Imagine uma associação que luta por um interesse comum. Que compartilha de um mesmo ideal e busca melhorias para todos. Que conta com o apoio de quase 200 mil pessoas espalhadas por todo o país, prestando assistência, seguro e proteção para quem faz parte dele. Que oferece ainda vantagens através de ofertas de parceiros e informações sobre tudo o que você quiser saber a este respeito. E que mantém ainda um olhar atento a tudo o que a indústria e as cidades planejam e que dela fazem parte. Não, não é a ‘Milícia’ de Rio das Pedras no Rio ou a ‘Bancada da Bala’ em Brasília. Estou falando da ADFC ou Allgemeiner Deutscher Fahrrad-Club, em bom português: Clube Geral Alemão da Bicicleta.

Clubes ADFCs espalhados pela Alemanha. São 522 ao todo.

A ADFC é uma entidade não governamental que defende os interesses dos ciclistas e está presente em diversas cidades alemãs. Ela é responsável pelo lobby das bicicletas e por um clube de trânsito que reúne hoje mais de 520 ADFCs pela Alemanha. Funcionando como uma organização de defesa do consumidor e a tudo o que a indústria de bicicletas produz. Se envolvendo diretamente como consultores em políticas públicas quando se trata de melhorar a qualidade de produtos e o planejamento de trânsito nas cidades. Trabalhando como uma organização comprometida com o ciclismo na busca por mais segurança e proteção ambiental no trânsito.

A ADFC é neutra em termos de política partidária, mas partidária quando se trata dos interesses das pessoas que andam de bicicleta. Defendem a ecologia e são comprometidos com uma escolha ecologicamente correta dos meios de transporte e gritam: ‘sempre que houver alternativas, o carro deve parar.’ Oferecem ainda informações para passeios de bicicleta, seja perto ou longe, na Alemanha e na Europa através da Revista Radweld e de passeios de bicicleta, palestras e seminários que sempre organizam.

Manifestação promovida pela ADFC para fechamento de rua nos finais de semana em Grunewald para a prática de ciclismo.

As campanhas para políticas de tráfego, segurança no trânsito, cicloturismo, educação no trânsito, proteção ao consumidor são em sua maioria organizadas por trabalhadores voluntários e apoiam-se por meio de mensalidades dos seus membros e doações com benefícios dedutíveis nos impostos. Garantindo que as preocupações da classe sejam ouvidas na política repetidas vezes e que os ciclistas não sejam literalmente marginalizados.

Ela ainda assessora políticos e administradores, empresas de transporte e a indústria do turismo nos tópicos do momento decisivo e da promoção consistente do ciclismo. Fornecendo documentação e publicações especializadas que abordam o público interessado nas áreas de mobilidade e da sociedade civil.

O trabalho que eles fazem na Alemanha é realmente incrível. São reconhecidos e respeitados por todos e também pelo poder público. E são vozes comumente ouvidas em qualquer decisão política a respeito das questões de trânsito. São muito bem organizados e com uma rede bastante capilarizada em defender os interesses comuns em diversas cidades do país. No Brasil, existem algumas entidades semelhantes e recentemente tenho ouvido falar bastante sobre a Aliança Bike em São Paulo, mas acredito que nenhuma possua tamanha estrutura e influência política como a ADFC tem na Alemanha. Pelo menos ainda.

E espero que iniciativas como essa, possam inspirar outras ações semelhantes pelo Brasil e o Mundo.

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