Um estudo feito pelo aplicativo Moovit, plataforma on-line de mobilidade urbana, analisou milhões de viagens feitas por usuários por meio de transportes públicos (ônibus, metrô, trens, barcas e VLT) em 104 cidades de 28 países no ano passado. O levantamento mostrou que os cariocas enfrentam uma das situações mais complicadas quando o assunto é, por exemplo, o tempo médio de viagem nesses modais.

O raio-x feito pela empresa, mostra que o Rio de Janeiro é a segunda cidade com maior média de distância em viagens com uso de transporte público; os cariocas percorrem 12,41 Km a cada viagem. O percurso médio feito pelos cariocas só não é maior do que o registrado em Israel, de 18,14 Km por viagem.

O levantamento conclui ainda que os cariocas estão no topo do ranking quando o assunto é o tempo gasto em viagens. De acordo com o estudo, o Rio de Janeiro tem o terceiro maior tempo médio de viagem do mundo — entre os países analisados — pelo segundo ano seguido, com 67 minutos de média. A Cidade Maravilhosa fica atrás apenas de Jacarta, na Indonésia (71 min), e Istambul, na Turquia (68 min). Além disso, 11% dos passageiros afirmam, em pesquisa à plataforma, que gastam mais de 2 horas em cada trajeto realizado. Outras três cidades brasileiras também figuram entre as principais médias de tempo de viagem: Recife (64 min), São Paulo (63 min) e Belo Horizonte (61 min).

O Rio, no entanto, aparece bem colocado quando se compara a média de tempo de espera dos passageiros pela chegada do transporte público: 20 minutos. O tempo médio calculado no aplicativo é o mesmo, por exemplo, em Nápoles, na Itália e Monterrey, no México. Apesar disso, a realidade ainda é distante de Burgos e Bilbao, na Espanha e Nantes na França, onde mais de 40% dos pesquisados afirmaram que aguardam por menos de 5 minutos pelo seu transporte.

Foto Marcos Paulo PradoUnsplash

A plataforma perguntou ainda aos usuários cariocas como a Covid-19 impactou o uso do transporte público. As respostas chamam atenção: a maioria dos entrevistados (44%) afirmam que a pandemia sequer afetou sua rotina em relação aos modais. Um terço deles, no entanto, disse que passou a usar menos transporte público; e 3% deixaram de usar.

A retomada das atividades após alguns meses de isolamento social é uma tendência em todas as capitais do Brasil, inclusive no Rio de Janeiro. Com a volta dos expedientes profissionais presenciais, os cariocas encontraram alternativas de locomoção para não precisar utilizar o transporte público e compartilhar o espaço fechado com outras pessoas. Neste cenário, as bicicletas entraram em cena e assumiram um papel de destaque na cultura da capital do Rio.

De acordo com levantamento da Tembici, operadora do Bike Rio, mantenedora de 260 estações no Rio, com 78 na Zona Sul, a média de viagens de bicicleta aumentou 56% entre a segunda quinzena de Março e o mesmo período de Setembro. Houve, ainda, um salto de 173% na média de usuários entre uma semana e outra.

Um dos fatores que corroboram para a comprovação da tendência é o receio de manter o compartilhamento de um espaço fechado, limitado e muitas vezes, lotado em ônibus, trens e metrôs. Ao mesmo tempo em que a adesão aumenta na cidade, os problemas com a infraestrutura e manutenção das vias apareceram.

Veja mais sobre o Relatório Global Moovit sobre o Transporte Público 2020 aqui.


Adriano Mendes é cria da Maré, Gestor Público e Mestrando em Planejamento Urbano e Regional pela UFRJ. É Educador Popular e Pesquisador de Cidades Inteligentes.

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