Há cerca de um ano, em 7 de agosto de 2020, Fabio Jakobsen (Deceuninck-Quickstep) acordava de um coma induzido após o terrível acidente que, por pouco, não lhe tirou a vida ou capacidades físicas.
O jovem holandês teve um longo caminho entre fisioterapias, implantes dentários e ósseos, cirurgias plásticas para reconstrução facial e, ainda, apoio psicológico para voltar a subir numa bicicleta e treinar para disputar vitórias da mesma maneira em que quase sofreu uma derrota fatal.
Mas cá estamos, pouco mais de um ano depois e não só voltou a correr, como também venceu, hoje, na quarta etapa da Vuelta a España, um dos maiores eventos do calendário. Como Pidcock (Ineos-Grenadiers), que pouco mais de um mês após um acidente com fraturas, conquistava o Ouro Olímpico no Mountain Bike em Tóquio. Ou como o próprio Primoz Roglič (Jumbo-Visma) que após abandonar o Tour devido à queda com Sonny Colbrelli (Bahrain Victorious), também sagrou-se Campeão Olímpico e está de volta ao mais alto nível, sonhando em colecionar mais um título na Espanha.
Existem inúmeros exemplos disso no ciclismo. Lawson Craddock (EF) por exemplo, foi notícia anos atrás, quando quebrou a clavícula no começo de um Tour de France e completou os 21 dias, apesar da lesão, para honrar a competição e levantar fundos para a caridade. Tyler Hamilton, em 2003, também venceu uma etapa do Tour aguentando uma fratura de clavícula.
O esporte profissional, em seu mais alto nível, é sempre extremamente exigente. Requer coragem, altíssima capacidade física e uma tolerância à dor impensável para humanos normais. O ciclismo porém, leva tudo isso a patamares mais incríveis. A capacidade destes atletas e a fortaleza mental é algo digno de filmes e das melhores crônicas esportivas, que no ciclismo encontram talvez as melhores fontes para pintar obras de arte. Não há nenhum esporte como este, assim como não há resiliência como dos ciclistas.
Muitos certamente se lembrarão de Laurens Ten Dam, que após estar com a cara completamente desfigurada declarou que iria continuar, em 2011, da seguinte maneira: “Não se abandona o Tour por um lábio inchado”. Este é o espírito.
Estes são apenas alguns casos que, se fosse me dedicar a relatá-los todos aqui, talvez terminaria a coluna após a Vuelta chegar a Santiago de Compostela. Fato é que, se o acidente de Jakobsen na Polônia foi uma data para marcar como este esporte pode ser perigoso, a data de hoje é um dia de celebrar a vida e o reencontro de Fabio com as vitórias e seu destino como vencedor de etapas em grandes voltas. Página virada, que venham melhores capítulos no livro de sua carreira.
Como foi decidida a etapa 4 na Espanha
Um dia após a primeira chegada ao alto e uma etapa sem grandes dificuldades além de rampas nos quilômetros finais. Uma pequena fuga foi mantida controlada e tudo seguiu o roteiro tradicional de uma etapa em sprint. O único porém, foi um pequeno acidente com o camisa vermelha e vencedor de ontem, Rein Taaramäe (Intermarché), que estava dentro dos 3 quilômetros finais e, portanto, conservou a liderança da corrida.
A disputa da etapa 4 seguia em suspense devido à uma elevação nos metros finais, porém, as equipes de sprinters mantiveram um ritmo alto a fim de embalar seus líderes até o mais próximo possível da meta. O quilômetro final tinha algumas curvas que dificultaram o trabalho das equipes. A Alpecin-Fenix queria trazer o Camisa Verde Jasper Philipsen para mais uma vitória, mas errou na organização e o belga se viu sem um embalador nos metros finais da etapa. A FDJ passou com seu trem posicionando Arnaud Demàre e a Quickstep trazia Jakobsen pelo lado. Ao ver Philipsen encaixotado, Sacha Modolo (Alpecin-Fenix) arrancou para tentar vencer a etapa e somar o máximo de pontos para a Camisa Verde, mas Demàre o ultrapassou como uma bala, sendo batido apenas por Jakobsen que cruzou a linha em primeiro e tornou-se o novo líder da Camisa Verde. Magnus Cort Nielsen (EF) fechou o pódio.
Amanhã, outro dia para sprinters e para a briga da Camisa Verde – Etapa 5
Tarancón > Albacete
184,4 km – Plano
Etapa praticamente plana que promete ser mais um bom dia para os velocistas. O principal perigo pode ser o vento. A área onde a corrida acontece é muito aberta e fortes rajadas de vento podem complicar a prova no dia.
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