Eu não ganhei o Tour de France. Pogačar também não. Nem Nairo, mas nada!

G não ganhou o Tour de novo. Bardet! Ça va, sempre pode não ganhar, desde que corra. Gaudu, ainda não foi o próximo Francês a ganhar o Tour. Como Pinot, que nunca ganhou, chorou, e no meu coração, levou. Vlasov não ganhou, mas só começou. E os outros todos, quem também não ganhou, o Tour acabou.

Não é fácil ganhar o Tour. Nem terminar é fácil. Mas eu queria ganhar. Não desde sempre, como ser bombeiro ou astronauta. O sonho apareceu tarde, já usava sapato, cinto e não tinha tarefa com parabéns da professora. Quando comprei a bicicleta de pneu fino e assisti ao Tour na televisão alemã, foi a primeira vez que quis ganhar o Tour.

Não foi a primeira vez que ouvi falar. Isso foi no intercâmbio de um espanhol que ficou na minha república, porque tinha um quarto vago e um aluguel pra pagar. José Miguel Sanchez veio ensinar como fazer telescópio. Eu que nunca olhei pro céu, de repente estava esfregando um vidro no outro, com carborundum no meio, até que um vidros ficasse côncavo para espelhar. E assim, depois de semanas, um telescópio refletivo imperfeito, mas autêntico, nascia.

Miguel, mas é muito tempo! Ele dava de ombros, inclinava a cabeça, armava o desprezo nos cantos da boca e dizia: eu faço enquanto vejo o Tour. Sentava à tarde e enquanto via os girassóis, esfregava um vidro no outro. O Tour é para isso, como para tricotar enquanto eles sofrem.

O Tour é esse trabalho chato. Pedalar a cada dia como os outros. Sem pensar em quanto já se foi. Cada pedala inútil, somadas concavando o espelho que reflete e amplia as estrelas.

Nunca terminei o meu telescópio. Nunca ganhei o Tour.

Fotos: ASO/Pauline Ballet, Charly Lopez, Aurélian Viallate

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