A estrada pela redenção, inevitavelmente, precisa passar pela queda. E Romain Bardet (Team DSM), francês de 30 anos que já foi vice-campeão do Tour de France, sabe bem o que é desapontar expectativas. Mas a culpa não é sua. A França sofre um jejum de vitórias no Tour desde Bernard Hinault e a trágica derrota de Laurent Fignon para o Americano Greg LeMond na transição entre as décadas de 1980 e 1990.

Por isso, todo bom e jovem escalador francês passa pelo mesmo tormento: carregar as pesadas expectativas e pressões de conquistar o Tour de France. Thibaut Pinot (FDJ), Julian Alaphilippe (Deceuninck-Quickstep) e muitos outros também já sentiram o mesmo. Bardet, apesar do começo estelar com vitórias de etapa no Tour e dois pódios conquistados na Classificação Geral, nunca conseguiu corresponder a essas cruéis expectativas e isso se refletiu em seu desempenho.

Apesar de bons resultados, as grandes vitórias não aconteciam mais. Prova disso é que a última conquista em grandes voltas foi no Tour de France 2017. Há quatro anos. Foi necessário um longo processo e mudar de equipe, deixar de ser o centro das atenções e reavaliar as metas, mas depois de uma vitória de etapa na Volta a Burgos, hoje Bardet conquistou sua 4ª etapa em grandes voltas. E é muito melhor vê-lo correndo assim, mais leve, com menos pressão. Que continue por bastante tempo.

Romain Bardet no alto do pódio na Etapa 14 (Luis Angel Gomez / PhotoGomezSport)

Como foi a etapa 14

Um dia de montanha e as equipes principais não pareceram importar-se com a vitória. Uma fuga de 20 atletas se formou e a Intermarché, equipe do líder, não evitou que ganhassem tempo. A vantagem crescia enquanto as equipes rivais não se colocavam à frente do pelotão. A distância do pelotão para a fuga crescia progressivamente e nem as duras subidas do meio da etapa foram suficientes para diminuir.

O Camisa Vermelha Odd Christian Eiking (Luis Angel Gomez / PhotoGomezSport)

Na segunda metade da prova, estava claro que a fuga venceria o dia e aí o grupo de 20 atletas começou os ataques entre si. Perseguições e tombos se seguiram e a escalada final se aproximava. Há 12 quilômetros do fim, Romain Bardet atacou e Tom Pidcock (Ineos-Grenadiers) tentou seguir junto com Jay Vine (Alpecin-Fenix), que sofreu uma queda feia no meio da etapa enquanto falava com o carro da equipe.

Clément Champoussin (AG2R) e Jesus Herrada (Cofidis) alcançaram o trio e alguns ataques seguiram-se, mas o mais forte foi o de Bardet. Jay Vine recuperou-se da queda e conseguiu chegar em segundo com um baita desempenho e demonstração de panache. Jesus Herrada fechou o pódio, enquanto que Pidcock finalmente deu as caras na Vuelta para terminar em 4° lugar.

Miguel ‘Superman’ Ángel Lopez ataca nos Kms finais (Luis Angel Gomez / PhotoGomezSport)

O pelotão estava com mais de dez minutos de atraso e sem grandes acontecimentos. Na subida final, Guillaume Martin (Cofidis) tentou atacar e tomar a camisa vermelha, mas Odd Christian Eiking (Intermarché) conseguiu se defender e sobreviver mais um dia na liderança. Miguel Ángel Lopez (Movistar) também atacou na subida final mas terminou apenas 4 segundos à frente de Roglič (Jumbo-Visma).

Para um dia de montanha, não tivemos grandes mudanças na classificação geral. Ficou tudo para a décima quinta etapa, onde será a última chance de mudarem algo antes do segundo dia de descanso. A Movistar segue dando mostras de que vai à luta com seus dois líderes enquanto Roglič permanece sólido e a Ineos se despediu de Richard Carapaz, que não esteve bem e abandonou a Vuelta. Amanhã, tem mais!


Próxima Etapa 15

Navalmoral de la Mata > El Barraco
197,5 km – Média montanha (3860 m)

Etapa longa com quatro passagens de montanha, entre elas duas subidas de 1ª categoria, que vão testar o pelotão. A subida até Mijares (1ª categoria), há 40 km da linha de chegada e San Juan de Nava (3ª categoria), há 5 km da linha de chegada, reduzirá o grupo. Espera-se uma final em sprint entre os favoritos, que terão de superar as subidas e o calor de Ávila nessa altura do ano.

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