Fãs e amantes do esporte, seja do asfalto ou na lama, aprenderam a seguir e admirar o belga Wout van Aert. E exceto para os mais excêntricos fãs do time Ineos Grenadiers, o boato que circulou na semana passada de que o time britânico estava de olho no menino, causou arrepios em muita gente.

Com contrato válido até o fim da temporada de 2021, van Aert este ano, como parte das ‘abelhas assassinas’ da Jumbo Visma, triturou Egan Bernal no Grand Colombier, no Tour de France, onde ainda ganhou duas etapas (5ª e 7ª). Chegou em primeiro na Strade Bianchi e na Milan-Sanremo, fez 2º na Ronde van Vlaandere/Tour de Flandres e também no Mundial de Ímola. Fez ainda 3º na Milan-Torino e ganhou a classificação por pontos e uma etapa (1ª) da Critérium du Dauphiné e para completar, faturou também o Nacional Belga de ITT. Tá bom ou quer mais?

Portanto, não é de se estranhar que a Ineos queira tê-lo no seu super time. Sem Chris Froome e Geraint Thomas com contrato terminando em 2021, não faltará, como nunca faltou, dinheiro para Dave Brailsford, diretor do time britânico, tentar realizar seu sonho.

Van Aert é o mais recente ‘pau-pra-toda-obra-e-terreno’ do ciclismo, capaz de escalar montanhas e atravessar paralelepípedos lamacentos com igual confiança. E a Ineos nunca venceu o Tour de Flandres, nem a Paris-Roubaix, duas corridas que van Aert parece destinado a dominar na próxima década.

Foto: Jumbo Visma

Não é difícil de imaginar que na Ineos, com Bernal, Richard Carapaz, Rohan Dennis e Filippo Ganna fazendo parte do trem, Aert seria capaz de rebocar os escaladores para as mais altas montanhas das grandes voltas e dar na cabeça do pelotão, subindo marcha até a meta ou deixando os quilômetros finais para os ‘colombianos’ terminarem o trabalho.

Mas não importa para onde van Aert vá! Ele provavelmente se tornará um dos ciclistas mais bem pagos do pelotão, superando talvez nomes como Peter Sagan e Froome nos próximos anos. E não faltará equipes dispostas a pagar muito por seus resultados futuros. E embora ele já esteja no topo dessa pirâmide, o potencial na estrada de Van Aert permanece ainda um tanto quanto inexplorado. Na verdade, ele nunca correu uma temporada completa do WorldTour.

Quando Van Aert se juntou ao Jumbo-Visma em 2019, ele correu apenas 31 dias no asfalto. Antes da pandemia, seus companheiros de estrada competiam 100 dias ou mais em uma temporada, mas ele é novo, ambicioso e parece pronto para dominar o pelotão.

A perspectiva de perder o diamante bruto pressionará a Jumbo-Visma para que encontre dinheiro suficiente para mantê-lo a bordo. E claro, não há nada que impeça Van Aert de faturar com seu valor de mercado. E sem qualquer tipo de restrição de orçamento ou tetos salariais, nada impede que a Ineos venha efetivamente contratá-lo.

Foto: Anne-Christine Poujoulat / AFP

Mas, para o bem das corridas, esperemos que ele não aceite!

Por que o Tour de France 2020 foi o mais interessante dos últimos anos? O principal motivo foi porque ‘os abelhas’ da Jumbo-Visma fizeram pela primeira vez em anos, a Ineos ter algum adversário. A equipe britânica venceu ‘só’ sete das oito camisas amarelas anteriores. Claro, Primož Roglič não ganhou, mas Jumbo-Visma deixou Paris já planejando o Tour do próximo ano.

Mas talvez seja preciso mais que dinheiro para tirar Van Aert da Jumbo-Visma. Ao que tudo indica, ele parece feliz na atual equipe que lhe dá uma liberdade pouco provável de acontecer caso ele vá para a Ineos. Deixando-o correr seu calendário no Ciclocross e completamente livre para seguir em perseguições nas Clássicas que disputa, como aconteceu na Milan-Sanremo e na Strade Bianchi.

Aconteça o que acontecer, a Jumbo-Visma terá um problemão na próxima temporada quando for renovar os seus contratos. O orçamento da equipe é cerca de metade dos granadeiros da Ineos, e embora tenha nomes como Roglič e Tom Dumoulin, sob contrato até 2023 e 2022, respectivamente, Steven Kruijswijk e Sepp Kuss também estão com contratos à vencer em 2021. Portanto, Van Aert não será o único ciclista da Jumbo-Visma atraindo a atenção de outras equipes.

Kuss também é outro que com certeza receberá ofertas em 2022. Após duas temporadas incríveis, muitos acreditam que Kuss poderia se tornar um candidato a a vencer um Grand Tour. E com os fãs no pouco servido mercado dos EUA estão ansiosos por ter alguém ostentando a sua bandeira no pelotão, seu valor de mercado tende a aumentar proporcionalmente.

A Jumbo-Visma fez um trabalho louvável recrutando e construindo sua base do zero para construir uma das melhores equipes do WorldTour. E esperamos que eles tenham grana suficiente para manter o elenco unido para continuar lutando pela camisa amarela. E para isso é importante manter Van Aert no time. Ver Van Aert competindo com uma camisa Ineos Grenadiers pode ser demais para alguns fãs. Por isso peço:

Wout, diga que não é assim. Pelo bem do ciclismo, e reforçando o pedido de Andrew Hood, por favor não vá!

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