O percurso

A polêmica começou logo na divulgação do percurso com várias atletas, tais como Annemiek van Vleuten e Marianne Vos protestando que a prova feminina seria uma versão aguada do masculino.

Ambas as provas irão largar no Parque Musashinimori e chegar no circuito de Fuji, mas a prova masculina vai encarar o icônico Monte Fuji há 30 km chegada e depois, há 20 km do final, o desafiador Passo Mikuni com seu gradiente médio de 10,6%. Sem dúvida alguma, essas duas montanhas vão animar a corrida. A chegada será uma volta e meia, cerca de 17 km, no Circuito de Fuji.

Não que a prova feminina vá ser plana, pois o percurso tem altimetria de 2692 metros distribuídos em 137 km. Porém, o percurso feminino tem como seus maiores desafios a Estrada Doushi (4,3 km @ 6,7%) e no Passo Kogasaka (2,3 km @4,9), sendo que o cume deste último fica há 40 km da chegada, distância suficiente para uma fuga ser neutralizada.

A chegada será uma volta e meia, cerca de 17 km, no Circuito de Fuji. O circuito é sinuoso e tem ainda alguns morros, que podem servir para alguma atleta lançar um ataque decisivo.

Obviamente, são as atletas que fazem a corrida e a disputa pode ser acirrada e emocionante, mesmo sem uma montanha decisiva na final. No entanto, essa disparidade de percurso sinaliza que ainda temos um longo percurso até se alcançar a igualdade entre gêneros pregada pelo Comitê Olímpico Internacional.

O pelotão

Outra diferença entre as provas masculinas e femininas é o tamanho do pelotão. No masculino serão 140 atletas na largada e no feminino somente 67.

Felizmente, essa disparidade será corrigida nos Jogos Olímpicos de Paris, quando haverá 180 vagas para provas de estrada, que serão divididas igualmente entre masculino e feminino, com 90 vagas para cada.

→ Startlist da prova feminina

As favoritas

Diferente das provas habituais, nem todas equipes têm o mesmo número de atletas na prova. As vagas são alocadas conforme um ranking e apenas seleções melhor colocadas têm direito ao número máximo de quatro vagas.

Numa prova dificílima e ultra disputada, ter um time completo é uma vantagem indiscutível, por isso vamos falar aqui das favoritas e depois de outras equipes fortes.

HOLANDA

A Seleção Holandesa é o dream team do ciclismo feminino e é a franca favorita ao Ouro.

O time Holandês conta com estrelas consagradas como Marianne Vos (ouro em Londres/2012), Anna van der Breggen (Ouro no Rio 2016 e atual Campeã do Mundo), Annemiek van Vleuten (Campeã do Mundo em 2019) e Demi Vollering, que é uma estrela em ascensão, tendo ganho este ano a La Course e Liege-Bastogne-Liege.

Com um elenco desses, muitos acreditam que a Holanda só perde se cometer um erro tático ou se as atletas deixarem de trabalhar em conjunto por disputas internas.

Difícil é prever quem dentro do time tem mais chances de levar o Ouro. É possível imaginar um cenário em que cada uma delas seria a favorita, porém, no último ano, Anna van der Breggen se mostrou superior a Annemiek van Vleuten quando as duas se encararam e Demi Vollering bateu Marianne Vos num sprint selecionado na La Course.

ITÁLIA

Na equipe italiana, a medalha de bronze no Rio, Elisa Longo Borghini é sempre uma candidata forte, mas é preciso lembrar que sua performance deixou a desejar na recente edição do Giro Donne.

Uma conterrânea sua que vem forte é Marta Cavalli. A atleta de 23 anos teve uma performance surpreendente no Giro Donne, ficando em 6º na Classificação Geral e com o 4º lugar na Etapa Rainha atrás do trio Campeão da SD Works.

AUSTRÁLIA

A líder natural da equipe Australiana é Amanda Spratt, que tem em seu palmares alguns pódios em mundiais. Porém, a arma secreta da equipe é Grace Brown, que vem tendo uma temporada incrível e fez seu primeiro pódio no WWT nesta temporada.

EUA

A Seleção Americana nunca pode ser subestimada. A equipe tem atletas fortes como Ruth Winder e Coryn Rivera, que demonstraram estar em boa forma no Giro Donne. Resta a interrogação sobre a forma da estrela da equipe, Chloe Dygert, já que a mesma não compete desde que sofreu um grave acidente no mundial do ano passado em Ímola.

CORRENDO POR FORA

Apesar da desvantagem, outras atletas de equipes menores ou ainda que largam sozinhas podem surpreender.

A polonesa Kasia Niewiadoma é uma delas. Ela escala bem e desce como um capeta, como demonstrou na La Course do ano passado. Da mesma forma que Annemiek van Vleuten, a Polonesa optou por não correr o Giro Donne com objetivo de focar seus treinamentos para as Olimpíadas.

Quem não adoraria ver a queridinha do ciclismo Cecilie Uttrup Ludwig com uma Medalha Olímpica? A Dinamarquesa sempre marca presença com boas colocações e foi segundo lugar na La Course deste ano. Infelizmente, a Dinamarquesa sofreu uma queda no início do Giro Donne, que pode prejudicar sua forma.

A inglesa Lizzie Deignan, Campeã do Mundo em 2017, chega em boa forma e vai dar trabalho. Lizzie demonstrou mais de uma vez que pode escalar com as melhores e sprintar bem num grupo seleto.

Outros nomes para ficar de olho: Lotte Koppecky (Bélgica) e Mavi Garcia (Espanha).

→ Confira a programação completa do ciclismo nas Olimpíadas

Adriana Nogueira é médica infectologista, apaixonada por ciclismo e dizia que só conseguia escrever em threads do Twitter.


Onde assistir

As provas terão transmissão oficial na TV Globo, na GloboPlay com provas na íntegra e nos canais por assinatura SporTV e BandSports (com comentários do Leandro Bittar) para o Brasil e também pelo serviço de streaming GCN+ e como sempre, também no Tiz Cycling.

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