Segunda semana da segunda maior prova da Península Ibérica. Uma semana que ficou marcada pelo domínio da colmeia, que até faz o impensável, unir a jihad tuga e belga.

Vamos então aos nomes e fatos desta semana:

Comandante Kuss

A ‘Águia de Durango’, o melhor gregário de montanha da atualidade e um dos melhores da história, Don Sepp Kuss (Jumbo-Visma) está a fazer sonhar os seus fiéis seguidores.

No primeiro dia de descanso mostrou confiança total, disse que não perderia mais de minuto e meio para Remco Evenepoel (Soudal–Quick-Step) no contra-relógio e foi mais longe, afirmou que pode ganhar esta Vuelta. A primeira parte já cumpriu, realizou uma crono de grande nível, falta a segunda parte.

Sepp Kuss

Os gregários do comandante

Para Sepp Kuss (Jumbo-Visma) cumprir a segunda parte, convém que os seus gregários cumpram com os seus compromissos. Jonas Vingeggard (Jumbo-Visma) um jovem pescador dinamarquês e Primoz Roglic (Jumbo-Visma) um veterano saltador de esqui devem cumprir o seu dever e pagar todas as dividas que têm com o americano. O esloveno realizou um contra-relógio de enorme nível, depois passou a semana a seguir rodas, já o dinamarquês fez um contra-relógio fracote, nem parecia a mesma pessoa que fez ‘aquilo’ no Tour, mas depois no Tourmalet deixou um aviso a todos.

A verdade é que a abelhada neste momento ocupa todo o pódio, para perder esta Vuelta os três têm de falhar. Além disso, é preciso realçar o trabalho de um ciclista: o ancião Robert Gesink (Jumbo-Visma), está mais fresco que uma alface.

Robert Gesink

Almeidone

Começou a semana a todo gás, excelente contra-relógio, a esperança da tugalhada estava no máximo e com legitimidade, mas no dia do Tourmalet foi o primeiro a fraquejar. Eis que o nosso Almeida (UAE) acordou doente, solidário com o tuga, Remco não tardou a fazer-lhe companhia, foi então que o João decidiu acelerar e tentar recolar no grupo principal, poderia ter sido a sua maior obra mestra, o maior io-iô de sempre, mas infelizmente a colmeia estava a controlar tudo e não permitiu.

Almeidone fez quase 90 Km em solitário e perdeu apenas 6 minutos para Vingegaard. Uns dizem que devia ter descansado outros elogiam a sua resiliência e perseverança, mas pelo menos perdeu menos tempo que Remco.

Acabou a semana no 10º posto.

João Almeida no ITT

RemKO

Começou a semana no seu terreno, um contra-relógio plano onde esperava sacar bastante tempo aos rivais diretos, acabou por ganhar apenas 20 segundos a Roglic. A coisa piorou três dias depois, o grande teste para o belga chegava, etapa pirenaica com final no Tourmalet, mas nem foi preciso muito para se perceber que seria um dia catastrófico para ele, o Aubisque, uma das montanhas lendárias do ciclismo fez mais uma ilustre vitima.

No dia seguinte, o belga depois de uma noite mal passada fez o que melhor sabe, andou dezenas de quilómetros na frente a puxar e a descarregar adversários, numa vitória à Remco e não contente na etapa seguinte voltou a estar em fuga, mas dessa vez tinha pela frente o mestre poveiro Rui Costa e o resto é história.

Remco veste a Camisa de Bolinhas

O Pippo também Ganna

Remco partida para o contra-relógio como favorito, mas Pippo Ganna (Ineos Grenadiers) tinha umas contas a ajustar com o belga. O italiano voou, fez quase 56 Km/h em 25 Km planos, uma barbaridade. O belga ainda conseguiu recortar uns segundinhos na segunda parte, mas nunca pôs em causa a superioridade de Ganna, que teve aqui a sua pequena vingança do campeonato do mundo.

No dia seguinte, ainda com o embalo do dia anterior meteu-se na fuga e trabalhou para Geraint Thomas (Ineos Grenadiers) mas o galês não correspondeu.

Ganna vence o ITT

O binómio luso-colombiano

Quem diria que a grande alegria para o ciclismo colombiano nesta Vuelta tenha sido dada por um sprinter e com a preciosa ajuda do Renshaw de Vila Nova de Gaia, Rui Oliveira (UAE). A chegada a Saragoça devia ser estudada nas escolas de ciclismo, um dos melhores lançamentos do ano, a forma como Rui Oliveira posiciona Sebastian Molano (UAE) e desmonta o trem de embalagem da Alpecin é extraordinário. O colombiano deu a estocada final.

Os outros

Destaque para Jesus Herrada (Cofidis) que venceu a 11ª etapa através de uma fuga recheada de estrelas que torna esta vitória ainda mais impressionante, o arranque de Herrada é bombástico e a placagem do Guarda Civil ao soigneur da Cofidis é a parte mais grotesca. Também através de uma fuga, tivemos Rui Costa (Intermarché–Circus–Wanty) a ganhar uma etapa numa grande volta 10 anos depois da última, claro que quando ganha o poveiro as redes sociais incendeiam-se, a forma de correr dele não é a mais bonita do mundo, mas é de uma eficácia tremenda e o palmarés atesta isso.

Rui Costa vence 10 anos depois

Para geral, Cian Uijtdebroeks (Bora-Hansgrohe) é a esperança belga, o adolescente está a andar com os melhores, e na luta particular com Lenny Martinez (Groupama-FDJ) está a golear. O seu colega Aleksandr Vlasov (Bora-Hansgrohe) também anda pelo Top-10, vai tentando sobreviver. Mikel Landa (Bahrain Victorious) é outro que tenta sobreviver. Enric Mas (Movistar) teve algumas tentativas, mas todas pouco convincentes e o mesmo se pode dizer de Juan Ayuso (UAE) que é o melhor não-Jumbo. Marc Soler (Movistar) também se aguenta, veremos como a UAE o vai utilizar taticamente.

Adiós.

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