Resumo breve: 9 dias, 9 etapas, desde o País Basco até ao maciço central francês, 17 segundos separam os dois primeiros e depois existe um abismo para o 3º classificado. Pelo meio por entre umas cargas de ombro e lançado pelo o melhor da história, Jasper ‘Disaster’ Philipsen sacou três etapas ao sprint.
Etapa 7 – Mont-de-Marsan / Bordeaux (169,9 km) – PHILIPSEN Jasper
O duelo
Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma), ‘o pescador’ vs Tadej Pogacar (UAE), ‘o maneta’
O inicio no País Basco dava vantagem ao Tadej Pogacar, com a sua hiperatividade juvenil a encaixar na perfeição no terreno Basco. Por sua vez, Jonas Vingegaard também deu boas indicações, aguentou os ataques de Tadej Pogacar e ficou na roda, perdeu alguns segundos devido ao sprint, mas nada preocupante. Adam Yates (UAE) e Vitor Lafay (Cofidis) aproveitaram marcação entre os dois para faturar, enquanto que o Belgas dirigiram a raiva para o pobre Vingegaard, só porque na segunda etapa ele não fechou o espaço para Victor Lafay, Wout Van Aert podia ter ganho essa etapa. A ‘jihad’ Belga é uma coisa séria no ciclismo.
Nesses dias, a guerra psicológica também estava no auge, principalmente entre Pogacar e Van Aert, com imitações e bocas a animar o circo e a deixar em êxtase os fãs. Mas foi no quinto dia que vimos o primeiro duelo a sério entre os dois protagonistas principais, final em Laruns com o Marie Blanque a ser palco do primeiro grande ataque e Vingegaard foi o autor, com uma sapatada impressionante que deixou pregado na estrada o Esloveno. A coisa parecia bem encaminhada, a Jumbo-Visma também achava isso e tentou enterrar este Tour no Tourmalet no dia seguinte, ritmo infernal, Kelderman (Jumbp-Visma) a vingar o Stelvio 2020 ao descarregar o então Camisa Amarela e ex-colega, Jai Hindley (Bora-Hansgrohe). Mas Pegacar aguentou e em Cauterets foi a vez dele dar uma sapata que o fez recuperar quase 30 segundos.
Para fechar a semana, etapa com final do Puy de Dôme, a última visita a este local foi em 1988, mais da metade do pelotão ainda nem era nascido, Pogacar voltou a recuperar terreno, desta vez apenas 8 segundos num final agônico entre os dois.
17 segundos é o que os separa, com vantagem para o pescador, mas a tendência parece favorecer o maneta. O equilibro é total.
Etapa 9 – Saint-Léonard-de-Noblat / Puy de Dôme (182,4 km) – POGACAR Tadej (UAE TEAM EMIRATES), VINGEGAARD Jonas (JUMBO-VISMA)
Os humanos
Jai Hindley, o coveiro do Carapaz
Enorme etapa a de Laruns, meteu-se na fuga e ganhou uma excelente vantagem, inclusive vestiu a Amarela. No Tourmalet tentou seguir o ritmo da Jumbo e dos dois aliens, e como ele disse no final: “well I got my ass handed to me, didn’t I” (“bem, eu levei uma surra, não foi?”). É o atual 3º na Geral, tem 1 minuto e 40 de vantagem na luta pelo pódio. Não vale a pena dizer quanto tem de atraso para os aliens.
Simon Yates, o bipolar
Começou o Tour sem o hype habitual e tem sido uma agradável surpresa. Quando começa as grandes voltas com algum favoritismo normalmente desilude, está encontrado o segredo. Agora é manter a regularidade (milagre?) e evitar as quedas (sem a queda da oitava etapa era 4º na GC). Foi o único com tomates a fazer um ataque quando Pogacar e Vingegaard estavam no grupo, no Puy de Dôme.
Adam Yates, o co-líder
Ganhou a primeira etapa e pouco mais. Está ali na luta pelo top-5, mas Pogacar tem beneficiado da sua presença? Fica a questão.
Etapa 4 – Dax / Nogaro (181,8 km) – YATES Adam (UAE TEAM EMIRATES)
Carlos Rodriguez, Carlitos
Na semana que a sua ida para a Movistar é dada como certa, o jovem Espanhol destaca-se na maior prova de ciclismo. O toque de mídas de Eusebio Unzué já se faz sentir no jovem Espanhol.
Não há coincidências.
Tom Pidcock, Pidcocas
Quer ganhar uma etapa, mas também quer fazer um bom lugar na Geral e enquanto isso, o melhor classificado da Ineos não pode contar com Pidcock para o ajudar a atacar o pódio. É um ciclista com enorme talento, ambicioso e que deve ter alguma liberdade, mas também já se viu que ‘equipe’ para ele é uma palavra desconhecida.
Sepp Kuss, melhor gregário de montanha do mundo
Destruiu sonhos dos escaladores no Giro e está a fazer o mesmo neste Tour. Ou seja, mais uma grande volta normal para Sepp Kuss.
Etapa 6 – Tarbes / Cauterets-Cambasque (144,9 km) – KUSS Sepp (JUMBO-VISMA)
David Gaudu, o eucalipto de Madiot
É tipo um eucalipto, seca toda a sua equipe, ora vejamos:
- Arnaud Démare podia e devia estar no Tour, mas Gaudu não quis;
- Thibaut Pinot está a subir mais que ele, mas tem de esperar por Gaudu;
- Valentin Madouas, Campeão Francês, mal pode ir para fugas porque Gaudu precisa dele por perto;
- Stefan Küng, tive de confirmar se estava no Tour, é o homem dos bidons de Gaudu.
O resultado está a ser brilhante, o eucalipto é oitavo quando o objetivo era lutar pelo pódio.
Etapa 3 – Amorebieta-Etxano / Bayonne (187,4 km) – GAUDU David (GROUPAMA – FDJ)
Romain Bardet, o verdete
O único momento brilhante de Bardet esta semana foi quando conseguiu ser o melhor dos outros no Tourmalet…a mais de 2 minutos! De resto, o décimo lugar diz muito do Tour que Bardet está a fazer.
Ainda falta aquele ataque clássico sem qualquer lógica, para que o Tour dele esteja completo.
Louis Meintjes, a bunda do pelotão
A Intermarché explicou, Louis Meintjes é a bunda do pelotão por motivos de marketing. Assim quando a bunda é filmada lá está em primeiro plano a Intermarché a aparecer-nos em casa.
Genial.
Mikel Landa, Deus
As únicas vezes que apareceu no ecrã, foi quando estava a ser descarregado e quando caiu. Acho que isso resume o Tour de Landa até ao momento.
Etapa 2 – Vitoria-Gasteiz / Saint-Sébastien (208,9 km) – LANDA Mikel (BAHRAIN VICTORIOUS)
Pello Bilbao, o outro basco
Haimar Zubeldia está orgulhoso.
Emanuel Buchmann, o homem dos livros
Boa etapa de Laruns na ajuda a Jai Hindley. Não o vi mais.
AlPacino
Jasper Philipsen, Disaster
Três vitórias de etapas, dois desvios para as barreiras de adversários e uma carga de ombro do seu lançador. Está a ser um Tour à imagem do seu amável e carismático diretor desportivo, Christoph Roodhoof.
Etapa 5 – Pau / Laruns (162,7 km) – YATES Adam (UAE TEAM EMIRATES), PHILIPSEN Jasper (ALPECIN-DECEUNINCK)
Mathieu van der Poel, o melhor da história
Apresento-vos o melhor lançador de sprint do planeta. É uma das maiores evoluções da história, como não podia ser, tudo na vida deste rapaz é em grande. A técnica de carga de ombro também é a melhor da história, Biniam Girmay (Intermaché) não gosta muito, mas paciência, são as circunstâncias da vida.
Au revoir, à la prochaine.