Depois do anúncio da contratação de um atleta do ski alpino para integrar o time da Bora-Hansgrohe e conferir ao mesmo tempo a rivalidade de Mathieu Van der Poel e Wout van Aert tanto na estrada quanto na lama do Cyclocross, é cada vez mais comum encontrar ciclistas do pelotão principal que começaram suas carreiras em outras modalidades esportivas.

Reunir técnicas mistas, parece ser o caminho para se tornar um campeão mais completo. Com a ajuda do El Sello Ciclista, selecionamos 10 ciclistas do pelotão profissional que começaram suas carreiras muito longe das magrelas. Confira essa lista agora:

1. Tao Geoghegan Hart
(Ineos Grenadier)

Sem dúvida o nome mais difícil de se pronunciar no pelotão, o britânico começou sua carreira esportiva como atleta da natação e diz que a exigência e dedicação dos treinamentos na piscina foram os responsáveis por torná-lo um atleta mais duro sob as duas rodas. Muito antes de vencer o Giro d’Italia 2020, com apenas 13 anos e acompanhado de outros 5 nadadores, ele cruzou o Canal da Mancha entre a Inglaterra e a França nadando nada menos que 34 km em mar aberto e completou a façanha em 11h 34 min! Será que ele sofre menos hoje na bike? Duvido!


2. Greg Van Avermaet
(AG2R Citroën Team) 

O Campeão Olímpico na Rio2016, campeão da Paris-Roubaix e de muitas outras etapas no Tour de France, quem diria, foi até os 16 anos goleiro titular de futebol em um time de Flandres! No Beveren FC que atualmente disputa a primeira divisão belga, mas vindo de uma família de ciclistas, não teve muito jeito. Seu pai Ronald Van Avermaet foi ciclista profissional e o seu avô, Aimé van Avermaet foi gregário do Fausto Coppi! Seus pais eram tão fãs do ciclista americano Greg LeMond que acabaram por batizá-lo com o mesmo nome. Para sorte de todos, ele terminou no ciclismo.


3. Rohan Dennis
(Ineos Grenadier)

O Campeão Australiano, Bicampeão Mundial de Contra-Relógio, com vitórias no Tour de France e um dos grandes destaque da INEOS durante o último Giro d’Italia, é outro atleta vindo da natação e que competiu até os 16 anos. Ao participar de um programa de avaliação do governo australiano (TIP – Talent Identification Program) que visita escolas na busca por identificar e direcionar crianças para esportes que elas já tenham uma pré-disposição fisiológica, Dennis foi indicado a praticar o ciclismo e achando que poderia ser divertido e complementar para a natação, seguiu a recomendação, mas depois de 3 meses, ele largou as piscinas para se dedicar exclusivamente ao ciclismo. Ainda bem!


4. Primoz Roglic
(Jumbo-Visma)

O campeão esloveno e atual vencedor da Vuelta da Espanha, tem a sua trajetória bastante conhecida. Roglic chegou a ser Campeão Mundial Juvenil de Salto de Ski Alpino, mas a medida que ia avançando na categoria, muito competitivo, percebeu que nunca iria chegar no nível dos melhores. Além disso, uma queda feia ocorrida em 2007, apesar de não ter tido graves consequências (quebrou o nariz e 4 costelas), mudou a sua relação com o esporte e por consequência, o fez abandonar definitivamente a sua carreira na neve. Participou ainda de pequenas provas de Duathlon e Triathlon até escolher de vez o ciclismo. Em apenas 6 meses de treinamento, já passou a se destacar nas competições nacionais e culminou 202o sendo escolhido o melhor ciclista do ano pela UCI e pela Vélo Magazine.


5. Michael Woods
(Israel Start-Up Nation)

O canadense Woods começou sua carreira esportiva como um excelente atleta do atletismo de pista, onde chegou a ser Campeão Juvenil Panamericano dos 1500m aos 17 anos, mas as seguidas lesões o fizeram passar mais tempo em períodos de recuperação na bicicleta ergométrica do que correndo na pista. Como acelerava bem, resolveu fazer a troca do esporte. Em 2019 ele venceu a corrida clássica mais antiga, a 100ª edição de Milano-Torino e para a temporada deste ano ele se juntará a Israel Start-Up Nation em um contrato de três anos.


6. Sepp Kuss
(Jumbo-Visma)

O americano Sepp Kuss competiu como jogador de hockey até os 16 anos, mas muito franzino para um esporte que exige muita massa e força muscular, foi incentivado pela mãe, grande fã de ciclismo, a trocar o taco pela bicicleta. Experimentou primeiro o MTB até chegar a ser um dos principais gregários da Jumbo-Visma no Tour de France em 2020. Nesse vídeo ele conta um pouco dessa história.


7. Remco Evenepoel
(Deceuninck–Quick-Step)

O ‘menino abusado’ também tem uma história que todos conhecem ligada ao futebol. Jogou no Anderlecht e no PSV Eindhoven na Holanda e chegou a integrar a Seleção Nacional Belga, antes de se tornar uma das maiores promessas e estrelas do ciclismo mundial atualmente. Pra nossa sorte, ele percebeu antes que não seria um dos grandes com a bola nos pés. Já sob a bike, após sofrer um grave acidente na Il Lombardia ano passado, ele parece renovado e pronto para o recomeço dessa temporada e por que não, reinício na sua (nova) carreira.


8. Richie Porte
(Trek–Segafredo)

O ciclista australiano, muito antes de chegar ao 3º lugar no Tour de France 2020, foi nadador e triatleta até os 21 anos em seu país. Vindo de uma família de nadadores, o ciclismo passou a ser sua principal modalidade por achar mais divertida. Começou a ganhar competições regionais até ter seu potencial percebido por Bjarne Riis que acabou contratando-o para ser nada mais nada menos que gregário de Alberto Contador na Saxo Bank (2011). Porte ainda hoje treina semanalmente a natação como uma das suas principais atividades de recuperação.


9. David de la Cruz
(UAE Team Emirates)

O espanhol David de la Cruz também tem sua história iniciada no atletismo. Se dedicou a modalidade até o segundo período juvenil,  onde era seguidamente selecionado para competições, mas resolveu tentar a sorte no ciclismo e já na segunda corrida que participou acabou vencendo. Estava feito o novo caminho. Após as duas últimas temporadas no time Sky/Ineos, ele agora faz parte da UAE Team Emirates.


10. Javier Romo
(Astana–Premier Tech)

Esse atleta espanhol de apenas 21 anos era triatleta até outro dia, mas por falta de provas de triathlon em 2019 por conta da pandemia, focou nas provas de ciclismo e acabou por se tornar Campeão Espanhol de Ciclismo de Estrada sub-23! O que acabou por chamar a atenção de uma equipe ProTour e contratado pela Astana para a temporada deste ano. Wow!

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