A maior prova desportiva do planeta Terra e arredores, terminou no domingo passado. Uma edição marcada pela partida na Dinamarca, onde 60% da população do país nórdico saiu para as ruas, a esperança de que Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma) fosse o sucessor de Bjarne Riis (Team Telekom 1996) era enorme e o tempo deu-lhes razão.

Esta foi uma edição que dificilmente iremos esquecer por bons motivos, houve muito espetáculo e o duelo na estrada foi tremendo, no final caíram vários mitos, entre eles:

  • Pogacar é invencível
  • A Jumbo-Visma nunca acerta
  • Wout Van Aert é egoísta
  • Roglic é egoísta
  • Ganna é o melhor contrarrelogista da história
  • O ciclismo está cada vez mais nivelado
  • A Movistar não é meme

Bora lá falar dos protagonistas:

VINGEGOD

O jovem Dinamarquês que passava os dias a limpar peixe em 2017 e é sósia do Macaulay Culkin, cinco anos depois, conquista uma das provas desportivas mais duras do planeta, depois de bater um tal de Tadej Pogacar (UAE). Começou o Tour como um dos líderes das abelhas, mas rapidamente passou a ser o líder único, porque Primoz Roglic (Jumbo-Visma) tem uma atração fatal pelo chão no Tour. No entanto, é bom referir que o Esloveno foi uma peça fundamental na estratégia.

Vingegaard sucede ao Mr. 60 na lista dos vencedores Dinamarqueses. Em 1996, Riis também derrubou um monstro: Miguel Indurain. Venceu três etapa, Amarela e Sarampada, foi um Tour perfeito para ele.

Vingegod

Pódio e Top 10

POGI, O HUMANO

Até ao Granon parecia indestrutível, depois desse fatídico dia tudo mudou, pareceu sempre o mais débil dos dois candidatos à Amarela e nunca conseguiu abalar a carraça Vingegaard. Mesmo assim, venceu três etapas e foi o único a pôr em dúvida o poderio das abelhas.

A UAE também sofreu das perdas por Covid, mas Majka, Soler, Bjerg e McNulty apoiaram-no relativamente bem, o Americano foi autor de uma das melhores exibições da prova na etapa de Peyragudes. Em 2023 promete estar melhor e temos de acreditar nele. Costuma cumprir as suas promessas. Prometeu atacar todos os dias da 3ª semana e cumpriu, até nos Campos Elísios o fez.

Tadej Pogacar é humano

O MELHOR DOS OUTROS

Geraint Thomas (Ineos) aguentou quanto pôde com Vingegaard e Pogacar, mas no final terminou a mais de 7 minutos do Camisola Amarela. O objetivo era o pódio e conseguiu, já lá se vão os tempos que a Ineos chegava ao Tour e impunha a sua lei. Neste momento são incapazes de lutar pela vitória, desde 2020 que a Jumbo e Pogacar estão a vários patamares acima.

Geraint Thomas fechou o pódio no TDF 2022

DAVID ENTRE GOLIAS

A Groupama-FDJ fez um Tour bastante positivo, culminado pelo 4º lugar de David Gaudu. Nunca ameaçou o pódio de Thomas, mas também ao contrário do que é habitual, não teve aqueles dias que apanha 20 minutos e fica completamente fora da luta pela Geral. Liderou o 3º pelotão, deixou Marc Madiot em êxtase e sabemos bem o que isso significa. Solidariedade total com Gaudu.

CZAR

O Tour de Aleksandr Vlasov (Bora-Hansgrohe) resume-se assim: queda na 1ª semana, perda de tempo importante nas primeiras chegadas ao alto, ‘fuga-bidone’ que lhe permite entrar no Top 10, passa Quintana (Arkea-Samsic) e Meintjes (Intermarchè-Wanty Gobert) no contrarrelógio final e termina no Top 5.

Ficou a 8 minutos e 24 segundos do objetivo.

KINGTANA

O velhinho Nairo Quintana (Arkea-Samsic) num dia estava super e no dia seguinte apanhava minutada. Foi a imagem dos últimos anos da sua carreira, mas sem quedas. Este ano o asfalto escapou. Foi o melhor Colombiano em prova e no Granon até pensamos que estávamos de regresso a 2017 com Quintana e Bardet (DSM) na frente, só faltava Chris Froome (Israel) e Rigoberto Uran (EF) na roda.

O ‘Velhinho’ Nairo Quintana ainda tem lenha pra queimar

CLÁSSICO BARDET

Romain Bardet (DSM) abandonou o Giro e acabou por fazer o Tour, só não sabemos é se já está arrependido. Fez uma etapa brilhante no Granon e parecia destinado ao pódio, mas depois o que se seguiu foi o clássico deste ciclista. Romain Bardet é a prova viva que a Lei de Pudder é verdade: “Tudo o que começa mal, acaba mal. Tudo que começa bem, acaba pior.”

LOUIS MENTES

Louis Meintjes (Intermarch´é-Wanty Gobert) passou toda a carreira na bunda do pelotão, mas este ano mudou radicalmente e este Tour foi um bom exemplo, chegou a estar em fuga e ser ele o principal impulsionador da mesma, as imagens não mentem. Histórico!

LUTSECO

Ao contrário do ano passado em que Alexey Lutsenko (Astana) mal se viu e acabou no Top 10 por magia, este ano o Cazaque foi obrigado a aparecer nas fugas para recuperar tempo e isso deu-lhe um pouco mais de visibilidade. A forma como corre o Tour em relação ao que nos habituou nas provas de um dia ou de etapas de uma semana é tão oposta, que começamos a ter dúvidas se são a mesma pessoa.

O IRMÃO DO BIPOLAR

O que dizer dos manos Yates? Adam Yates (Ineos) começou com o gás todo e como sempre acontece, foi-se esvaziando ao longo da prova. Mas ao contrário do Simon (BikeExchange) não se imolou, pelos menos terminou no Top 10, a uns pornográficos 24 minutos.

O REI BELGA

Wout Van Aert demonstrou porque é ‘o segundo melhor ciclista da história’. Na ausência do ‘melhor da história’, o Belga foi o ciclista deste Tour. Venceu três etapas e ainda teve tempo para sacar o chicote na alta-montanha, nem Pogacar escapou à lei do tirano de Herentals. Vingegaard pode cortar ao meio a saladeira e dar ao Belga. Se repetir isto nos próximos cinco Tours, é capaz de chegar ao patamar do “The Chosen One”.

O Rei Belga, Wout van Aert

Volata

PHINALMENTE X2

Depois de 200 pódios e 134 segundos lugares em etapas do Tour, Jasper Philipsen (Alpecin-Deceuninck) conseguiu finalmente ganhar uma etapa e gostou tanto que repetiu no local mais desejado de todos, nos Campos Elísios. A Alpecin-Deceuninck acabou por fazer um bom Tour, tendo em conta que a jóia da coroa teve ausente.

Jasper Philipsen venceu na Champs-Elysées

O DUELO DE TULIPAS

Empate técnico entre as duas tulipas velozes. Num dos Tours com menos oportunidades para os puro-sangues da velocidade, Fabio Jakobsen (QuickStep) e Dylan Groenewegen (BikeExchange), que sofrem em qualquer subidinha, tiveram de se contentar com o mínimo exigido. Pelo menos terminaram a prova.

Fuga

19 etapas em linha, apenas 7 fugas tiveram sucesso: Simon Clarke (Israel PremierTech),  Bob Jungels (Ag2R-Citroen), Magnus Cort (EF), Tom Pidcock (Ineos), Mads Pedersen (Trek-Segafredo), Michael Matthews (BikeExchange) e Hugo Houle (Israel PremierTech). A percentagem de êxito da fuga situou-se nos 36,8%.

Este foi o melhor Tour deste século?

Não! Sim. Talvez…

Fiquem bem e façam como Wout Van Aert: aproveitem quando o inimigo não está por perto para brilhar, principalmente quando o inimigo é o melhor da história.
Au revoir.

P.S. A Movistar é mesmo um meme. Estava a brincar. 🙂

Hastags da prova: #TDF2022#BikeBlz
Fotos: ASO/Pauline Ballet, Charly Lopez, Aurélien Vialatte


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