A discussão sobre as condições de mobilidade urbana é muito importante para aumentar o acesso e a qualidade de vida nas cidades. Trafegar por cidades brasileiras, como no Rio de Janeiro por exemplo, se torna um desafio dada a falta de planejamento em um trânsito que integre veículos, ciclistas e pedestres.

O movimento está no DNA humano e a possibilidade de viver novas experiências é um dos baratos de estar em uma cidade. Seja a pé, de bicicleta, de carro, de ônibus ou com qualquer outro meio de transporte, esse deslocamento tem tudo para ser prazeroso, mas também pode ser bastante estressante, pois sem boas condições de mobilidade urbana, a experiência de viver na cidade é pior.

A pesquisa lançada pelo Instituto de Políticas de Transporte & Desenvolvimento (ITDP) revelou que 19% das crianças de 4 e 5 anos precisam caminhar mais de 15 minutos para chegar a uma pré-escola e 18% das crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos precisam caminhar também mais de 15 minutos para chegar a sua escola do ensino fundamental. Isto demonstra uma série de obstáculos a serem superados. 

A necessidade de melhorar as condições de acessibilidade e infraestrutura para pedestres em geral, que seja seguro e adequado, são fatores fundamentais na cadeia da mobilidade sustentável. No Rio de Janeiro, estes fatores estão longe de reverter a predominância do transporte individual motorizado nas ruas. O uso da bicicleta tem papel fundamental para reduzir parte dessas lacunas, mas continua sendo percebido como um modo de deslocamento inseguro devido à falta de infraestrutura e às altas velocidades nas vias da cidade. 

A mesma pesquisa aponta que apenas 19% dos Cariocas vivem próximos a ciclovias ou ciclofaixas. Esse percentual coloca a cidade como a 3ª capital onde a sua população está distante de infraestruturas cicloviárias comparado a Fortaleza (64%), Belém (71%), Recife (76%), São Paulo, empatada com o Rio (81%), Curitiba (82%) e Belo Horizonte (89%). 

Portanto a bicicleta, solução para quem quer ir e vir com mais liberdade, menos gastos e maior segurança sanitária, deve ser priorizada nas ações de mobilidade das cidades. Porém, a cobertura da infraestrutura cicloviária ainda deixa muito a desejar. No Rio, os investimentos e as infraestruturas estão mais próximas de pessoas com maior renda, fator que evidencia a necessidade de reparos na desigualdade de acesso e que o investimento em infraestrutura precisa aumentar para alcançar outras regiões e pessoas.

Foto por Marcos Paulo Prado on Unsplash 


Adriano Mendes é cria da Maré, Gestor Público e Mestrando em Planejamento Urbano e Regional pela UFRJ. É Educador Popular e Pesquisador de Cidades Inteligentes.

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