ‘esprintarem’ pela chegada. Com isso, o Francês da Cofidis cruzou a linha em quarto enquanto assistia o Italiano da Bahrain conquistar o segundo lugar e o Australiano da Bike Exchange ficar em terceiro.

No grupo dos favoritos, um dia tranquilo com a UAE controlando as ações e nada aconteceu até os quilômetros finais, onde a Cofidis tentou uma aceleração, mas Wout Van Aert (Jumbo-Visma) tomou a ponta e colocou um forte ritmo que quebrou o pelotão do Camisa Amarela, mas sem prejuízo entre os favoritos, que estavam atentos e permaneceram juntos ao líder.

Na entrevista pós etapa, o vencedor do dia declarou:

Esta é minha primeira vitória no WorldTour e na maior corrida do mundo. Estou realmente sem palavras. Esta vitória é para minha família, meus amigos, todos os meus fãs e também para Bora-hansgrohe, que sempre acreditou em mim. Ganhar uma etapa com a camisa de campeão (Austríaco) me deixa muito orgulhoso.

“Já estive em três fugas aqui e estava à espera do final, que nem sempre foi a melhor decisão. Quando Mohoric (Bahrain Victorious) venceu, ele foi muito cedo e quando Mollema (Trek-Segafredo) venceu, ele foi muito cedo, então eu disse a mim mesmo ‘se estiver nessa situação novamente, serei aquele cara’. Eu tentei e estou feliz que deu certo. ”

A declaração de Konrad comprova a regra deste Tour: todas as etapas foram vencidas por um ataque solitário ou em um sprint massivo. Nenhuma até hoje foi vencida em disputa de um grupo pequeno de ciclistas. E com mais cinco etapas, sendo duas de montanha, duas planas e um contrarrelógio individual, este deve mesmo ser o tour das vitórias em fuga solo.

Agora, seguimos para dois dias de alta montanha com chegadas ao alto nos Pirineus. O Tour entra na reta final e Paris está cada vez mais perto. Se alguém ainda tem esperanças de derrotar Pogačar ou conquistar lugares no pódio, terá de ir ao ataque, pois o tempo está acabando.

Amanhã, uma trinca de montanhas duras com Col de Portet no final. Quinta, o combo Tourmalet + Luz Ardiden. Não tem mais etapa descartável. Agora, todas são imperdíveis. Rumo a Paris!

(Fotos: A.S.O)

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