Potsdam está para Berlim assim como Niterói está pro Rio. Desculpe esta esdrúxula comparação. Eu até que tento, mas é porque você sai do Rio, mas o Rio não saí de você. O que quero dizer é que são cidades muito interligadas e que uma não vive sem a outra. A cidade é mundialmente conhecida por seu legado histórico como residência dos reis da Prússia bem como pelo grande número de belos parques e palácios, como o Sanssouci e Cecilienhof. Desde meados do século XIX, Potsdam ganhou importância como centro científico e hoje conta com universidades e mais de 30 instituições de pesquisa e é também capital e cidade mais populosa do estado de Brandemburgo.
E pra ver isso de perto, fizemos um belo passeio até de lá. Foram no total 60 km percorridos quase exclusivamente por ciclovias e estradas vicinais, cruzando a bela floresta de Grunewald e seguindo pelas margens do Rio Havel. Visitamos alguns palácios, aproveitamos as belas paisagens e descobrimos novos lugares. Você pode conferir o pedal no Strava.
Não preciso dizer que essa parte da Alemanha é o flat do flat. Portanto, o pedal é super confortável e sem sofrimento em subidas, ladeiras ou montanhas.
A Ponte dos Espiões
O pedal começou cruzando Grunewald, local dos meus treinos de sábado. Uma linda floresta com asfalto liso e usado por muitos Berliners para caminhadas e lazer com a família. De lá cruzamos a Glienicker Brücke, conhecida também como a Ponte dos Espiões. Era neste local que a antiga União Soviética e os Estados Unidos realizavam trocas de espiões capturados durante a Guerra Fria. No dia da queda do Muro de Berlim, foi também o principal ponto de passagem e festa com as pessoas comemorando e cruzando a antiga fronteira que separava Berlim do resto da Alemanha.
Palácio Cecilenhof
Chegamos então ao lindo Palácio Cecilienhof (em alemão: Schloss Cecilienhof), construído entre 1914 a 1917 no layout de uma mansão Tudor inglesa. Cecilienhof foi o último palácio construído pela Casa de Hohenzollern (os ‘Orleans e Bragança Alemão’) que governaram o Reino da Prússia e o Império Alemão até o final da Primeira Guerra Mundial. É famoso por ter sido o local da Conferência de Potsdam em 1945, na qual os líderes da União Soviética, o Reino Unido e os Estados Unidos tomaram decisões importantes que afetavam a forma da Europa e Ásia após a Segunda Guerra Mundial. Cecilienhof faz parte dos Palácios e Parques de Potsdam e é Patrimônio Mundial da UNESCO desde 1990.
O Palácio fica de frente ao lago Jungfernsee, onde aproveitamos para fazer um belo picnic ou convescote, como diria meu pai. O palácio é lindo e a vista do jardim é um convite para aproveitar o dia.
Colônia Russa Alexandrowka
Já dentro de Potsdam chegamos a incrível colônia russa de Alexandrowka. Construída entre 1826 e 1827 a pedido do Rei da Prússia, Friedrich Wilhelm III em memória de seu falecido amigo e Imperador da Rússia, o czar Alexander I, ela foi construída toda em madeira em estilo de casas russas para abrigar cantores russos que ficaram na corte real como um presente do czar depois de voltar da guerra. São no total 13 casas criando uma vila russa que parece parada no tempo. Em 1999, a UNESCO declarou a colônia como parte do patrimônio cultural do mundo.
Histórico Moinho e Palácio de Sanssouci
Graças à uma lenda, o Moinho de Sanssouci (em alemão: Der Müller von Sanssouci) se tornou famoso muito além das fronteiras de Potsdam. Associado especialmente a Frederico, o Grande e o seu palácio de verão de Sanssouci.
Construído entre 1787 e 1791, foi financiado por Frederick William II, o Rei da Prússia e baseado nos tradicionais moinhos holandeses. O Palácio era a sua residência de verão em Potsdam e é apelidado também como o Palácio de Versalhes Alemão. Embora seja um palácio mais íntimo e muito menor que seu equivalent francês.
O Reino dos Jardins de Karl Foerster
Já no caminho de volta em Bornim, paramos no lindo Horto Karl Foerster (Foerster Stauden) que há mais de 100 anos o seu fundador e jardineiro Karl Foerster criou o que chamou de ‘Reino dos Jardins’. Um viveiro para plantas com preservação e distribuição das mais variadas espécies criadas em Potsdam e Bornim que são cultivadas e vendidas no horto. Foerster foi uma espécie de Burle Marx alemão, graças ao seu trabalho de pesquisa das espécies e o seu senso de jardinagem. Em 1928, ele fundou um departamento de design de jardins com o arquiteto Hermann Mattern e em 1934, junto com Mattern e Herta Hammerbacher, o grupo de trabalho chamado “Garden Design in Bornim” e acabaram sendo conhecidos como os “Foersterians”
O suntuoso Neue Palais
Para finalizar, visitamos o incrível Neue Palais. Um castelo ao lado oeste do Parque Sanssouci. A construção imponente ocorreu após o fim da Guerra dos Sete Anos, também realizada por Frederico, o Grande e foi concluída em 1769. É considerado o último importante palácio barroco da Prússia e foi usado como castelo para os hóspedes da corte.
O castelo deveria anunciar o novo papel da Prússia entre os poderosos da Europa, como o próprio Friedrich afirmou com seu termo “fanfaronade”. Ou seja, Frederico o Grande foi o inventor da Fanfarronice! Quem diria um rei fanfarrão alemão fazendo fanfarra, hein?! Quem poderia imaginar, não é mesmo? Mas com certeza, não foi o único.
No Novo Palácio também eram realizadas celebrações glamourosas e o o ‘rei da fanfarronice’ celebrava semanas anuais com festivais de música e membros escolhidos a dedo pela corte de Berlim, funcionando como demonstração de poder político. O palácio possuía 200 quartos, quatro salões de baile e um teatro.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1948, ele se tornou o lar da Universidade de Brandemburgo e casa das disciplinas de filosofia e dos institutos de matemática, física e esporte da Universidade de Potsdam.
E como estamos na Alemanha, tudo acaba em cerveja! Como estávamos no início da pandemia, brindamos com distanciamento social. Ficou curioso para conhecer esse e outros locais? Confira o vídeo e entre em contato se estiver na área.
Fotos: Junimba Simões e Cathi Bauer
Filme e edição: Junimba Simões
Fonte: Wikipedia