A segunda grande volta mais importante da Ibéria terminou no outro Domingo (17). Foi uma edição tão, mas tão interessante que o melhor momento foi o seu final.

Vamos ao que interessa, aos nomes e fatos que fizeram mais uma Vuelta.

O gregário

Sepp Kuss, o melhor gregário de montanha do mundo, que agora é o ex-gregário, pelo menos por uns meses. Kuss vai ter todo o inverno para festejar este feito histórico, desde Chris Horner em 2013 que um norte-americano não vencia uma grande volta e talvez por essa razão o desespero dos jornalistas americanos, que passaram duas semanas e meia a exigir que a Jumbo-Visma desse esta Vuelta a Kuss. Eles também foram protagonistas nesta vitória. As mais incríveis teorias de conspiração ciclísticas de 2023 foram protagonizadas durante esta Vuelta pela jihad americana, desde posicionamento ‘estranhos’, que de estranhos não tinham nada, até autênticas novelas de promessas e traições que mais pareciam roteiros mexicanos de má qualidade.

Sepp Kuss venceu uma Vuelta, uma das surpresas da última década que também simboliza e premeia a imagem do gregário e é nisso que devíamos focar e não nas novelas idiotas de certo jornalismo.

Sepp Kuss – o gregário campeão da La Vuelta 2023

Os gregários do gregário

Jonas Vingegaard foi um gregário fiel de Sepp Kuss, venceu no Tourmalet para dedicar à sua filha, venceu em Bejes para dedicar a Nathan von Hooydonck, defendeu Kuss no Angliru indo na roda de Roglic deixando sozinho Kuss e de repente, ficou a meia dúzia de segundos da liderança.

Por outro lado Primoz Roglic foi um gregário infiel, venceu em Xorret de Cati ao sprint com Kuss no grupo, no Tourmalet e Bejes ficou com Kuss quando Vingegaard atacou, em Bejes ainda fez um mini-ataque. Mas foi no Angliru que mostrou ao que veio, a 2 Km da meta quando estava a mais de minuto e meio de Kuss, decidiu que queria vencer a etapa. O problema é que não tinha a quem dedicar e Vingegaard decidiu ir na roda porque isto de querer ganhar etapas sem dedicatórias não está com nada.

Os gregários do gregário, Jonas Vingegaard e Primoz Roglic

O campeonato espanhol

Juan Ayuso, Mikel Landa e Enric Mas disputaram o campeonato espanhol de voltistas, só faltou Carlos Rodriguez. Uma competição chata para c*ralho que só interessou aos espanhóis. O número de ‘ataques peseta’ foi considerável e valeu umas boas risadas. Foi bom ver a Bahrain a trabalhar metade da etapa para depois Landa ser descarregado pelos Jumbo, uma ode ao Landismo. Também foi incrível ouvir Enric Mas nos finais das etapas, todos os dias foram duros e extremamente penosos.

E finalmente foi um prazer ouvir Ayuso no dia de descanso prometer tanto, mas depois na estrada não cumprir absolutamente nada, sem mencionar as brilhantes escolhas táticas da UAE.

Juan Ayuso

Rivalidade na Bora

Vamos falar da grande rivalidade desta Vuelta, todos que acham que o grande embate foi entre os homens da Jumbo-Visma estão redondamente enganados, o duelo entre Aleksandr Vlasov e o ‘adolescente’ Cian Uijtdebroeks foi surpreendente apimentado.

Dos poucos ataques extra-Jumbo que tivemos, destaca-se um durante a etapa de Cruz de Linares, quando Vlasov e o colega de equipe Nico Denz atacaram a corrida e o objetivo era roubar o lugar na GC de … Cian Uijtdebroeks, que coincidentemente também corre na Bora-Hansgrohe. O jovem belga no final mostrou-se surpreendido e na penúltima etapa, o russo voltou a mexer-se e acabou mesmo por roubar o lugar de Uijtdebroeks. No final Vlasov conseguiu o tão desejado e incrível 7º lugar com 7 segundos de vantagem sobre um rapaz de 19 anos. A luta interna na Bora-Hansgrohe começou nesta Vuelta e ainda falta Jai Hindley unir-se à festa.

Cian Uijtdebroeks

Almeidone

Começou a Vuelta como co-líder e justificou o status quando fez um contra-relógio de grande qualidade e parecia ser um sério candidato ao pódio até que apareceu algo no seu caminho, como não podia ser de outra forma, é o fado português. A gripe apanhou o mestre do io-iô no dia do Tourmalet e o tuga optou por lutar em vez de perder tempo propositadamente para ter liberdade nas fugas. Para uns foi um erro para outros apenas mostrou a fibra competitiva de Almeida, a jihad Tuga ficou dividida e mais uma vez deram espetáculo das redes sociais.

João Almeida

Alpasprint

Mais três vitórias de etapa, depois de várias no Tour e Giro, são a melhor equipe de sprint de 2023. Kaden Groves confirmou ser um sprinter de futuro, correspondeu da melhor forma às expectativas e acima de tudo sem encostos, ombradas e empurrões para as barreiras.

Kaden Groves

Remco

Começou a Vuelta como campeão em título e os primeiros dias confirmaram-no como candidato a repetir, no seu habitual estilo peculiar. Mas a etapa do Tourmalet transformou e humanizou Remco, a debacle foi tão grande que de repente passamos a ter a versão mais simpática. O belga no dia a seguir ao terremoto, venceu a etapa e voltaria a repetir na terceira semana.

Entrou nesta Vuelta como menino e saiu homem.

Remco chegou menino e saiu um homem desta Vuelta

Fuga de la Fuga

Etapa 1: Crono
Etapa 2: Não
Etapa 3: Não
Etapa 4: Não
Etapa 5: Não
Etapa 6: Sim
Etapa 7: Não
Etapa 8: Não
Etapa 9: Sim
Etapa 10: Crono
Etapa 11: Sim
Etapa 12: Não
Etapa 13: Não
Etapa 14: Sim
Etapa 15: Sim
Etapa 16: Não
Etapa 17: Não
Etapa 18: Sim
Etapa 19: Não
Etapa 20: Sim
Etapa 21: Não

7 Fugas em 19 etapas (cronos não contam): 37% de sucesso (Giro teve 55,5 % e Tour 45%). Nenhuma resultou em fuga bidone.

Avaliação final

Melhor etapa: 6
Melhor momento: Quando acabou
Revelação: Cian Uijtdebroeks
Melhor equipe: Jumbo-Visma
Melhor gregário: Sepp Kuss
Melhor sprinter: Kaden Groves
Melhor lançador de sprint: Rui Oliveira

Fiquem bem.
Adiós.

Obrigado a você que seguiu a Vuelta até aqui com a gente.

Fonte: Vuelta a Espanha
Fotos: Charly Lopez/Spring Cycling


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