Segundo matéria publicada na Road.cc, o diretor da Quick Step-Alpha Vinyl, Patrick Lefevere disse em entrevista que o documentário da Netflix, pode levar o esporte “para o próximo nível”. Segundo ele, as filmagens começarão já na próxima semana, mas acrescenta que o dinheiro atualmente oferecido às equipes é “amendoim”.

Um documentário da Netflix nos bastidores da 109ª edição deste ano do Tour de France, pode trazer para a maior corrida de ciclismo do mundo e principalmente para o esporte, uma exposição nunca antes alcançada e a ideia da produtora de filmes e maior plataforma de streaming do planeta, é a de realizar uma produção semelhante ao enorme sucesso da série Drive to Survive, que retrata o mundo da Formula 1 e que foi lançado em 2019 – embora exista a possibilidade da temporada 2022 ser a última.

Cerca de oito equipes estão em negociações para participar da série: AG2R Citroën, Alpecin-Fenix, EF Education EasyPost, Ineos Grenadiers, Jumbo-Visma, Movistar e Quick-Step Alpha Vinyl, Movistar ​​– a ausência até aqui de maior destaque, é claro, a UAE Team Emirates, time de Tadej Pogacar.

Os vídeos dos bastidores sempre fazem sucesso, independentemente da plataforma. As pessoas tem curiosidade pelo o que se passa além da corrida. Tanto que hoje praticamente todas as equipes contam com sua própria equipe de audiovisual para a produção de conteúdos exclusivos para fomentar as suas redes sociais. A série Backstage Pass da Team BikeExchange e ainda as produções de ‘Behind the Scenes’ da Ineos Grenadiers são algumas delas.

E claro, como esquecer do ‘O dia menos esperado’ da Movistar, a série da Netflix com a equipe espanhola durante as temporadas 2019, 2020 e 2021. A Jumbo-Visma fez também uma parceria com o canal de TV holandês NOS para documentários Fly-on-the-Wall nos últimos dois anos e também está conversando com a Amazon Prime para aparecer em sua série All or Nothing, que até agora se concentrou principalmente na NFL e no futebol.

O potencial de garantir uma renda extra por meio da produção de séries em plataformas digitais, já é uma estratégia usada por diversos times de futebol, com enorme sucesso e que lhe garantem ainda mais exposição, novos negócios e proximidade com os fãs. E no caso do ciclismo, isso não será diferente. Estas também são uma as principais atrações para as equipes, embora o quanto elas se beneficiariam financeiramente seja questionável.

A ASO tem um histórico de guardar a sete chaves, as enormes somas que recebe das emissoras e evita qualquer abordagem de compartilhamento de receita, e de acordo com a Cycling News, 50.000€ é a a oferta atual para cada uma das equipes embarcarem no projeto. Segundo o Telegraph, as principais recompensas financeiras para as equipes provavelmente virão mais adiante. Se o sucesso acontecer, como aconteceu com a série da Fórmula 1, isso atrairá novos fãs para o esporte e assim, esse potencial será elevado e em última análise, levará este formato de temporada como uma vitrine para outras corridas, como os outros GTs (Giro d’Italia e Vuelta a Espana) e as Clássicas da Primavera.

Patrick Lefevere, confirmou em sua coluna semanal no jornal belga Het Nieuwsblad que sua equipe participará da série e comentou ainda sobre a não participação do time árabe da UAE Team Emirades:

O UAE Team Emirates não está participando e eu entendo o porquê. Financeiramente – certamente para as equipes – é um amendoim. A ASO passa primeiro na caixa registradora e depois, como sempre, sobra pouco. Prometi agora verbalmente, mas com moderado entusiasmo e reservas. Se a taxa para as equipes não aumentar no futuro, não vale a pena.” – Patrick Lefevere

Lefevere reconheceu que o acesso aos bastidores pode ter suas armadilhas – como quando o seu diretor esportivo Davide Bramati foi filmado de dentro do carro da equipe, comemorando uma vitória de etapa de Tony Martin, para em seguida ser suspenso por um dia na corrida, após a ASO notar na filmagem da equipe postada nas redes sociais, que ele não estava usando cinto de segurança.

Patrick Lefevere

“Eu sei como é com documentários como este. Os acordos são feitos antecipadamente sobre quem e o que pode ser filmado, mas sempre se resume à mesma coisa: você aperta a mão e eles querem um braço. Você já pode ver isso: nos comprometemos com um projeto nos bastidores durante o Tour e na próxima semana – meados de março – eles filmarão o nosso curso de serviços. Não faço ideia do que isso tem a ver com o Tour. – Patrick Lefevere

“É claro que, como esporte, temos que fornecer conteúdo que vá além do resumo da corrida”, continuou. Para usar outro termo de marketing, deve ter storytelling. A história por trás do desempenho, a pessoa por trás do atleta… Se você remover todo o atrito, estará mostrando algo que todos sabem que não é realista. Idealmente, a próxima série da Netflix leva todo o mundo do ciclismo para o próximo nível. E então espero que a contribuição para as equipes aumente de acordo. Se não, farei minha própria série novamente”, acrescentou. “E vai para quem pagar mais no mercado.”

Falaremos mais sobre esse assunto no próximo #TacoPapo

O próximo #TacoPapo que acontece neste domingo (13) irá tratar com ainda mais detalhes e opiniões deste assunto, com a presença do locutor e comentárista Sidney White, o Bacana, que já trabalhou como locutor das corridas na GCN e participará com a gente nesta conversa. E queremos contar com você também neste papo, enviando perguntas através das nossas redes sociais com a hashtag #TacoPapo.

Não perca esse episódio que contará também com a participação do Daniel Guth, Diretor Executivo da Aliança Bike, para comentar e discutir com a gente sobre o projeto apresentado pela Prefeitura de São Paulo, de se construir uma ciclovia no canteiro central da Rodovia dos Bandeirantes. Não perca!

Fonte: matéria originalmente publicada na Road.cc e editada para o BikeBlz.
Foto: DCL “650” on Unsplash 

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