Há 46 anos, Paris é o destino final do Tour de France. A última parada, uma etapa tranquila, de celebração, que quase todas as vezes termina em um sprint. E no coração da cidade, na Champs Elysées. Faz sentido, se levarmos em conta que os Campos Elíseos (a tradução de Champs Elysées) representam o paraíso na mitologia grega.

O Tour é um evento onde as simbologias e a tradição são parte essencial. Como ignorar o inferno que o pelotão passou na primeira semana? Com tombos, vento, percurso variado e um pelotão veloz e furioso, cheio de ciclistas sedentos de glória como o Campeão Mundial (e único francês a vencer neste tour) Julian Alaphilippe (Deceuninck-Quickstep) e o cometa Mathieu Van der Poel (Alpecin-Fenix), que foi embora tão rápido quanto passou. As primeiras nove etapas desta edição foram consideradas as mais difíceis da história.

Passado o primeiro dia de descanso, a segunda semana começou com times desfalcados e planos frustrados de brigar pelo título e etapas, as equipes tiveram que recalcular rota enquanto a corrida seguia. Cavendish (Deceuninck-Quickstep), que reencontrou-se com as vitórias, seguia em busca do recorde de Eddy Merckx. A Jumbo-Visma, que perdeu Primoz Roglic, buscava vitórias de etapa, como a de Wout Van Aert no Ventoux, e um bom posicionamento da surpresa Jonas Vingegaard na Classificação Geral. O líder Pogačar (UAE), depois de arrasar os rivais na crono e vestir a Camisa Amarela nos Alpes, controlava com mão de ferro a vantagem conquistada.

A semana final foi de consagração. Para o líder Pogačar, que venceu duas etapas seguidas nos Pirineus, para Matej Mohorič (Bahrain) que venceu pela segunda vez e pôde desabafar e principalmente para Wout Van Aert. O Belga da Jumbo-Visma voou baixo no contrarrelógio final para conquistar a segunda vitória e finalmente alcançou o paraíso nos Campos Elíseos.

A chegada em Paris é um momento emocional para todos. Seja este seu primeiro ou último Tour. Há um charme diferente nesta etapa de despedida. Algo intrínseco à grande volta francesa. Para atletas, equipes, mecânicos, jornalistas e fãs é o fim de um ciclo. Também foi para André Greipel, velocista alemão da Israel-StartUp Nation e um dos mais potentes ciclistas de todos os tempos. Greipel declarou que irá se aposentar e correu em Paris pela última vez.

Mark Cavendish não estava sequer escalado para largar no Tour. Não vencia uma etapa desde 2017. Mas foi chamado de última hora e não só venceu, como igualou Merckx e conquistou a segunda Camisa Verde da carreira. Uma volta por cima, sem dúvidas. Seria a principal história deste ano junto com Pogačar. Até a última volta em Paris. A última etapa é um dia de celebração até tocar o sino da volta final. A partir daí, a velocidade aumenta drasticamente e a coisa fica séria. A vitória diante do Arco do Triunfo vale e muito.

A expectativa era para mais uma vitória do Camisa Verde e a Deceuninck trabalhava para isso. Curva final e trem formado, mas outras equipes queriam frustrar a festa. Entre elas, a Alpecin que trazia Philipsen, a Cofidis com Laporte e a Jumbo, que pôs Mike Teunissen para embalar Van Aert. No minuto final, Cavendish dispensou o trem da equipe para ficar na roda de Wout. Teunissen abriu a embalada e segurou até os 200m finais, quando Van Aert saiu como um foguete e atingindo uma máxima de 70km/h, não foi mais alcançado. Vitória. A terceira neste Tour. O primeiro ciclista desde Bernard Hinault a vencer, em uma só edição, contrarrelógio, etapa de montanha e sprint. O terceiro da história junto com Hinault e Merckx.

Cavendish não conquistou a 35ª vitória, mas continua sendo recordista ao lado de Merckx e levou a Camisa Verde para casa. Um possível desfecho de ouro para uma carreira vitoriosa. Pogačar levou as outras três camisas e consagrou-se como o bicampeão mais jovem da história. Uma dominância que promete continuar por um longo tempo com fiéis e jovens ajudantes como Bjerg, McNulty e Hirschi. Van Aert conquistou uma trinca de vitórias e nos mais variados terrenos. Uma história que também promete estar longe de acabar, ainda mais com o retorno do maior rival.

O futuro promete! O Tour acabou, mas o ciclismo continua. Próxima parada: Olimpíadas de Tóquio!

(Fotos: A.S.O.)

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