A maior prova desportiva do planeta Terra (italianos provavelmente discordam, mas esses não contam) começou na Dinamarca em mais uma d€cisão ac€rtada de Prudhomme, foram etapas inesquecíveis com muita emoção. De resto vimos o Esloveno Eddy Merckx a dominar até o momento, o Macaulay Culkin Dinamarquês a ser o único que lhe deu alguma luta e o segundo melhor do mundo a selar a Classificação dos Pontos.
O reino da Dinamarca
A prova abriu com uma apresentação emocionante, com os Dinamarqueses loucos com a fortuna de ter o Tour pelas suas terras. Copenhagen encheu-se para receber os ciclistas e o apoio aos ciclistas da casa foi arrepiante.
Magnus Cort foi a estrela da casa na Dinamarca
E depois os ciclistas retribuíram com três dias do melhor ciclismo que se há visto na última década. Foi lendário. Magnus Cort (EF Education-EasyPost) festejou todas as vezes que venceu o máximo de pontos da montanha. O ritmo que o pelotão encarou nestes dias foi tão elevado que eu em casa mal conseguia ver os ciclistas, mas isso também pode ter sido por ter adormecido e o momento mais alto pelo Reino Nórdico foi a passagem pela lendária ponte que com o vento, foi um espetáculo inacreditável. Nunca tinha visto análises tão detalhadas sobre o efeito do vento num pelotão na passagem por uma ponte. Parecia o Discovery Science.
A Great Belt Bridge, a ponte que foi a estrela da última etapa na Dinamarca
Para fechar este tema, destaque para Yves Lampaert (Quick-Step Alpha Vynil). O primeiro Camisa Amarela foi o que teve melhor sorte com as condições climáticas e bateu Ganna, Pogacar, Van Aert & Cia.
Yves Lampaert surpreendeu a todos no contrarrelógio e foi o primeiro Camisa Amarela
As maravilhas do norte da França
Ao contrário da Dinamarca, o norte da França não prometia muito. Empedrado, etapas onduladas e finais explosivos. As expectativas eram muito baixas. Ainda por cima, depois de três dias absolutamente lendários na Dinamarca, com uma competitividade ao nível do Giro d’Italia deste ano.
Mas a verdade é que acabou por surpreender. A etapa com final em Calais, terminou com uma demonstração da Jumbo-Visma, que já tinha avisado na Paris-Nice que podia fazer uma coisa destas. Nesse dia, o segundo melhor do mundo venceu. Seguiu-se a etapa de paralelepípedos que mostrou que este terreno faz diferença e provou que aqui não se vence o Tour, mas pode-se perdê-lo. A chegada a Longwy foi mais um dia com perfil ondulado e com um vencedor surpresa, um tal de Tadej Pogacar (UAE) que no dia seguinte voltou a molhar o bico na Hiper Super Mega Magnânima La Planche de Belles Filles.
Pogacar venceu duas até aqui e veste a Amarela
Pogamerckx
Escala, rola, sprinta, anda no paralelepípedo como se fosse asfalto, faz contrarrelógios melhores que Pippo Ganna (Ineos Grenadiers), raramente cai e avarias só aparecem na zona neutralizada, enquanto metade dos colegas trocam 20 vezes de bicicleta.
Venceu duas etapas: em Longwy deu 5 bicicletas de avanço num sprint sobre Michael Matthews (BikeExchange). No terreno dele e na Planche de Belles Filles, deixou que Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma) acariciasse a glória e roubou-a em cima da meta como quem rouba um rebuçado a uma criança. Uma maldade digna de um psicopata competitivo. No final, ainda passou um raspanete em Rafal Majka (UAE), que desta vez não se desculpou com a falha do rádio. Está cada vez mais difícil manter o trabalho no World Tour e convém não mentir ao patrão.
⏪💛 ¡La Super Planche des Belles Filles lleva al límite a los ciclista!
🎬 Así ha sido la llegada del ganador y líder @TamauPogi. #TDF2022 pic.twitter.com/OsrFy7zcCs
— Tour de France ES (@letour_es) July 8, 2022
O segundo melhor da história
O segundo melhor da história, mostrou ao melhor da história, que também sabe dar espetáculo e juntou a isso, efetividade. Bastaram 9 etapas para selar a Classificação por Pontos, ter duas etapas no papo e ainda mostrou ser um gregário imprescindível na etapa de paralelepípedo. Sem ele, Vingegaard tinha chegado com Roglic.
Wout van Aert, “o segundo melhor da história”
Começou este Tour com três 2º lugares, mostrando que adora o número 2. Mas depois fez uma exibição total na chegada em Calais, provou que de vez em quando gosta de ser o número 1. Além da etapa, vestiu a Amarela. Um sonho que perseguia há bastante tempo. Esse dia foi também marcado pelo festejo de Jasper Philipsen (Alpecin-Deceuninck) que pensou que tinha vencido a etapa. Obviamente que tinha que ser um colega, do melhor da história, a tentar retirar o protagonismo a Van Aert. Foi demasiado óbvio, Mathieu. Enfim…
Philipsen comemora o segundo lugar em Calais.
Coisas de belgas. pic.twitter.com/31KZSehBwC
— Etapa Rainha (@etaparainha) July 5, 2022
Wout Van Aert perdeu a Amarela na chegada a Longwy porque decidiu ir para a fuga e acabou a honrar a Camisola que envergava, mas não fechou a semana sem antes vencer de novo, numa chegada que bateu o pobre coitado do Michael ‘Bling’ Matthews (BikeExchange). Continua a ser o ser o segundo melhor da história, mas um bocadinho mais perto do melhor da história. Estava a 20 patamares, agora está a 19.
Wout segue de Verde
Dos Países Baixos com amor
Se o melhor da história está a descobrir que fazer Clássicas, Giro e Tour no mesmo ano é uma tarefa que nem Hércules se atreveria a tentar, por outro lado, os puro sangue do sprint do país das tulipas mostraram nos dois sprints massivos, que estão um patamar acima dos restantes. Fabio Jakobsen (Quick-Step Alpha Vinyl) foi o primeiro a vencer, num sprint que é a imagem da temporada: dominador e incontestável. O grande rival não quis ficar atrás e Dylan Groenewegen (BikeExchange) mostrou que continua a ser um dos sprinters mais potentes do pelotão na etapa seguinte.
Fabio Jakobsen venceu a primeira etapa para os velocistas
Jasper Philipsen, Caleb Ewan (Lotto Soudal) e Mads Pedersen (Trek-Segafredo) não terão muitas oportunidades de contestar a superioridade das duas tulipas voadoras e ainda terão de levar o segundo melhor do mundo, que gosta de se intrometer na luta dos sprints, só para humilhar.
A sina de Primoz e das abelhas
Etapa de paralelepípedo e tudo corria bem a Roglic. Vingegaard já estava atrasado depois de uma troca de bicicleta que mais parecia um bailado de homens em lycra. Ele estava no grupo principal, sempre bem posicionado e mostrava sinais encorajadores. Até que um fardo de palha que a organização colocou numa saída de rotunda (sem duvida uma ideia brilhante), vai para o meio da estrada, derrubando uma série de ciclistas e claro que Roglic era um deles. Deslocou o ombro, onde ele mesmo colocou-o no lugar e terminou a mais de 2 minutos de Pogacar.
Passou o resto da semana a tentar sobreviver, apesar de dizer que “cada pedalada que dá é como uma facada nas costas”.
Fugas
Oito etapas em linha, apenas duas fugas tiveram sucesso: Simon Clarke (Israel PremierTech) venceu a etapa de paralelepípedo, um dia importante para a Israel-PremierTech e Bob Jungels (Ag2R-Citroen) depois de 3 anos desaparecido, ressuscitou melhor do que nunca, com um raid solitário de 60 Km.
Bob Jungles venceu depois de 3 anos
Fiquem bem e façam como Pogacar: andem de bicicleta com sapatilhas de cadarço e se possível, com um tufo de cabelo a sair pelo capacete. Ganham mais 50 watts.
Au revoir.
Hastags da prova: #TDF2022, #BikeBlz
Fotos: ASO/Pauline Ballet, Charly Lopez, Aurélian Viallate
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