Segundo bloco de etapas, foram seis dias de competição intensos e com alguns temas que quero abordar.

Strade Bianche em miniatura

A 11ª etapa apresentava um percurso com os famosos setores de ‘estradas brancas’ e que prometia ser uma Strade Bianche dentro do Giro. E de fato não desiludiu. A Ineos correu de forma agressiva com um alvo bem claro: Remco Evenepoel (Deceuninck-QuickStep). O resultado foi uma corrida seletiva e que deixou a nu a fragilidade de Evenepoel e sobretudo da Deceuninck-QuickStep, mas disso falaremos mais à frente.

Egan Bernal depois de ter dado boas indicações na primeira semana, aqui confirmou que é o mais forte em prova e que as dores das costas é bastante seletiva. Emanuel Buchmann (Bora-hansgrohe) foi o melhor do resto.

Remco, Almeida, Bramati e Lefevere

O quarteto fantástico, protagonistas da novela mais emocionante e dramática deste Giro.

Vamos começar por Remco Evenepoel (Deceuninck-QuickStep), um fenômeno que na etapa de Montalcino mostrou que tem dois problemas graves que deve corrigir:

1. Tem problemas técnicos profundos;
2. Está claramente traumatizado devido à queda na Lombardia em 2020.

Juntando a isso, apareceu no Giro depois de 9 meses parado e com apenas 2 meses de treino. Tudo isto resultou no desastre da 11ª etapa e na quebra ao longo dos dias. A sua ambição desmedida e um pouco de arrogância fez com que fosse para o Giro com a ideia de fazer um bom resultado. É uma lição para o futuro.

Seguimos com João Almeida (Deceuninck-QuickStep), que era o suposto líder da equipe à partida para o Giro. Mas logo no 4º dia quebra forte e feio, depois de um erro de alimentação e a liderança na equipe passa para o belga.

Uns dias depois no sterrato estava bem, enquanto isso o seu líder começa a quebrar e o português demorou uma eternidade a recuar para o ajudar. No final mostra a sua insatisfação e ainda vai para os jornais portugueses fazer comentários no mínimo desagradáveis. As coisas devem ser resolvidas internamente na equipe e não nos jornais. Mostrou imaturidade.

Davide Bramati, é um diretor esportivo com muitos anos de experiência e que raramente falha. No entanto, toda a gestão deste caso foi deficiente e para uma pessoa tão experiente, tendo os números na frente é preciso fazer esta questão: como é que ele e toda a estrutura de performance chegaram à conclusão que Evenepoel estava em condições de lutar pela CG?


As expectativas eram elevadas para Remco e Bramati nunca meteu água na fervura, nem pediu calma com o Belga e no final claro que há cobranças.

Por fim, o principal ator, Patrick Lefevere (Patrão da Deceuninck-QuickStep). Depois de nos ter calado a todos durante a primavera, eis que o Tio Pat nos presenteia com uma novela de quinta categoria orquestrada de forma brilhante pela Lefevere Productions. Ora cá vai:

• Antes do Giro, o líder era Almeida mas uns dias depois o discurso muda, Remco e João seriam co-líderes.

• O Giro prestes a começar e decide revelar que Almeida não renovará, critica duramente o empresário do ciclista. O timing é de génio.

Remco sofre no sterrato, o ciclista diz que não tinha pernas. Ele contraria e diz que o ciclista precisa trabalhar a sua técnica e revela que no inverno passado o ciclista teria trabalhado a sua técnica com um motociclista americano, amigo de Boonen e Cavendish. Alguém consegue perceber isto? Eu não, fiquei a pensar que o Evenepoel iria mudar para o mundial de MotoGP ou Superbikes.

• Depois do Zoncolan diz que Evenepoel seria retirado da corrida caso ficasse vazio e perdesse muito tempo. No Giau perde 24 minutos e no final do dia diz que afinal não há motivos para ele retirar-se.

Uma autêntica confusão, talvez seja hora do Tio Pat dar a vez a outros e vá gozar a reforma para a Bora Bora.

12 o número de Giacomo Nizzolo

Foram onze vezes a bater na trave, mas com persistência ele conseguiu concretizar um sonho de criança. A felicidade foi tanta que durou pouco mais em prova, ainda deve estar a festejar à grande ao melhor estilo Eurovisão. 🙂

Fortunato Contador

Quem apostava que a Eolo-Kometa iria sacar uma vitória no Zoncolan? Ninguém! Nem Alberto Contador, o patrão da equipe. O espanhol quando viu que Lorenzo Fortunato (Eolo-Kometa) estava isolado, decidiu prometer uma ida de Milão a Madrid de bicicleta caso o seu ciclista ganhasse. Infelizmente o espanhol para festejar decidiu gravar uns vídeos esquizofrênicos no Instagram em que se nota claramente que abusou da pinga e dos bifes.

#Carusismo

Ver o que está a andar Damiano Caruso (Bahrain-Victorious) faz-nos questionar o que seria se Landa estivesse no Giro. O italiano está a aproveitar esta oportunidade, de eterno gregário a um possível pódio no Giro. É uma história bonita e muito italiana.

O bipolar e os outros

Simon Yates (BikeExchange) é o bipolar do ciclismo moderno, mas neste Giro tem vários clones, são eles: Aleksander Vlasov (Astana), Hugh Carthy (EF Nippo), Romain Bardet (DSM) e Giulio Ciccone (Trek-Segafredo). Apenas Bernal tem sido consistente e a geral não deixa dúvidas.

Giro di Fuga Bidone

Mario Schmidt (Qhubeka-ASSOS), Andrea Vendrame (Ag2r-Citroen) e Victor Campenaerts (Qhubeka-ASSOS) foram brilhantes vencedores de etapa, numa edição onde as fugas têm dominado. Curiosamente a Qhubeka ganhou duas etapas através de Fugas Bidones a outra foi também nesta semana, por Nizzolo.

Rei Egan

Egan Bernal   dominou por completo esta semana, começou com uma exibição no sterrato e terminou com um vitória nas Dolomitas com poucas imagens televisivas. Tem também a melhor equipe, a mais coesa e sem rival neste Giro. As abelhas estão com a equipe C e a UAE anda pelo Mont Blanc a tirar fotos na neve. Em relação à equipe, destaque também para Daniel Martinez (Ineos Grenadiers), que está sólido no Top 10 e fará o melhor resultado de sempre numa grande volta.

Só uma catástrofe tira a vitória de Bernal e o mundo do ciclismo já saliva com as futuras batalhas entre ele e os eslovenos.


Etapa Rainha é Bruno Dias, português de perto do Porto, onde equipe se escreve equipa e blefe é bluff. 🙂

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