A segunda maior prova da Península Ibérica teve uma segunda semana perfeita para a siesta. O calor também ajudou ao passeio cicloturístico que todos vimos.

Vamos então aos nomes e fatos que mais me chamaram a atenção até o momento:

Rogliço

A segunda semana foi a imagem da temporada de Primoz Roglic (Jumbo-Visma): vitórias e quedas. Logo a abrir a semana, decidiu mexer na corrida perto do final em Almáchar, quando estava isolado na descida lá foi lamber o chão pela primeira vez nesta Vuelta.

Na etapa seguinte, numa chegada perfeita para ele, não defraudou e venceu com alguma facilidade em Jáen. Enric Mas (Movistar) ainda deu alguma luta, mas no dia a seguir voltou a aparecer o grande adversário de Primoz em 2021: as quedas. Felizmente nenhuma delas teve consequências a não ser no ego.

Primoz Roglic: vitórias e quedas (Luis Angel Gomez / PhotoGomezSport)

Dobradinha está na moda

Na primeira semana, Jasper Philipsen (Alpecin-Fenix) e Fabio Jakobsen (Deceuninck-QuickStep) foram os únicos a vencer duas etapas. Outros nomes juntaram-se nesta segunda semana: Michael Storer (DSM), Primoz Roglic (Jumbo-Visma) e Magnus Cort (EF-Nippo). Isto quer dizer que 10 em 15 etapas foram divididas por estes 5 ciclistas.

Se já estávamos à espera que Roglic se juntasse ao grupo, Michael Storer e Magnus Cort eram menos óbvios. O jovem Australiano da DSM tem sido uma mistura de Richie Porte a subir e Cadel Evans a descer, já Magnus Cort parece o Jakob Fuglsang de bigode.

Até o diabo tem calor

Javier Guillèn, o fundador do cuestacabrismo, este ano decidiu colocar um terço da prova na região mais quente de Espanha, a Andaluzia. A chegada a Córdoba foi acima dos 40ºC. É um génio ou um sádico?

Segundo o Velofacts, no Top 5 das etapas com maior média de temperatura este ano, três foram nesta Vuelta, uma na Volta ao Alentejo e outra na Volta a Portugal. Todas elas acima dos 36ºC de média.

Depois da edição outonal do ano passado ter sido um sucesso, tanto organizativo como no plano estético, não seria interessante mudar a Vuelta totalmente para Setembro em vez de termos duas semanas em Agosto?

La Vuelta de la Vuelta

A Movistar tem estado bem nesta Vuelta? Sim, em termos genéricos têm sido a melhor equipe em prova. No entanto, as duas últimas etapas desta semana mostraram muito pouca ambição, apenas um ataque de Superman Lopez (Movistar) e no domingo não fizeram absolutamente nada! Até a Ineos conseguiu fazer mais nesse dia. Segundo Enric Mas (Movistar) as estradas não eram propícias a ataques. Pelo histórico ofensivo dele são raras as estradas boas para atacar.

Movistar em termos genéricos têm sido a melhor equipe na Vuelta (Luis Angel Gomez / PhotoGomezSport)

Agora têm as Astúrias para fazerem diferença, contra uma Jumbo-Visma que melhora a cada etapa e um Roglic que não precisou de ir ao limite nos últimos dias. Se querem ganhar a Vuelta têm de ganhar muito tempo a Roglic porque no contrarrelógio final só um milagre de São Tiago Maior fará com que Mas e Lopez não percam tempo para o esloveno.

Fabio, o lobo Alfa

Fabio Jakobsen (Deceuninck-QuickStep) está de regresso em todo o seu esplendor, tanto na estrada como fora dela, quem sofre são os seus ‘gregários’. A vitima desta vez foi Florian Senechal (Deceuninck-QuickStep), que ganhou a 13ª etapa ao sprint depois de Jakobsen ser descarregado em pleno lançamento.

O sprinter Holandês mostrou que não tinha pernas, mas no final em vez de festejar a vitória do colega foi tirar satisfações ao Francês, num momento de profundo companheirismo. O ambiente na manada de lobos é muito bom ou não?

Meu caro Fabio, se não tens perninhas para seguir o teu trem, também não terás para sprintar.

O pessoal tem de começar a tratar o Fabio como o tratava antes da queda na Polônia. Não é santo nenhum ou não seria um leal discípulo do Tio Pat.

Padunismo morreu, viva ao Majkismo

Mark Padun (Bahrain-Victorious) espantou a via láctea na Dauphiné com duas vitórias em alta montanha, onde descarregou alguns dos melhores trepadores do mundo e deu-se ao luxo de não perder tempo para o pelotão de favoritos.

Mas Rafal Majka (UAE) versão Tour 2014 ressuscitou na 15ª etapa, foram mais de 85 Km isolado e sem quebras acentuadas. Uma das exibições do ano e normalizou Padun. Aliás, o que tem feito do Ucraniano? Ainda está na Vuelta?

Rafal Majka (UAE) venceu a 15ª etapa (Luis Angel Gomez / PhotoGomezSport)

Jay Vine, ciclista de culto

Jay Vine (Alpecin-Fenix) foi o primeiro a fazer a transição do Zwift para a estrada e é também o primeiro ciclista de culto Australiano.

Decorria a 14ª etapa e Vine encontrava-se na fuga numa etapa de montanha, dia duro em cima da bicicleta, não bastasse isso o Australiano enquanto estava a abastecer tem uma queda dramática que o deixou estatelado no chão. O abandono era uma certeza, até que uns quilômetros mais à frente, no grupo perseguidor, aparece um ciclista com os dorsais ao vento e todo rasgado! Era Jay “mothafucker” Vine. Acabou a etapa em 3º, atrás de um Super-Bardet (DSM) e de Jesus Herrada (Cofidis) que chegou com ele.

Como é óbvio, o prémio da combatividade neste dia foi para Jay Vine, só que não!!! Dani Navarro (Burgos) foi o combativo do dia, a coisa mais relevante que o espanhol fez na etapa foi atirar ao chão Sep Vanmarcke (ISM)

Fugas

Mais uma semana produtiva nas fugas, Michael Storer e Romain Bardet (DSM), Magnus Cort (EF-Nippo) e para terminar o raid lendário de Rafal Majka (UAE).

8 vitórias da fuga em 15 etapas, a Vuelta continua a seguir a tendência de Giro e Tour.

Os outros

A luta pelo pódio está entre os homens da Movistar, Jack Haig (Bahrain-Victorious) e Egan Bernal (Ineos Grenadiers). Sendo que para estes ganharem a Vuelta, Roglic e Mas terão de quebrar muito.

Odd Christian Eiking (Intermarché-Wanty) e Guillaume Martin (Cofidis) conseguiram uma boa vantagem com as fugas e não será estranho de os ver  top-10 no final, principalmente o filósofo.

Adam Yates (Ineos Grenadiers) é irregular, Sepp Kuss (Jumbo-Visma) é gregário de luxo, Felix Grosschartner (Bora-hansgrohe) tenta sobreviver, Alexander Vlasov (Astana) é uma desilusão total, Giulio Ciccone (Trek-Segafredo) quer mas não consegue, Gino Mader (Bahrain-Victorious) nem é gregário, nem líder, David de la Cruz (UAE) não sabe descer e Louis Mentjes (Intermarché-Wanty) é o rei da roda.

Adiós.


Etapa Rainha é Bruno Dias, português de perto do Porto, onde equipe se escreve equipa e blefe é bluff. 🙂

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Você pode ouvir e seguir a corrida com a gente via Twitter Spaces no nosso #REVIRAVUELTA. Diariamente, a partir das 12:15h (Brasília), 16:15h (Lisboa) ou 17:15h (CET), você acompanha os quilômetros finais do dia com um breve bate-papo pós-etapa, trazendo o melhor do que rolou. O programa que é como uma sala de áudio onde todo mundo pode entrar para ouvir e conta com a narração e moderação do Junimba Simões e as análises do Allan Almeida pelo BikeBlz e ainda do Davide Gomes e do Tiago Ferreira do Portuguese Cycling Magazine, sempre em bom e claro português do mundo. Confira!

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