Como nos tempos antigos, o mau tempo bagunçou tudo no Giro d’Italia, interrompendo as transmissões de imagem por quase toda a subida e descida da montanha final e, também devido à probabilidade de chuva, neve e temperaturas abaixo de 0°C, a temida 16ª etapa foi encurtada, retirando as escaladas aos Passos Pordoi e Fedaia, subindo direto ao Passo Giau, o que diminuiu em 50 quilômetros a extensão da etapa.

Os motivos ainda são confusos, mas parece que o diretor da RCS (organizadora do Giro) Mauro Vegni tomou a decisão temendo que os ciclistas pudessem paralisar a etapa por eles mesmos, como no Giro do ano passado.

A chuva, o frio e a falta de imagens marcaram a etapa 16 do Giro

Em teoria, esta redução de etapa seria prejudicial aos rivais do Colombiano da Ineos, que lidera a corrida, pois, com menos escalada e menos tempo de prova, restam menos chances de atacar e abrir tempo. Entretanto, o que se viu foi uma demonstração inconteste de superioridade do jovem Maglia Rosa, que não só atacou como passou em primeiro no Cima Coppi (o ponto mais alto de todo o Giro) e cruzou a linha de meta após tirar o corta vento, ostentando o manto rosa e demonstrando respeito e reverência à mítica camisa de líder do Giro.

Como nos tempos de Coppi e Bartali

Mesmo com a redução da etapa, a segunda-feira na Itália não foi nenhum passeio no parque. O que se viu foi um reduzido pelotão andando sob chuva e completamente vestido com corta-ventos, manguitos, pernitos e luvas fechadas. Já na subida inicial um grupo de 24 atletas se descolou do pelotão e seguiu à frente buscando a vitória na etapa. O pelotão seguiu liderado pela Ineos até os 50 quilômetros finais, onde a EF Nippo assumiu a ponta para colocar ritmo até a subida final. A 34 quilômetros do fim, antes ainda da última montanha, Remco Evenepoel (Deceuninck–QuickStep) perdeu a conexão com o pelotão e ficou para trás, dando adeus à sua posição entre os dez melhores na classificação geral.

O grupo da fuga estava já reduzido ao entrar no Passo Giau e Davide Formolo (UAE) atacou, rodando o primeiro quilômetro de escalada sozinho, mas viu Antônio Pedrero (Movistar) alcançá-lo, enquanto que logo atrás, Aleksandr Vlasov (Astana) sofria com problemas mecânicos e Simon Yates (Bike Exchange), segundo na Geral, sofria para acompanhar o grupo liderado por Simon Carr (EF), que colocava um ritmo infernal, trabalhando para Hugh Carthy (EF). A partir daí, foi como se um portal do tempo abrisse no Giro d’Italia. As imagens que chegavam, pixeladas e com travamentos, sumiram e os fãs experimentaram novamente a sensação de ouvir as corridas no rádio, como nos tempos antigos, da grande rivalidade Bartali e Coppi no pós-guerra.

“O Maglia Rosa atacou!”

E Bernal (Ineos Grenadiers) lançou um ataque, mesmo sendo líder, contrariando os costumes mais recentes de que líderes só se defendem e contra-atacam. Neste mesmo momento, Dani Martínez (Ineos Grenadiers) e Carr que estavam no grupo, sobraram.

Hugh Carthy seguiu Bernal! Os dois deixaram os outros para trás”

O líder da EF tentou, mas Egan Bernal está impossível. Como em todas as subidas até aqui (inclusive quebrando recorde no Zoncolan) mostrou que é o mais rápido nas montanhas e foi solo para cruzar como o primeiro atleta ao ponto mais alto do Giro, o topo do Passo Giau, acima de 2.000m de altitude. Como Merckx, Pantani, Hinault, Bartali, Coppi e todos os grandes campeões de antigamente fariam.

Bernal lidera no topo, Caruso e Bardet seguem a 40 segundos!”

Caruso reduziu tempo na descida, a vantagem caiu para 10 segundos”

Bardet também vem tirando tempo na descida”

“Aí vem o líder do Giro, a qualquer momento ele cruzará as últimas curvas e passará em direção à meta”

Somente há 400m da chegada, tivemos imagens novamente, tal qual fãs que esperam por horas até o pelotão chegar. E a cada carro e motos policiais da organização, a ansiedade crescia mais. Até ouvirmos os apitos que indicam a proximidade dos ciclistas e em seguida, uma figura tão esguia quanto veloz, de capacete rosa, entrando na curva e passando como uma moto em direção à linha de chegada. Ainda deu tempo de tirar a jaqueta preta, para mostrar e honrar a Camisa Rosa que simboliza o líder do Giro d’Italia. Com respeito, com carinho, com a grandiosidade de um gigante campeão.

Se os europeus tem seus ídolos imortais para venerar, também temos nós, um gigante sul-americano para idolatrar e ainda ter o prazer de assistir essa história sendo escrita. Seja muito bem-vindo ao Giro d’Italia, Egan Bernal. A América do Sul e o ciclismo agradecem.

Amanhã é dia do segundo e último descanso da corrida que volta na quarta-feira para as suas últimas etapas até Milão.


PRÓXIMA ETAPA

Canazei > Sega di Ala
194 Km / ALTA MONTANHA (3704 m)

A etapa da rainha pode ter sido concluída, assim como o último dia de descanso, mas ainda há muitas oportunidades para os contenders tomarem tempo. O pelotão deve enfrentar o Passo San Valentino (15,1 km à 7,6%) antes de terminar no Sega di Ala (11,6 km à 9,5%). Quem não se sentir suficientemente descansado sofrerá.

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