Fevereiro chegou e trouxe a temporada de Ciclismo de volta. O World Tour (divisão de elite) estava agendado para começar na Vuelta a San Juan (Argentina), cujo garoto propaganda era Peter Sagan (Total Energies), mas devido ao agravamento da situação pandêmica no país, a corrida foi cancelada e as participações remanejadas. Então, o Tour da Arábia Saudita abriu o calendário e no dia seguinte, a Etoile de Besseges e o Tour de Valencia largaram em terras européias.

Lotto renasce no Saudi Tour

Na Arábia Saudita, a etapa 1 sofreu problemas de transmissão, permitindo apenas que fossem vistos os últimos 300m da corrida. Era uma chegada ao sprint que foi vencida por Caleb Ewan (Lotto-Soudal). A Lotto, que está ameaçada pelo fantasma do rebaixamento  devido às últimas temporadas, começou o ano com vitória e precisa partir em busca de mais para não cair de divisão. Ewan venceu a primeira, mas deixou a desejar nas outras duas de mesmo tipo, que foram vencidas por Dylan Groenewegen (Bike Exchange). As etapas 2 e 4 foram com chegadas ao alto e foram vencidas por jovens: o Colombiano, Santiago Buitrago (Bahrain Victorious) venceu a etapa 2 e o Belga, Maxim Van Gils (Lotto-Soudal) venceu a 4ª etapa e a Classificação Geral e que garantiu preciosos pontos para a sua equipe.

Remco é derrotado no Tour de Valencia

Desde 2019, Remco Evenepoel (Quickstep) venceu todas as corridas por etapas que terminou. Houve o Giro, claro, onde o jovem Belga sofreu com o sterrato em Montalcino, retornava após meses afastado por lesão e foi forçado a abandonar, mas salvo esta exceção, venceu todas as corridas de etapas que disputou, desde virar profissional. Até semana passada, na Volta a La Comunitat Valenciana ou Tour de Valencia. Na etapa de abertura, tudo seguiu o script de sempre, com Remco atacando à distância e largando todos os rivais para vencer solo. Aleksandr Vlasov (Bora-Hansgrohe) foi o único capaz de se aproximar dele, chegando 16 segundos após.

No dia seguinte, Remco ainda embalou a equipe para vitória do seu colega Fabio Jakobsen, que venceu com facilidade o sprint e aparentou ser o mais potente ou um dos mais potentes sprinters da atualidade. No terceiro dia, no entanto, os problemas começaram. Em um dia de muitas montanhas, a chegada era na longa e dura subida de Alto de las Antenas de Maigmó. Com 10km a 7,5Kms de inclinação média, a altimetria escondia um final em paredes e com trechos de cascalho, tipo de terreno que aparenta ser o ponto fraco de Remco, que sofreu na subida e cedeu mais de 40 segundos para o vencedor da etapa, Vlasov. O russo da Bora assumia então, a liderança da corrida.

Muitas reclamações de Remco e Patrick Lefevere ( o lendário/infame patrão da equipe Quickstep) sobre a escolha do terreno e inclusão de cascalho em provas por etapas, mas o fato é que esta é uma tendência crescente desde que a Strade Bianche virou parte do calendário no início da década de 2010 e as condições são iguais para todos que competem na mesma prova. Ou seja, de acordo com este que vos fala: o choro é livre.

No quarto dia, novamente má sorte para os lobos de Lefevere. Uma etapa para sprint e tudo indicava nova vitória de Jakobsen, mas no quilômetro final, a Intermarché que trabalhava para Kristoff, descarrilhou o trem de embalada da Quickstep e quem arrancou para vitória foi Matteo Moschetti (Trek-Segafredo). No dia final, outro sprint e Jakobsen venceu novamente para recolocar os lobos nos eixos, mas na Classificação Geral não havia o que ser feito: Vlasov foi o campeão e confirma o status de bom escalador e corredor de etapas que conquistou quando corria pela Astana.

Remco, no entanto, sofreu a primeira derrota neste tipo de corrida e o padrão de dificuldade com o sterrato deve acender sinais de alerta para o futuro. Certamente os rivais já tomaram nota disso.

Na estréia do WWT, a UAE vence a Volta a Valencia

O Calendário Feminino Elite começou com uma versão feminina da Volta a Valencia. Uma prova em etapa única, com chegada ao sprint. A italiana e Ex-Campeã Mundial Marta Bastianelli (UAE) venceu, marcando a estréia do time feminino dos Emirados Árabes como um sucesso. É sonhar demais que isso signifique mais liberdades individuais para as mulheres (ciclistas ou não) daquele país? Provavelmente sim, mas espero que não.

Depois de Bernal sofrer forte acidente na Colômbia, Carapaz cai na França

A temporada para a Ineos Grenadiers começou com sentimentos mistos. Tom Pidcock tornou-se o Campeão Mundial de Cyclocross dias depois de Egan Bernal quase morrer em um acidente na Colômbia. Na Etoile de Besseges, Richard Carapaz sofreu um forte tombo na etapa 3 e a equipe não foi capaz de brigar pela liderança. Sem grandes sequelas para o equatoriano, mas segue a má fase para os líderes pela GC da equipe Britânica.

Mads Pedersen (Trek-Segafredo) venceu a etapa 1 e quase levou a 2ª, sendo superado por Brian Coquard (Cofidis) em cima da linha. A equipe francesa levou a etapa 3 também, com Benjamin Thomas.

A quarta etapa foi conquistada por Tobias Halland (UNO-X), Norueguês que é uma das grandes promessas do futuro próximo. Halland venceu o Tour de l’Avenir 2021 e já bate grandes nomes. Tem tudo para se confirmar como um grande voltista nos próximos anos.

O dia final foi de contrarrelógio e foi vencido claro, pelo Campeão Mundial, Filippo Ganna (Ineos). O italiano voou nos trechos planos para conquistar a primeira vitória do ano e salvar a corrida da Ineos. Ao menos esse alento. Thomas (Cofidis) é um bom ciclista de pista, defendeu-se bem no contrarrelógio e foi campeão da Classificação Geral. Um belo resultado pra equipe. Alberto Bettiol (EF-Easypost) foi segundo e Halland (Uno-X) terminou em terceiro.

As corridas seguem acontecendo e para nós, o principal evento da semana é a Vuelta a Murcia, que começa no dia 12 de fevereiro e marca a estréia de Vinícius Rangel pela equipe Movistar. Por aqui já estamos ansiosos e desejando uma boa prova ao nosso querido Vini. Para mais atualizações, siga-nos no Twitter e no Instagram do BikeBlz! Até breve.


Foto:  Divulgação Volta a la Comunitat Valenciana

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