O primeiro Esloveno na história a vencer a Milão-Sanremo, não foi Tadej Pogacar (UAE), nem Primoz Roglic (Jumbo-Visma), mas o atual Campeão Nacional, o ‘kamikase’ Matej Mohoric (Bahrain Victorious) que atacou na descida do Poggio, para vencer a 113ª edição, da primeira Monumento da temporada. Cruzando a linha de chegada da Via Roma em primeiro lugar à frente de Anthony Turgis (TotalEnergies) e Mathieu Van der Poel (Alpecin-Fenix). Uma vitória de arrepiar. Falando segundos após o fim da prova, Matej Mohoric disse:

Estive pensando nesta corrida durante todo o inverno. Trabalhei para estar em boa forma para a Milão-Sanremo, apesar de ter ficado doente em fevereiro e ter caído na Strade Bianche. Nunca deixei de acreditar que poderia vencer. Meu plano era fazer a minha melhor descida e arriscar um pouco. Eu fui cheio de gás. É incrível vencer Milão-Sanremo!”

Matej Mohoric venceu de maneira espetacular a Milão-Sanremo ao se afastar do grupo de favoritos na descida do Poggio. Em uma velocidade vertiginosa, assumiu todos os riscos da descida, poderia ter caído por duas vezes, mas fazendo uso de um espigão de ajuste de selim, nunca usado antes no ciclismo de estrada, se tornou o primeiro Esloveno a vencer a corrida.

A corrida de 298 km, começou com uma fuga quase assim que começou, formada por oito ciclistas de equipes menores, com o objetivo de obter alguma promoção em troca do esforço extra. Filippo Conca (Lotto Soudal), Samuele Rivi e Diego Pablo Sevilla (EOLO-Kometa), Filippo Tagliano e Ricardo Alejandro Zurita (Drone Hopper–Androni Giocattoli), Yevgeniy Gidich e Artyom Zakharov (Astana) e Alessandro Tonelli (Bardiani-CSF-Faizanè).

O pelotão controlava a fuga, mantendo uma diferença sempre menor que 7 minutos. Com 36 km pro final, Tom Pidcock (Ineos Grenadiers) ficou para trás na subida do Capo Berta e Peter Sagan (TotalEnergies) sofreu uma problema mecânico perto da subida do Cipressa, com pouco menos de 30 km para o final e a diferença do pelotão para a fuga, ia diminuindo à medida que a inclinação aumentava.

Com pouco mais de 9 km do fim, Pogacar tentava atacar constantemente, mas não o suficiente para abalar o grupo formado por Søren Kragh Andersen (DSM), Mathieu van der Poel e Wout van Aert. E então, quando a descida de Poggio se aproximou, do nada foi a vez de Mohoric atacar!  Equipado com seu espigão de selim ajustável, que supostamente foi projetado para ajudá-lo a abaixar seu centro de gravidade enquanto descia o mais rápido possível, como um louco, conseguiu manter a diferença e cruzar a linha de chegada em primeiro lugar, conquistando a vitória da primeira Monumento da temporada.

O vencedor Matej Mohoric disse:

Tínhamos um plano durante todo o inverno para usar um espigão de MTB, mas muito mais leve. Como o Poggio tem uma descendência muito técnica, combina comigo, então estava aberto à ideia, mas queria experimentá-lo primeiro nos treinos. Fiquei surpreso com o quão rápido eu poderia ir. Portanto, eu estava ansioso para a corrida. Bati atrás do Julian Alaphilippe na Strade Bianche. Machuquei muito o joelho. Um ligamento estava inflamado. Mas sou muito teimoso. Eu não desisti!

 

Finalmente consegui fazer um treinamento adequado na quarta-feira e sempre dizia a mim mesmo que os outros caras também estavam tendo problemas como doenças. Na descida do Poggio, fiquei super focado o tempo todo. Saí da estrada quando ataquei, mas pulei de volta no asfalto. Na segunda vez eu escorreguei nas duas rodas e perdi muito tempo lá também. No plano deixei cair minha corrente na última esquina. Talvez eu tenha pressionado demais e deveria ter mantido alguma energia, mas estou feliz por ter conseguido”. – Matej Mohoric

O vice-campeão Anthony Turgis (Total Energies) também disse: “Subir na cerimônia do pódio já é uma coisa boa. Mas mais uma vez, o primeiro lugar estava ao alcance. Estou um pouco decepcionado, mas é uma recompensa pelo dia da equipe. Peter Sagan (Total Energies) teve um problema mecânico, então alguns ciclistas foram convidados a esperar para trazê-lo de volta. Então a corrida foi muito difícil e formou-se um grupo com os ciclistas mais fortes. Milão-Sanremo é uma corrida soberba. Quanto mais nos aproximamos do final, mais difícil fica. Espero poder ganhar um dia.”

O terceiro colocado Mathieu Van der Poel (Alpecin-Fenix) falou:

“Mesmo que eu não fosse correr, ainda estou desapontado. Talvez os grandes favoritos estivessem no sprint para o terceiro lugar, é uma pena não termos conseguido a vitória hoje. Milão-Sanremo é uma corrida muito difícil de vencer. De repente, Mohoric abriu. Eu não esperava que ele fosse fazê-lo. Havia Pogacar em sua roda. Todos nós sabemos que Matej pode fazer descidas rápidas, mas pensei que o grupo era grande o suficiente para alcança-lo. Ele merece a vitória.

 

Também houve falta de cooperação atrás. Fomos três ciclistas com Pedersen e Van Aert que realmente tentaram diminuir a diferença. Precisamos de um ou dois companheiros de equipe para fechar para gente. Espero voltar para vencer, mas estou envelhecendo e esta é uma chance perdida novamente.” – Mathieu Van der Poel 

Matej Mohoric é o primeiro vencedor Esloveno da Milão-Sanremo. Esta é sua 16ª vitória profissional, mas apenas seu segundo triunfo em corrida de um dia após o GP Larciano de 2018, também na Itália. Ele já é um vencedor de etapa de cada um dos três Grand Tours. Com 45.331 km/h (293km em 6h27’49’’): este é o segundo tempo mais rápido já alcançado na Milão-Sanremo, depois dos 45.806km/h feitos por Gianni Bugno em 1990. Todos os três ciclistas no pódio de hoje têm 27 anos: Mohoric 27 + 5 meses, Turgis 27 + 3 meses, Van der Poel 27 + 2 meses.

Fotos: LaPresse – D’Alberto / Ferrari / Alpozzi / Tim De Waele – Getty Images


O espigão de selim de altura ajustável, usado por Mohoric

Os espigões de selim em corridas de bicicleta profissionais não são novidade – no circuito de Mountain Bike, mas um espigão de selim do tipo‘dropper post’ em uma bicicleta de estrada? Bem, Vincenzo Nibali tem uma em uma de suas bicicletas sobressalentes. Como um dos melhores ciclista de descidas do pelotão, o italiano provavelmente aprecia o dropper post’  pela mesma razão que os ciclistas de MTB; isso facilita o movimento das bicicletas nas descidas e você pode reduzir o peso enquanto mantém contato com o selim.

A descida do Poggio é na grande maioria das vezes o campo de batalha decisivo na Milão-Sanremo e Matej Mohoric lançou um ataque pré-planejado exatamente lá, para ganhar a Monumento de abertura da temporada 2022 – usando um ‘dropper post’ . O Esloveno desceu o Poggio como um ‘kamikase’ e ficou bem perto de cair por duas vezes, mas foi capaz de manter a velocidade e a distância para o grupo perseguidor até a linha de chegada.

Mohoric normalmente usa a bicicleta de estrada aero da Merida, a Reacto, mas mudou para a all-rounded Scultura para a Milão-Sanremo, exatamente por causa do espigão de selim. Pois enquanto a Reacto tem um poste de selim em formato aerodinâmico, a Scultura tem um espigão redondo, comum que permitiram que os mecânicos da equipe trocassem por um espigão do tipo‘dropper post’.

Os ‘dropper post’ são vistos quase exclusivamente no MTB e permitem que o ciclista abaixe a altura do selim ao apertar de um botão, abaixando o centro de gravidade e ganhando em aerodinâmica ao mudar de posição em terrenos íngremes ou técnicos. E o equipamento também estão ganhando popularidade em bicicletas de gravel – principalmente aquelas voltadas para um gravel mais extremo, mas é a primeira vez que se vê ele sendo usado para este efeito no pelotão profissional.

Com a proibição da UCI em 2021 da posição ‘super-tuck’, popularizada por Chris Froome, a vitória de Mohoric na Milão-Sanremo poderá abrir caminho para que os‘dropper post’  apareçam com mais regularidade em eventos com descidas potencialmente vencedoras de corridas. Ou pelo menos até a UCI também o proibir…


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