“Vós que aqui entrais, abandonar toda esperança”. Esta é a frase escrita na porta do inferno de Dante Alighieri e que recebe os ciclistas ao pé do colossal monte Zoncolan. Um gigante de 14 quilômetros de extensão e 1.200 m de altitude, com um trecho final de três quilômetros a 13% e pico máximo de 27%. Tudo isso ao fim de mais de 200 quilômetros de etapa. O dia 14 do Giro d’Italia é um campeonato por si só. Vencê-lo garante glória eterna e prestígio a qualquer um.

O último ciclista a levantar os braços em comemoração nesta montanha foi Chris Froome, vencedor de 4 Tours, 1 Giro e 1 Vuelta e, indiscutivelmente, o maior voltista da sua época. Por isso, quando Lorenzo Fortunato (Eolo-Kometa) cruzou a linha de chegada à frente de Jan Tratnik (Bahrain), a Itália inteira festejou. E, junto com ela, Alberto Contador, outra lenda das grandes voltas, vencedor de 7 Grand Tours (alguns contam 9) e patrono da equipe Eolo, além de sócio de Ivan Basso (também bicampeão do Giro) na Aurum Bikes, bicicleta em que a equipe Eolo compete neste Giro. Fortunato estava na fuga e deixou para trás, na escalada final, nomes experientes como George Bennett (Jumbo-Visma), Nelson Oliveira (Movistar), Bauke Mollema (Trek-Segrafedo) e o próprio Jan Tratnik. O italiano de apenas 25 conquistou a primeira vitória da equipe e a primeira da própria carreira como profissional. Um dia para recordar para ambos certamente.

A luta pela Maglia Rosa

Entre os líderes da Geral, a Ineos deixou a fuga abrir larga vantagem desde cedo e a Astana então, assumiu a ponta da prova para tentar capturar os escapados e vencer a etapa. Remco Evenepoel (Deceuninck-Quickstep) sofreu um tombo e precisou reconectar com o grupo, mas ao pé do Zoncolan, o pelotão permanecia unido e com a Astana à frente. Percebendo o grupo ainda muito cheio, a Ineos tomou a ponta para acelerar a escalada e deixar os rivais em dificuldade, ao mesmo tempo em que controlavam o ritmo do pelotão e defendiam a Maglia Rosa de Bernal. O ritmo começou a quebrar o grupo, os rivais sofriam e ficavam para trás em sequência com o ritmo imposto por Moscon, Narváez, Puccio e Dani Martínez. Quando este último tomou a frente, Remco Evenepoel já sofria muito para manter-se no fim do grupo. Depois que o belga sobrou, Simon Yates (Bike Exchange) atacou, finalmente aparecendo nesse Giro e Egan Bernal foi o único a responder. Buchmann que estava logo atrás de Bernal perdeu a roda e não conseguiu fechar o gap. Vlasov (Astana), segundo até então na classificação geral, também não foi capaz de seguir e a dupla Yates/Bernal rodava solo em busca do topo do Zoncolan. Outros ciclistas bem colocados na geral como Carthy, Caruso e Ciccone ainda mantiveram-se juntos e subiam em ritmo constante tentando limitar os danos.

Já próximo aos metros finais, Bernal demonstrou novamente por que é o líder e principal favorito a erguer o troféu em Milão: atacou Yates e subiu as paredes finais como um foguete. Simon Yates ainda conseguiu manter uma boa velocidade e subiu para segundo na geral, ganhando três posições. Vlasov chegou 1’12” depois do líder Bernal e caiu para quarto na GC, enquanto que Caruso permanece na terceira posição. Algumas outras poucas trocas de posição mas nada muito dramático, o que aumentou foi a liderança do Colombiano da Ineos. De 45 segundos à frente de Vlasov, Bernal termina o dia com 1 minuto e 33 segundos à frente de Simon Yates. O britânico começa a mostrar-se um rival para os próximos dias e a terceira semana, mas o sonho rosa é cada vez mais real para a Colômbia novamente.

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Grado > Gorizia
145,5 Km / MÉDIA MONTANHA (1678 m)

A etapa 15 de Gorizia é muito menos complexa. Uma vitória decisiva é viável e, caso contrário, um dia para qualquer um dos velocistas que sobreviveram a Zoncolan pode estar também no menu.

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