14ª Etapa. Uma guerra é travada no Giro d’Itália e Richard Carapaz ataca de longe para terminar o dia vestindo a Camisa Rosa. Poderíamos estar falando da edição 2019, com final em Courmayeur, onde o Equatoriano (agora correndo pela Ineos-Grenadiers, mas naquela época, pela Movistar Team) fez a diferença para conquistar a liderança da corrida e se distanciar dos rivais. Mas não é. É o Giro d’Italia 2022, apesar de a história parecer se repetir. Hoje, Carapaz não foi o vencedor da etapa, mas chegou em um grupo com os rivais bem perto de si. A vantagem para o segundo colocado também é de 7 segundos. Em 2019, era Primoz Roglic. Hoje é Jay Hindley (Bora-Hansgrohe). A verdade é que a Guerra pelo troféu Senza Fine pegou fogo no caminho para Turim e promete não parar mais até Verona. Habemus Giro!

Richard Carapaz conquista a Maglia Rosa na Etapa 14, assim como em 2019, quando a manteve até o final, em um Giro que também terminou em Verona. Esta é sua nona Maglia Rosa.

Carapaz assume a liderança do Giro d’Italia 2022

Bora mostra as garras e deixa vítimas pelo caminho

Era previsto para ser uma etapa dura. Com 147 quilômetros e mais de 3.000m de elevação acumulada, 5 subidas categorizadas, sendo duas, parte de um loop final, contendo Superga (escalada tradicional da Milano-Torino) e o Colle della Maddalena. Tinha toda a cara de uma Clássica, meio ao estilo da etapa do sábado anterior, em Nápoles. Mas se naquela ocasião, vimos os especialistas deste tipo de prova disputando a vitória, hoje foi uma guerra franca e aberta pela Maglia Rosa e o título da Classificação Geral do Giro.

Talvez desavisado da realidade do cansaço acumulado e a capacidade dos atletas que disputam a vitória geral, Mathieu Van der Poel (Alpecin-Fenix) atacou logo de largada e a 145 quilômetros do fim. Mas um padrão começa a se desenhar aqui: Van der Poel, apesar de ter uma capacidade física espetacular, começa a perceber que mesmo ele tem limites e não vai ser capaz de continuar se descolando do pelotão tão facilmente depois de tantos dias de batalha. Foi capturado e inúmeros rivais tentaram atacar. Natnael Tesfatsion (Androni), Rein Taaramäe (Intermarché), Pascal Eenkhoorn (Jumbo-Visma) e muitos outros.

Simon Yates ataca para a vitória

A disputa pela fuga era eletrizante e simplesmente não parava com ataques e contra-ataques, pelotão perseguindo, buscando, quebrando. Tom Dumoulin (Jumbo-Visma) ficou para trás restando ainda 100 quilômetros até o fim. O Holandês da Jumbo abandonou com dores nas costas. E quem sofria no pelotão, era o líder da corrida, Juan Pedro Lopez (Trek-Segafredo). Grupos se formavam e eram alcançados. Até que ficou claro: não haveria trégua hoje.

Um grupo de 12 atletas escapou depois de mais de 50 quilômetros de ataques e contra-ataques e nunca chegou a ter uma vantagem muito grande. Ainda restando 60 para o fim, a Bora assumiu o pelotão e impôs um ritmo infernal. João Almeida (UAE) começou a ter dificuldades e a ficar para trás na primeira passagem pela Superga. O Português se recuperou, mas diversos atletas sobraram do grupo, entre eles, Alejandro Valverde (Movistar Team), Thymen Arensman (DSM), Guillaume Martin (Cofidis), Bauke Mollema (Trek-Segafredo) entre outros. A corrida simplesmente explodiu e na frente, apenas 12 ciclistas com três atletas da Bora (Wilco Kelderman, Emanuel Buchmann e Jai Hindley), dois da Bahrain (Pello Bilbao e Mikel Landa), dois da Intermarché (Jan Hirt e Domenico Pozzovivo) e isolados sem equipe, Richard Carapaz, João Almeida, Simon Yates (Bike Exchange), Juan Pedro Lopez e o surpreendente Vincenzo Nibali (Astana).

O trio da Bora seguia fazendo a corrida como queria. Kelderman manteve a velocidade média da corrida acima dos 40 km/h mesmo com todas as duras subidas que escalaram. Ao entrarem na volta final do loop de Superga e Colle della Maddalena, Kelderman e Jan Hirt não aguentaram mais o ritmo da frente de prova. Pozzovivo, João Almeida e Simon Yates sobraram logo em seguida, momento em que Carapaz decidiu atacar. Juanpe Lopez respondeu, para logo em seguida quebrar. O Espanhol da Trek via a Maglia Rosa finalmente escapar de suas mãos. Seu compatriota, Mikel Landa, teve dificuldades logo depois também.

Meu plano original era fazer a fuga hoje, mas não funcionou dessa maneira. Na parte final tive a vantagem de não estar mais correndo pela GC, mas vim aqui para ganhar o Giro. Esta é a minha sexta vitória na etapa. Não compensa minha decepção com o tempo perdido no Blockhaus. Falta uma semana, mas hoje foi um grande esforço. Não sei se tenho algo sobrando para a última semana.” – Simon Yates

A luta pela Camisa Rosa pega fogo

Carapaz acelerou novamente, enquanto João Almeida reconectava ao grupo, junto com Buchmann, que também tinha sobrado. O Equatoriano tinha ainda quase 30 quilômetros pela frente para rodar sozinho, mas talvez esse fosse o momento de estabelecer sua liderança e favoritismo, como em 2019. A vantagem chegou a 30 segundos e não havia mais parada. Agora tinha de ir até o fim.

O grupo atrás quebrava e reconectava-se. Em uma hora eram quatro a perseguir, depois mais. Eles sabiam que não podiam deixar o Equatoriano da Ineos abrir vantagem, pois poderia ser fatal. Na segunda passagem pelo Colle della Maddalena, a 15 quilômetros de distância da chegada, Hindley e Nibali atacaram o grupo e alcançaram Carapaz. Yates se juntou a eles logo em seguida. Atrás, Pozzovivo e Almeida reduziram o atraso até 16 segundos no topo da montanha, mas na descida final, novamente o Português da UAE sofreu e perdeu a roda de Pozzovivo.

Nos últimos 5 quilômetros, Yates escapou dos rivais na descida e abriu dez segundos do trio Hindley, Nibali e Carapaz e não foi mais capturado. Segunda vitória de etapa para o Britânico da Bike Exchange. Uma vitória com sabor de prêmio de consolação após ter visto todas suas chances na Classificação Geral desaparecerem. Mais um episódio de um ciclista inexplicável, que em um dia, escala com os melhores e em outro, afunda.

Chegada solo para vencer a Etapa 14 de Simon Yates

Esta é a 6ª vitória no Giro para Simon Yates após três etapas em 2018, Alpe di Mera no ano passado e Budapest Tissot ITT este ano. Ele é o terceiro ciclista britânico a atingir o número de dez vitórias em etapas nos Grand Tours, depois de Mark Cavendish (53) e Chris Froome (14).

No grupo seguinte, Hindley venceu o sprint pelo segundo lugar e conquistou 6 segundos de bônus, enquanto Carapaz, em terceiro, ganhou 4. Almeida limitou as perdas e chegou apenas 30 segundos após o ciclista da Ineos. Foi um dia difícil e João segue perdendo o mínimo possível, mas isso é uma tendência de queda ou será que ele vai inverter a onda nas próximas etapas? Hindley segue surpreendendo, mas não sem antes passar por apuros. Como será nas montanhas mais duras?

Carapaz lidera novamente o Giro, pela primeira vez desde 2019. E na 14ª etapa como foi no ano em que se tornou campeão. Mas não parece ser dominante como estava naquele ano. Segue ofensivo, mas não consegue vencer solo como precisa, para somar mais vantagem. Nada decidido, apesar de algumas baixas na briga pela Geral. A diferença entre o líder e o 8° colocado (Nibali) é menor que 3 minutos. E 3 minutos com as etapas que ainda restam, é basicamente nada. Tudo aberto para as sete etapas finais. O Giro pega fogo e não para mais! Amanhã, mais montanhas e mais guerra! Não perca!

Carapaz veste a Maglia Rosa, coincidentemente na mesma etapa 14 que consquistou o Giro 2019

Foi um dia bem difícil. Bora-Hansgrohe andou agressivamente em uma descida e alguns dos meus companheiros de equipe ficaram presos atrás. Amanhã será uma corrida muito diferente com muito mais montanhas. Teremos que defender. Comparando com a primeira vez que peguei o Maglia Rosa há três anos, tenho mais experiência e uma equipe que me apoia. A última semana será muito competitiva e bastante complicada.” – Richard Carapaz

Fotos: Alpozzi/D’Alberto/Ferrari/Paolone/LaPresse


PRÓXIMA ETAPA

Domingo, 22.05.22

Etapa 15 – Alta montanha (4019 m)
RIVAROLO CANAVESE – COGNE

177 Km

E a segunda semana termina com três grandes subidas. Perfeito para levar algum tempo antes do último dia de descanso.

O PERCURSO
Um colossal palco alpino em todo o Vale de Aosta. Inicialmente, a rota percorre o vale de Canavese e Dora Baltea, até Aosta. O percurso por etapas, em seguida, leva em três longas subidas consecutivas para Pila, Verrogne e Cogne. Com mais de 10 km cada, essas subidas são em estradas largas e bem pavimentadas, com várias curvas no meio. Cada um é seguido por uma descida rápida, com as mesmas características. A mais de 22 km, a subida acentuada de fechamento acaba se tornando um longo falso plano até o final.

QUILÔMETROS FINAIS
Nos últimos 4 km, do centro de Cogne (com um pequeno trecho de laje) até o final, o gradiente gira em torno de 2,5% (aumentando um pouco fora de Cogne). A reta final tem 300 m de extensão, em estrada asfaltada.


Onde assistir ao Giro d’Itália?!

#TacoGiro BikeBlz

Com programas transmitidos AO VIVO todo Domingo às 18hs, com participação de Junimba, Allan Almeida, Adriana Nogueira, Edwin Contreras e convidados, nos nossos canais no Twitter, Youtube, Twitch e Facebook, nós aqui do BikeBlz vamos cobrir o Giro d’Italia em programas especias com participação da equipe do site.

Directv Go/Sky Brasil

Depois de quase duas décadas na ESPN, a transmissão oficial do Giro d’Italia para o Brasil, será feita este ano pelo novo canal de assinatura streaming Directv Go, com a narração de Sidney White e comentários de Leandro Bittar. Será bonito de ver. Requer assinatura.

RAI Internacional

Canal Italiano presente em diversos pacotes de TV por assinatura no Brasil, a RAI faz a transmissão da prova há anos e na língua local.

GCN+

GCN+ é um pacote de assinatura exclusivo de ciclismo, com transmissão do canal Eurosport (disponível apenas em inglês, francês, alemão e italiano). Corridas ao vivo ou por demanda de todas as provas do calendário. Tanto as provas masculinas, quanto as femininas, incluindo a temporada de Cyclocross. As provas têm transmissão geralmente de dois ex-ciclista profissionais: o excelente Sean Kelly (9X campeão de Clássicas Monumento, vencedor da Vuelta a España de 1988 e várias vitórias no Giro di Lombardia, Milan-San Remo, Paris-Roubaix e Liège-Bastogne- Liège) e Brian Smith. Algumas provas recebem também a excelente comentarista holandesa, José Been. Para ver as provas no Brasil é necessário instalar um VPN no navegador/browser, para simular um IP, destravando assim o bloqueio de geolocalização. Não é necessário fazer a assinatura do VPN. A sua versão gratuita atende bem.

Tiz-Cycling

Tiz-Cycling é um site pirata que transmite ilegalmente e de graça o sinal de todas as provas de ciclismo do mundo. As Grandes Voltas (GTs), os campeonatos nacionais, as Clássicas Belgas, Paris-Roubaix, ciclismo feminino, cyclocross. Tudo! Veja a nossa ENTREVISTA EXCLUSIVA com 10 perguntas para o canal Tiz Cycling. Descobrimos que além de norte-coreano, apenas 3 pessoas são responsáveis pelo site. Todos malucos por ciclismo. Só pode.


Horário da corrida

Horário local: 11:30h – 18h
Brasília: 6:30h – 13h

Start list

Confira a lista completa dos ciclistas aqui →


Velogames

Participe da nossa LIGA BikeBlz do Giro d’Itália no Velogames e venha se divertir com a gente com o melhor Fantasy Game de ciclismo. Liga BikeBlz > #13044627

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Hastags da prova: #Giro, #BikeBlz

Mas é legal divulgar canais não oficiais/piratas que fazem a transmissão das corridas?

Sinceramente não. O site BikeBlz recomenda a todos os seus seguidores que comprem os seus devidos pacotes de TV a Cabo ou assine um serviço de streaming disponível, principalmente para garantir a qualidade da transmissão, sem travamentos, imagens em HD e possibilidade de ver as provas quando você bem entender. Mas todos sabem que assistir ciclismo é uma tarefa por vezes hercúlea. Não passa em todo lugar, é difícil acompanhar…não é fácil.

Já foi bem pior pra falar a verdade, portanto por mais que não seja a mais legal das ações, acreditamos que assim, possibilitamos que mais gente tenha contato com o esporte e só assim ele poderá influenciar, crescer e atingir as massas. Em determinado momento, esse espectador passará a ser um seguidor e um consumidor do esporte. Comprará pacotes de TV ou streaming para ter mais qualidade de imagem. Contribuindo com toda a cadeia. Portanto dividir este conhecimento por agora, é o que mais achamos importante. Quanto mais gente tiver acesso ao esporte, seus incríveis atletas, suas lendas e histórias, mais gente ganha. Por isso que compartilhamos tudo isso aqui.


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