Após todas as emoções da primavera e o prelúdio que as provas das últimas semanas nos ofereceram, o pelotão feminino larga no Giro Donne nesta quinta-feira (29).

O Giro Donne, que é a contrapartida feminina ao Giro da Itália, é a prova por etapas mais antiga do ciclismo feminino. Mesmo nos anos magros em que várias provas femininas foram canceladas, o Giro Donne se manteve firme e forte. No entanto, nem tudo são rosas na prova que já foi conhecida como Giro Rosa, com o perdão do trocadilho. Durante muitos anos a organização descumpriu critérios mínimos de transmissão ao vivo, para provas do Women’s World Tour, culminando com o  rebaixamento em 2021 para categoria .Pro.

O “puxão de orelha” da UCI levou à mudança na organização da prova, que passou ao comando da PMG Sport Starlight, com já algumas melhorias em 2021. Este ano o Giro Donne retorna ao WWT, com a organização prometendo duas horas de transmissão ao vivo para cada etapa e premiação compatível com a oferecida no Tour de France de Femmes avec Zwift, totalizando 250.000 €.

Pelo visto, tanto a cobrança da UCI, como também a competição de outra prova por etapas, como o Tour de France Femmes, contribuíram para elevar o nível da prova e finalmente permitir que o fã do ciclismo feminino acompanhe a corrida em tempo real.

Percurso 2022

A Grande Partenza do Giro Donne será na belíssima Sardenha, que vai sediar as três primeiras etapas.

Antes de falar do percurso, é importante fazer um “disclaimer”: a organização do Giro Donne é famosa por “propaganda enganosa” no que se refere a altimetria dos percursos, divulgando como planas etapas que se revelam muito acidentadas. Desde já, nos desculpamos por qualquer equívoco, pois a presente apresentação foi baseada nos arquivos .gpx fornecidos pela organização.


30/06

Etapa 1 – Contrarrelógio individual (Prólogo)

Cagliari – Cagliari (4,8 km)

A primeira etapa será em Cagliari, capital da Sardenha. No papel, trata-se de um prólogo plano como mesa de bilhar, a beira-mar, pouco técnico, com apenas 3 curvas. Tudo isto somado a previsão de ventos de até 13 km/h, deverá favorecer atletas que conseguem produzir muita potência absoluta, incluindo sprinters e roulers.

Ainda com a startlist incompleta, as nossas selecionadas para ficar de olho nesta etapa são: Marianne Vos (Jumbo-Visma), Lotte Kopecky (SD Worx), Kristen Faulkner (Bike Exchange). Das candidatas à CG, Annemiek van Vleuten (Movistar) já teve bons resultados em prólogos no passado.

Outros nomes fortes no contra-relógio são: Joss Lowden (Drops–Le Col), atual Campeã ITT da Grã-Bretanha e antiga detentora do recorde mundial da hora; Leah Thomas (Movistar), Campeã Americana ITT, Emma Norsgaard (Movistar), Campeã Dinamarquesa ITT e a dupla de Georgias: Georgia Williams e Georgia Baker da  Bike Exchange, que foram recentemente muito bem no contrarrelógio no Tour da Suíça.

Vale lembrar que a vitória possivelmente assegure a Maglia Rosa até a 4ª etapa.


01/07

Etapa 2 – Plano

Villasimius > Tortoli (106,5 km)

Na segunda etapa, o pelotão ruma ao norte da Sardenha. A etapa será bastante rolada, com perfil de clássicas. Seria o cenário ideal para atletas fora do radar e menos marcadas a buscarem uma fuga, porém resta saber se o pelotão vai dar muita liberdade, considerando que a Classificação Geral provavelmente ainda estará indefinida. Além disso, temos neste Giro muitas sprinters que conseguem sobreviver a percursos acidentados, tais como Elisa Balsamo (Trek-Segafredo), Marianne Vos (Jumbo-Visma) e Lotte Kopecky (SD Worx).


02/07

Etapa 3 – Plano

Dorgali > Olbia (113,4 km)

O Giro Donne encerra seu momento sardo com a chegada da terceira etapa em Olbia. É uma etapa que parece ter sido desenhada para as sprinters, com pouquíssima altimetria e chegada plana.


04/07

Etapa 4 – Média montanha (1774 m)

Cesena > Cesena (121 km)

Depois de um dia de “descanso”, onde todo o circo do Giro Donne (atletas, staff, mecânicos e carros de apoio) deixa a Sardenha rumo à Emilia-Romana, o pelotão vai encarar a primeira etapa com potencial de balançar a Classificação Geral. Serão três montanhas categorizadas, duas delas bastante íngremes. A chegada também será numa leve subida.


05/07

Etapa 5 – Plano

Carpi > Reggio Emilia (126,1 km)

No papel esta parece ser uma daquelas etapas sonolentas em que uma fuga sem muitas chances é condenada a pedalar por quilômetros a fio, até ser alcançada quando estiver próxima a chegada, para a final em sprint massivo. Porém, o ciclismo feminino é sempre surpreendente e se o pelotão estiver distraído, podemos ter um ataque surpresa nos quilômetros finais.


06/07

Etapa 6 – Média montanha  (1007 m)

Grumello Del Monte > Bergamo (114,7 km)

Nesta etapa o Giro Rosa entra na Lombardia, com a largada em Sarnico, à beira do Lago d’Iseo. O percurso segue num circuito pela região, passando quatro vezes pela montanha categorizada San Pantaleon (Monti di Grumello). A distância de 1,8 km e média de inclinação de 5,6% pode não parecer muita coisa, mas se o pelotão impuser um ritmo forte, o cansaço acumulado pode pesar. Após finalizar o circuito, as atletas rumam à Bergamo e encaram uma nova subida na entrada da cidade na Porta de San Lorenzo.

Na verdade, a chegada em Bergamo me pareceu a mesma que foi usada pelo Giro D’Italia (masculino) em 2017. Nesta ocasião, aconteceu uma seleção nesta subida final com um grupo forte, envolvendo candidatos à Classificação Geral e outros ‘Classiqueiros’, que sustentaram a diferença na descida até a linha de chegada, com Bob Jungels levando a melhor.

Já consigo imaginar equipes como a Trek-Segafredo armando um ataque na Porta de San Lorenzo com Lucinda Brand guiando Elisa Longo Borghini nas descidas.


07/07

Etapa 7 – Alta montanha  (2001 m)

Prevalle > Passo Maniva (112,9 Km)

Com a única chegada em topo de montanha deste Giro, esta deverá ser uma battle royale das favoritas à Maglia Rosa. Saindo da bela região do Lago di Garda, as atletas encaram um percurso relativamente plano até a cidade de Brescia. A partir daí começam a subir. Inicialmente, um falso plano até começar o gigante do dia, o Passo Manivale, com quase 10 km a 7,8% de média de inclinação..

Será um dia decisivo para a Classificação Geral.


08/07

Etapa 8 – Alta montanha  (2322 m)

Rovereto > Aldeno (104,7 km)

Esta etapa promete ser intensa, com uma distância relativamente curta e muita altimetria. Após a etapa brutal do dia anterior, é possível que as equipes que almejam a Classificação Geral fiquem contentes em deixar escapar uma fuga com atletas que não representem ameaça. Por outro lado, a última montanha do dia, Lago di Cel, com cerca de 10 km a 7% tem alguns trechos duros batendo os 2 dígitos, pode ter nova troca de farpas na GC com quem perdeu tempo, tentando se recuperar.


09/07

Etapa 9 – Etapa Rainha – Alta montanha  (3170 m)

San Michele all’Adige > San Lorenzo Dorsino (112,8 km)

Mais um dia que promete ser pesado com o maior ganho de altimetria de toda competição e o Cima Coppi (ponto mais) deste Giro Donne no duríssimo Passo Daone (1291m). Seria o dia perfeito para alguém tentar imitar Chris Froome na famosa etapa do Colle delle Finestre.


10/07

Etapa 10 – Plano

Abano Terme > Padova (90,5 km)

Dia tranquilinho, com percurso pouco acidentado. O único desafio deve ser a última montanha categorizada da prova, que fica há mais de 60 km da final. Apostamos numa chegada com sprint em massa.


Favoritas

Este é um artigo em evolução, visto que muitas equipes ainda não divulgaram a lista completa.

Para mim, o tema da atual temporada de ciclismo feminino é: Batalha de Gerações. Vimos isto na primavera com nomes consagrados em disputas acirradas com novos talentos, muitas vezes levando a pior. Devemos ver uma continuação desta disputa no Giro Donne, seja na Classificação Geral, seja na disputa por pontos e até na disputa de melhor atleta italiana.

Maglia Rosa (Classificação Geral):
Annemiek van Vleuten; Marta Cavalli, Elisa Longo Borghini, Juliette Labous; Kristen Faulkner

Maglia Ciclamino (Classificação por Pontos):
Elisa Balsamo, Marianne Vos, Lotte Kopecky, Marta Bastianelli, Charlote Kool, Emma Norsgaard

Maglia Verde (Classificação Montanha):
Annemiek van Vleuten, Marta Bastianelli, Evita Muzic, Clara Koppenburg, Elise Chabbey, Mavi Garcia

Maglia Bianca (Classificação Geral Melhor Atleta Sub-23):
Evita Muzic, Anna Shackley, Blanka Vas

Maglia Azzurra (Classificação Geral Melhor Atleta Italiana):
Marta Cavalli, Elisa Longo Borghini, Soraya Paladin.


Onde assistir o Giro Donne 2022?

#TacoPapo BikeBlz

Com programas transmitidos AO VIVO todo Domingo às 18hs, com participação de Junimba, Allan Almeida, Adriana Nogueira, Edwin Contreras e convidados, nos nossos canais no YoutubeTwitter, Twitch e Facebook, nós aqui do BikeBlz vamos cobrir o Giro Donne em programas especias com participação da equipe do site.

 

DSports/Sky Brasil

A transmissão oficial do Giro Donne para o Brasil será feita pela primeira vez esse ano pelo novo canal de assinatura streaming DSports, com a narração de Sidney White e comentários de Leandro Bittar. Será bonito de ver. Requer assinatura.

RAI Internacional

Canal Italiano presente em diversos pacotes de TV por assinatura no Brasil, a RAI faz a transmissão da prova há anos e na língua local.

GCN+

GCN+ é um pacote de assinatura exclusivo de ciclismo, com transmissão do canal Eurosport (disponível apenas em inglês, francês, alemão e italiano). Corridas ao vivo ou por demanda de todas as provas do calendário. Tanto as provas masculinas, quanto as femininas, incluindo a temporada de Cyclocross. As provas têm transmissão geralmente de dois ex-ciclista profissionais: o excelente Sean Kelly (9X campeão de Clássicas Monumento, vencedor da Vuelta a España de 1988 e várias vitórias no Giro di Lombardia, Milan-San Remo, Paris-Roubaix e Liège-Bastogne- Liège) e Brian Smith. Algumas provas recebem também a excelente comentarista holandesa, José Been. Para ver as provas no Brasil é necessário instalar um VPN no navegador/browser, para simular um IP, destravando assim o bloqueio de geolocalização. Não é necessário fazer a assinatura do VPN. A sua versão gratuita atende bem.

Tiz-Cycling

Tiz-Cycling é um site pirata que transmite ilegalmente e de graça o sinal de todas as provas de ciclismo do mundo. As Grandes Voltas (GTs), os campeonatos nacionais, as Clássicas Belgas, Paris-Roubaix, ciclismo feminino, cyclocross. Tudo! Veja a nossa ENTREVISTA EXCLUSIVA com 10 perguntas para o canal Tiz Cycling. Descobrimos que além de norte-coreano, apenas 3 pessoas são responsáveis pelo site. Todos malucos por ciclismo. Só pode.


Start list

Confira a lista completa das ciclistas aqui →


Velogames

O Giro Donne terá seu Velogames, mas ele ainda não está no ar, pois o startlist da corrida ainda está em aberto. Anunciaremos assim que ele for confirmado para você montar o seu time e participar da nossa Liga BikeBlz > #13044627

Monte agora o seu time e divirta-se →

Hastags da prova: #GiroDonne#BikeBlz

Mas é legal divulgar canais não oficiais/piratas que fazem a transmissão das corridas?

Sinceramente não. O site BikeBlz recomenda a todos os seus seguidores que comprem os seus devidos pacotes de TV a Cabo ou assine um serviço de streaming disponível, principalmente para garantir a qualidade da transmissão, sem travamentos, imagens em HD e possibilidade de ver as provas quando você bem entender. Mas todos sabem que assistir ciclismo é uma tarefa por vezes hercúlea. Não passa em todo lugar, é difícil acompanhar…não é fácil.

Já foi bem pior pra falar a verdade, portanto por mais que não seja a mais legal das ações, acreditamos que assim, possibilitamos que mais gente tenha contato com o esporte e só assim ele poderá influenciar, crescer e atingir as massas. Em determinado momento, esse espectador passará a ser um seguidor e um consumidor do esporte. Comprará pacotes de TV ou streaming para ter mais qualidade de imagem. Contribuindo com toda a cadeia. Portanto dividir este conhecimento por agora, é o que mais achamos importante. Quanto mais gente tiver acesso ao esporte, seus incríveis atletas, suas lendas e histórias, mais gente ganha. Por isso que compartilhamos tudo isso aqui.


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