Fabio Jakobsen (Quickstep-Alphavynil),  Wout Van Aert (Jumbo-Visma) e acidentes horripilantes. Estranhos fios conectam estas coisas e seu caminho até a 2ª etapa do Grand Depart em solo dinamarquês deste Tour  de France 2022. A trajetória de ambos em busca de seus objetivos foi sinuosa, cheia de percalços e, por ironia do destino, teve conquistas simultaneamente.

A quase-morte de Jakobsen e o acidente também traumático de Wout Van Aert

A primeira vez que a maioria das pessoas (inclusive de fora do ciclismo) ouviram falar de Fabio Jakobsen foi na primeira etapa do Tour da Polônia 2020. Esta que não é uma corrida das mais importantes do calendário do esporte, mas foi palco de talvez o pior acidente da história em um sprint final. As cenas são chocantes até hoje. Jakobsen Groenewegen (então Jumbo-Visma, hoje Bike Exchange) disputavam a chegada e Dylan deu uma leve fechada de porta enquanto que Fabio caiu em barreiras de proteção a mais de 70 km/h. A impressão geral é de que o ciclista da Quickstep estivesse morto. E foi um acidente terrível para ele, que teve traumatismo craniano, o rosto desfigurado e perdeu todos os dentes. Dias em estado crítico, lutando pela vida. Coma induzido sem saber das sequelas e uma longa recuperação o aguardavam, além de inúmeras cirurgias de reconstrução facial e implantes dentários. A jornada foi dura sem nenhuma garantia de que ele sequer um dia voltasse a montar em uma bicicleta. Com fisioterapia e auxílio psicológico, pouco a pouco, o jovem holandês voltou a treinar e competir.

Wout Van Aert também teve seus maus momentos e provavelmente o pior deles foi no Tour 2019. Depois de uma estréia arrebatadora, vencendo o Contrarrelógio por equipes e com uma vitória de etapa individual também, tudo se encaminhava para a terceira vitória do Belga estreante em Contrarrelógios individuais. Van Aert tinha sido o mais veloz em todos os tempos intermediários, o que indicava que ele venceria a etapa. Mas já no quilômetro final, em uma curva, uma grade de proteção mal ajustada tinha um pedaço de ferro proeminente. Ao entrar na curva, a coxa de Wout acertou essa grade a mais de 40 km/h e foi dilacerada. Os fãs que estavam próximos chegaram a arrancar parte das faixas publicitárias para cobrir o atleta e evitar exposição da perna totalmente ensanguentada. Aquele acidente o tirou do Tour e do resto da temporada. Ao invés de seguir lutando por títulos, cirurgias, enxertos e fisioterapia para voltar a andar. Mas esses ciclistas são seres de determinação muito acima da média e em ambos os casos, mesmo com uma recuperação longa, estavam de volta à bicicleta em menos tempo do  que qualquer ser humano comum.

O retorno às competições e insucessos nos objetivos

Em relação ao Tour de France, cada um tinha seus objetivos bem claros: Van Aert queria seguir acumulando vitórias e vestir a Camisa de Líder e Jakobsen queria estrear e vencer na Grande Volta Francesa.

O Belga voltou às competições na temporada seguinte e apesar de acumular vitórias em Clássicas, Monumentos e Etapas do Tour, pódios em Mundiais e Olimpíadas, a Camisa Amarela era um sonho que lhe escapava. O Holandês da Quickstep sofreu na volta às competições e mesmo tendo sido pré-escalado para o Tour 2020, o desempenho se mostrou abaixo das expectativas e ele ficou de fora da seleção final. Mark Cavendish o substituiu e venceu 4 etapas, igualando o recorde de Eddy Merckx. 

Jakobsen assistiu de casa enquanto o colega de equipe vencia as corridas que ele não seria capaz naquele momento. Meses depois, ele reencontrou as vitórias e venceu 3 etapas na Vuelta a Espanha, marcando seu retorno. Van Aert viu o arquirrival Van der Poel (Alpecin-Fenix) vestir a Camisa Amarela, porém mesmo não sendo capaz de liderar o Tour, terminou com 3 vitórias, uma em Montanha, outra em Crono e a última ao sprint, na Champs Elysees. Um sucesso também. Ambos tinham em mente que os objetivos teriam de ser alcançados no próximo ano. E assim chegamos à etapa 2 do Tour 2022.

Pelotão é saudado pelos Dinamarqueses

Sprint após tensão na ponte

O dia 2 na Dinamarca era uma etapa de 202 quilômetros majoritariamente planos com uma ponte de 18 kms perto do fim onde a incidência de vento cruzado poderia causar quebras no pelotão. O dia começou com um ataque de Magnus Cort Nielsen (EF-Easypost) e resposta de Sven Erik Bystrom (Intermarché), Pierre Roland e Cyril Barthe (B & B Hotels).

A fuga da Etapa 2, coroou o ciclista da casa Magnus Cort Nielsen com a Camisa de Rei da Montanha

Algumas subidas categorizadas no início da etapa animaram a briga pela Camisa de Montanha.
Cort Nielsen venceu todos os sprints e conquistou o direito de carregar a Camisa de Líder de Montanha para delírio do povo Dinamarquês que lotou as ruas para prestigiar a passagem do Tour. Uma parede de Dinamarqueses empurraram e torceram pelos seus compatriotas, hoje, a estrela deles foi o ciclista da EF.

Os Dinamarqueses fizeram uma festa à parte

Após as subidas, Cort NielsenBystrom seguiram escapados enquanto o pelotão buscava. Passaram na frente no sprint intermediário e no pelotão, Caleb Ewan bateu Wout van Aert somando 2 pontos a mais na briga pela Camisa Verde. Algum tempo depois, a 32 quilômetros da meta, Bystrom foi o último atleta da fuga a ser capturado ao mesmo tempo que o pelotão se organizava para a possível briga no vento nos quilômetros finais.

O grupo nervoso acelerava e algumas quedas aconteciam. Um nome importante foi Rigoberto Uran (EF-Easypost) que teve um problema mecânico após envolver-se em uma queda com Nielsen Vermaeke (DSM). O Colombiano teve que buscar por muito tempo mas conseguiu reconectar com a ajuda da equipe, especialmente, Bisseger. Um tombo a 20 quilômetros do fim, envolvendo o então líder Yves Lampaert (Quickstep) fez o pelotão desacelerar e também colaborou para a missão de Uran.

18 km da Ponte Great Belt, também uma atração da Etapa 2

A temida ponte acabou sendo neutralizada e não foi determinante para a definição da etapa. As equipes decidiriam o vencedor do dia em um sprint massivo com todos os principais favoritos na disputa. Entretanto, nos 3 quilômetros finais, um tombo com 30 ciclistas bagunçou tudo, levando ao chão, inclusive o atual bicampeão Tadej Pogacar (UAE). Aparentemente sem machucados graves e ninguém perdeu tempo na chegada.

O grupo reduzido então partiu para a disputa pela etapa e a Trek colocou Jasper Stuyven para liderar Mads Pedersen e a Jumbo tinha Laporte trabalhando para Wout Van Aert. Peter Sagan (Total Energies) e Jakobsen seguiam logo atrás. Pedersen lançou o sprint primeiro e Van Aert veio na sequência, ultrapassando o rival e dando a impressão de vitória. No entanto, Jakobsen aproveitou a roda do rival, saiu mais tarde evitando ficar de cara com um vento contra, que desgastou os adversários e contou com a sua explosão para vencer na jogada de bike.

Outra vitória da Quickstep e outro segundo lugar para Wout. Dessa vez, pelo menos, com um sabor um pouco menos amargo: finalmente ele assumiria a sonhada Camisa Amarela do Tour, coisa que ele parecia predestinado a fazer desde sempre. E o outro predestinado era o vencedor do dia, Jakobsen. Sem dúvidas, o melhor sprinter da atualidade e que há dois anos não sabia quando iria voltar a pedalar e hoje, depois de ficar de fora no ano passado e ser questionado antes da largada neste ano, finalmente tem uma etapa do Tour para chamar de sua. E certamente não será a única. É o destino!

Hoje foi “incroyable”, como diríamos em francês. Tem sido um longo processo passo a passo [voltar após seu acidente com risco de vida em 2020], muitas pessoas me ajudaram a voltar, então esta vitória está aqui para retribuir. Estou feliz por ainda gostar de correr e poder vencer [depois do que aconteceu]. A equipe me manteve em boa posição no final da ponte. Michael Morkov deixou-me cair na roda de Wout van Aert. Então eu estava ao lado de Peter Sagan. Tocamos um ao outro, mas felizmente ficamos em pé e pude passar os outros dois rivais. Estou feliz por vencer. Minhas pernas estavam doloridas, mas é para isso que treinamos. Há 15 anos que sonho com isso e quero agradecer muito à Dinamarca pela recepção calorosa e pelo incentivo.” – Fabio Jakobsen

Wout van Aert conquista a Camisa Amarela na Etapa 2

Hastags da prova: #TDF2022#BikeBlz
Foto: ASO/Pauline Ballet, Charly Lopez


PRÓXIMA ETAPA

Domingo, 03.07.2022

ETAPA 3

VEJLE>SØNDERBORG
182 km / Plano

Embora a rota nunca se afaste da costa na península de Jutland, estará menos exposta ao vento do que no dia anterior e isso deve facilitar o controle das equipes de velocistas. Antes de uma transferência e um primeiro dia de descanso incomumente precoce, esta etapa deve ver a primeira rodada na batalha entre os velocistas.


 

Onde assistir ao Tour de France 2022?

#TacoPapo BikeBlz

Com programas transmitidos AO VIVO todo Domingo às 18hs, com participação de Junimba, Allan Almeida, Adriana Nogueira, Edwin Contreras e convidados, nos nossos canais no Twitter, Youtube, Twitch e Facebook, nós aqui do BikeBlz vamos cobrir o Tour de France em programas especias com participação da equipe do site.

 

ESPN 3/Star +

ESPN 3 / Star + é o canal a oficial da prova para o Brasil com excelentes narrações do garoto de ouro da casa Renan do Couto e comentários do já folclórico Celso Anderson. Requer pacote de assinatura de TV a cabo e/ou streaming.

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GCN+ é um pacote de assinatura exclusivo de ciclismo, com transmissão do canal Eurosport (disponível apenas em inglês, francês, alemão e italiano). Corridas ao vivo ou por demanda de todas as provas do calendário. Tanto as provas masculinas, quanto as femininas, incluindo a temporada de Cyclocross. As provas têm transmissão geralmente de dois ex-ciclista profissionais: o excelente Sean Kelly (9X campeão de Clássicas Monumento, vencedor da Vuelta a España de 1988 e várias vitórias no Giro di Lombardia, Milan-San Remo, Paris-Roubaix e Liège-Bastogne- Liège) e Brian Smith. Algumas provas recebem também a excelente comentarista holandesa, José Been. Para ver as provas no Brasil é necessário instalar um VPN no navegador/browser, para simular um IP, destravando assim o bloqueio de geolocalização. Não é necessário fazer a assinatura do VPN. A sua versão gratuita atende bem.

Tiz-Cycling

Tiz-Cycling é um site pirata que transmite ilegalmente e de graça o sinal de todas as provas de ciclismo do mundo. As Grandes Voltas (GTs), os campeonatos nacionais, as Clássicas Belgas, Paris-Roubaix, ciclismo feminino, cyclocross. Tudo! Veja a nossa ENTREVISTA EXCLUSIVA com 10 perguntas para o canal Tiz Cycling. Descobrimos que além de norte-coreano, apenas 3 pessoas são responsáveis pelo site. Todos malucos por ciclismo. Só pode.


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