Ainda sem corrida vou continuar falando de eventos históricos para o ciclismo português e falarmos de uma das corridas que mais marcaram o ciclismo tuga: a Clássica Porto-Lisboa.

A clássica foi uma prova de ciclismo que era realizava todos os anos no dia 10 de Junho, dia de Portugal e se disputava entre as duas principais cidades portuguesas: Porto e Lisboa num total de 330 km, com duração de cerca de 8 a 9 horas (cerca de 17 horas nas primeiras edições), sem que existisse pausa ou interrupção e sendo considerada a segunda corrida clássica mais longa do mundo, após a Bordeaux-Paris (560 km), cuja última edição foi realizada em 1988.

Antes da criação da Volta a Portugal, esta era a prova a rainha das competições de bicicleta em Portugal, que arrastava multidões para as estradas para ver o pelotão passar, com especial foco nas passagens pela subida de Santa Clara, em Coimbra; a rampa das Padeiras, em Alcobaça; as lombas de Vila Franca do Rosário, perto da Malveira, e à entrada em Lisboa na Calçada de Carriche.

Foi durante muitos anos uma das corridas mais importantes do ciclismo português e até do ciclismo europeu. Em Portugal perdeu algum protagonismo ao longo dos anos, principalmente com o surgimento da Volta de Portugal, e infelizmente para todos, esta grande clássica terminou em 2004.

Charles George, o vencedor da primeira Porto-Lisboa em 1911

Nesta primeira edição  a vitória a pertenceu ao francês Charles George (Lusitano), com o tempo de 17 Horas, 48 minutos e 34 segundos. Após as duas primeiras edições em 1911 e 1912, a Clássica Porto–Lisboa só viu a sua terceira edição na estrada em 1918. A história desta clássica fica marcada pelos vários interregnos devido a crises financeiras e guerras.

Charles George (1911), Godefroot (1967), Eric Leman (1968), Oleg Logviin (1992), Cássio Freitas (1996), Atanas Petrov (1998), Melchor Mauri (2000) e Unai Yus (Cantanhede) foram os 8 estrangeiros que venceram nesta Clássica dominada pelos corredores lusos.

Memória Portista: Efeméride: Vitória de Joaquim Leite na clássica de ciclismo Porto-Lisboa, em 1970

Fernando Mendes (Benfica), João Francisco (Campo de Ourique e Belenenses), José Maria Nicolau (Benfica) e Alexandre Ruas (Coelima e FC Porto) são os recordistas de vitórias na prova com 3 vitórias cada. Outros enormes nomes do ciclismo nacional venceram esta clássica: falo de Marco Chagas, de Venceslau Fernandes, de Américo Silva ou de Cândido Barbosa, são alguns exemplos de nomes que ergueram os braços em Lisboa nesta mítica corrida

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Eduardo Lopes chegou a ter o recorde, quando conseguiu vencer em 10 horas no ano de 1942. O melhor tempo da Porto–Lisboa pertence ao espanhol Melchior Mauri que em 2000, então ao serviço do Benfica, gastou 7h 56m 27 seg.

Em 2002 a clássica foi disputada num formato diferente em um percurso dividido em três sectores: Porto-Coimbra (113,5 Km), Coimbra-Caldas da Rainha (123,5 Km) e Caldas-Lisboa (96 Km). Cada corredor só podia cobrir um setor, mas essa mudança apenas ocorreu naquele ano e no ano seguinte a “normalidade” foi retomada, porque teve pouca aceitação. Curiosamente em 2003 a corrida terminou no Estádio do meu time, o Sporting Clube de Portugal e foi mesmo o último evento no nosso estádio, lugar onde celebramos vitórias de Joaquim Agostinho ou onde Eddy Merckx, passeou o seu nome mítico em festivais de exibição.

A 74ª edição em 2004, marcou o ultimo ano desta clássica que marcou gerações e que tanta falta faz no ciclismo português. Mesmo que o formato pudesse ser revisto, era uma clássica que iria ajudar muito, pois o calendário português é muito curto e fazem falta mais corridas, ainda mais uma clássica desta dimensão. O regresso já foi falado por diversas vezes mas nunca levado a sério. Nesta última edição, o vencedor foi Pedro Soeiro que havia vencido também no ano anterior, batendo o Luis Pinheiro e o espanhol Pedro Fernandez.

Clássica Porto-Lisboa abandona calendário - Ciclismo - Jornal Record
Pedro Soeiro vence a última edição da Clássica Porto – Lisboa

Com a temporada 2021 quase a chegar, fico aqui com mais um pouco sobre a história do ciclismo português e como sempre falando ainda de outras modalidades, desta vez foi o voleibol. Desejar um ótimo 2021 para todo o mundo, esperar que todos estejam bem e que todo o mundo goste. Até Fevereiro para mais ciclismo português e mais outros esportes! 🙂


José Andrade é português de Santarém e torcedor do Sporting CP. Amante dos mais diversos e esquisitos esportes, inclusive ciclismo.

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