É difícil olhar para além do trio de holandesas Denise Betsema, Lucinda Brand e Ceylin Del Carmen Alvarado no pódio do Mundial de Cyclocross que ocorre neste final de semana em Ostend, na Bélgica. Vamos ao perfil de cada uma:

Denise Betsema

Como característica, Betsema gosta de estar na frente e ditar o passo. Tem uma largada forte e seus skills de pilotagem na areia são incomparáveis.


Se a característica do circuito for um fator decisivo para selecionar a campeã, Denise Betsema, 28 anos, larga na frente das demais. A holandesa, moradora das Ilhas Texel, se sente em casa na areia, que é um dos principais trechos do circuito de Ostend.

A carreira de Betsema vem pontuada de altos e baixos. Após um início promissor nas categorias de base, ela interrompeu a carreira aos 18 anos quando engravidou. Ela retomou a carreira 3 anos depois como amadora no cyclocross e foi progredindo, até que em 2018-2019 ganhou projeção e um contrato profissional após vitória na Copa do Mundo de Koksijde e um contrato profissional. Tudo parecia um conto-de-fadas até que veio a suspensão por doping com uso de substância anabolizante em 2020. A holandesa retomou a temporada, tentando deixar a polêmica para trás e buscando se impor com seus resultados.

No entanto, fica uma interrogação sobre sua forma atual, já que há relatos que machucou o joelho na prova em Hamme no sábado passado. Será que Betsema consegue deixar toda polêmica para trás e se afirmar de vez como grande talento em Ostend?

Foto: Instagram @Denise Betsema


Lucinda Brand

Brand esteve no pódio dos últimos três mundiais de cyclocross, com uma prata e dois bronzes, mas ainda falta uma camisa arco-íris para consagrar a carreira desta grande atleta.


Outra grande favorita é Lucinda Brand, 31 anos, campeã da Copa do Mundo e atual líder das duas ligas mais importantes do cyclocross, Superprestige e X2O. Sem dúvida, é a atleta da temporada, com 22 pódios em 23 corridas disputadas, mostrando versatilidade para desempenhar bem em vários terrenos e circuitos diferentes. A holandesa evoluiu muito tecnicamente no cyclocross e tem se beneficiado da orientação de Sven Nyls. Não é muito explosiva nas largadas, mas tem um grande motor à diesel e tem se mostrado excelente nos trechos de corrida.

Nos anos anteriores, Lucinda sempre tem um temporada sólida e vem como uma das favoritas ao mundial, mas sempre o título de campeão do mundo parece escapar por algum erro técnico, alguma dificuldade mecânica ou uma forma física em declínio depois de todo o esforço da temporada.

Será que Lucinda sempre chega no pico antes do tempo? Considerando que ficou fora do pódio pela primeira vez na temporada no sábado passado e que no domingo pareceu estar um nível abaixo de Alvarado, é uma pergunta que fica no ar. Brand garante que não. Segundo a própria, ela veio de um bloco intenso de treinamento na areia e realmente estava cansada para as provas do final de semana, mas tudo foi dentro do planejamento para chegar voando em Ostend.

Foto: Instagram @Lucinda Brand 

Ceylin Del Carmen Alvarado

Jovem, simpática, bonita, ultra talentosa, negra e filha de imigrantes, Alvarado é a face de um ciclismo que todos queremos. 


Falei semana passada sobre as qualidades da Alvarado, atual campeã mundial, que chega em grande forma para defender o título. Apesar de ter contado com a falta de sorte no início da temporada e talvez ainda estar um pouco aquém na forma, Alvarado vem crescendo prova-a-prova e com as duas vitórias no final de semana passado, mostra que chega com tudo. Mesmo quando a situação lhe parece desfavorável, como foi a chegada em sprint no mundial do ano passado com Annemarie Worst, a pequena holandesa sabe tirar forças para virar o jogo.

Foto: Instagram @Ceylin Del Carmen Alvarado


Palpite da Dra.

Impossível dizer qual das três vai levar o Mundial. Dá para apostar com segurança apenas que o título mundial deve continuar com a equipe holandesa.

Correndo por fora e talvez disputando um lugar no pódio, temos a americana Clara Honsinger, que fez grande temporada, a experiente belga Sanne Cant e a holandesa Annemarie Worst, que pode surpreender embora não tenha chegado ao mesmo nível nesta temporada da sua performance em 2020.

Também merecem destaque as revelações sub-23: a húngara Blanka Kata Vas e a holandesa Manon Bakker.

Foto capa: Cor Vos


Adriana Nogueira é médica infectologista, apaixonada por ciclismo e dizia que só conseguia escrever em threads do Twitter.

Enquete #BikeBlz


Onde Assistir

Por conta da pandemia não haverá disputa na categoria de Juniores, apenas da Sub-23 e da categoria Elite. As provas terão transmissão ao vivo no site da UCI, com sinal aberto para países sem transmissão oficial (caso do Brasil) e também no serviço pago GCN Race Pass (é preciso instalar um VPN para ver no Brasil) ou pirata no Tiz Cycling. Se você mora em outro país, confira aqui a lista dos canais que transmitirão as provas.

Sábado (30/01)
SUB-23 MASCULINA
13h30 (horário local)/9:30h (horário Brasília)

ELITE FEMININA
15:10h (horário local)/11:10h (horário Brasília)

Domingo (11/01)
SUB-23 FEMININA
13h30 (horário local)/9:30h (horário Brasília)

ELITE MASCULINA
15:10h (horário local)/11:10h (horário Brasília)

Saiba mais detalhes sobre o Cyclocross e o Mundial aqui.

Instagram