No passado domingo terminou a terceira e última grande volta do ano, foi muito divertida, ainda estou a recuperar da última semana estonteante. Devemos todos agradecer ao ideólogo desta maravilha de percurso, o senhor Javier Guillén, que depois desta edição entra no panteão dos imortais do ciclismo. Querem desenhar percursos de ciclismo, façam tudo ao contrário do que o Guillén faz e estão no bom caminho.
Mas vamos lá aos destaques desta inolvidável edição.
De lobito a lobo
Remco Evenepoel (Quick-Step) acabou com as dúvidas: é ciclista de três semanas. Acabou com o jejum Belga nas grandes voltas, foram 44 anos de sofrimento.
Esta Vuelta mostrou uma nova versão de Remco, ciclista maduro, a forma como limitou as perdas nos dias mais complicados foi notável, um lobito que se tornou um lobo. É verdade que o abandono de Primoz Roglic (Jumbo-Visma) ajudou, mas a primeira regra para vencer uma prova, é terminá-la.
Remco Evenepoel vence a Vuelta a España
Pódio e Top 10
O eterno segundo
Enric Mas (Movistar) consegue a proeza de aos 27 anos já ter sido três vezes segundo classificado na Vuelta. O maiorquino entrou na prova como a aposta da Movistar para a Geral, apesar de terem o velhote Valverde. Outro pormenor importante, a equipa de Unzué estava desesperada por pontos e pode-se dizer que Enric Mas salvou a Movistar da descida, foram mais de 800 pontos.
Em relação à prova em si, fez o que nos habituou, aguentou-se entre os melhores na montanha sem ser o melhor, penou no contrarrelógio e ainda teve de aturar os Espanhóis, é um ciclista pouco amado em Espanha.
Enric Mas, Remco Evenepoel e Juan Ayuso, o pódio da Vuelta 2022
O novo monstrinho de Matxin
Em 2019, um tal de Tadej Pogacar (UAE) apareceu na Vuelta e espantou o mundo com um terceiro lugar e três vitórias de etapa com 20 anos de idade, hoje em dia é um dos melhores sprinters do mundo. Três anos depois, Matxin apresenta ao mundo um Espanhol que também terminou no pódio, não ganhou qualquer etapa mas só tem 19 anos, chama-se Juan Ayuso (UAE).
Juan Ayuso, 19 anos
Fue un placer, señores
“Bueno, yo me quedo por aquí. Fue un placer, señores”
Miguel Angel Lopez (Astana) há um ano foi o autor de uma das frases mais icônicas da história do ciclismo. Está visto que Vinokourov sabe domar o Colombiano, terminou a prova e perto do pódio.
Almeidismo
Começou com pouco gás, mas foi ganhando forma ao longo da prova e terminou no top-5. João Almeida (UAE) está prestes a entrar na categoria de “ciclistas de culto”, onde está por exemplo Mikel Landa (Bahrain). A sua forma de correr, o famoso ioiô, a jihad tuga e o contexto com que se depara nas equipes onde passa, tem sempre algo ou alguém no caminho, faz dele um ciclista que atrai as pessoas.
Almeidismo começa a ser muito mais que ciclismo, é o fado em forma de ciclista.
Nasce o Almeidismo
A nova esperança dos Países Baixos
Thymen Arensman (DSM) quis provar à sua futura equipe (Ineos Grenadiers) que não se enganaram na sua contratação. Venceu uma etapa através da fuga e na terceira semana foi um dos mais fortes em prova, na etapa da Navacerrada foi o melhor dos favoritos.
Thymen Arensman vai pra Ineos ano que vem
Coragem Rodriguez
Se Juan Ayuso esteve impressionante, Carlos Rodriguez (Ineos) não esteve muito atrás. O miúdo Espanhol da Ineos fez uma Vuelta de grande nível e só não terminou melhor colocado porque uma queda na terceira semana fez com que terminasse a prova todo rasgado. O ciclismo Espanhol aposenta Valverde mas apresenta Ayuso e Carlitos Rodriguez ao mundo.
Big Ben
Ben O’Connor (AG2R-Citroen) depois de um Tour absolutamente miserável, chegou à Vuelta com a intenção de salvar a temporada e conseguiu. Mas diga-se de passagem que se não fosse a etapa da Sierra Nevada diria que ele tinha feito um Haimar Zubeldia.
O velhote Rigo Uran
Bem, pelo menos desta vez conseguiu sacar um Top-10 sem ser só a chupar rodas. Tenho de lhe dar esse mérito, ganhou uma etapa através da fuga e colocou a cara ao vento nesse dia. Mal o vi o resto da Vuelta.
Rigo Urán venceu uma etapa e acabou no Top-10
Se fosse o Giro…
Há duas coisas que está mais do que provado no ciclismo mundial:
1. A bicicleta tem duas rodas.
2. Jai Hindley (Bora-Hansgrohe) só é um dos melhores escaladores do mundo no Giro.
Ainda estou a tentar perceber como conseguiu terminar no Top-10, toda a Vuelta de Hindley foi paupérrima para o atual Campeão do Giro d’Italia.
Gregários
Os lobos
Se Remco Evenepoel se tornou num lobo, Louis Vervaeke e Ilan Van Wilde (Quick-Step) foram os fieis lobos dele. Fizeram um trabalho bastante competente, é verdade que já vimos gregários muito mais fortes que estes na montanha, mas a fidelidade destes dois foi notável. Estiveram enquanto puderam com o chefe e trabalharam sempre em prol de um único objetivo: ganhar a Vuelta.
Chris ‘Kuss’ Harper
O que fez na Sierra de la Pandera merece destaque. Destroçou o grupo de favoritos com um ritmo avassalador e desgastou Evenepoel ao ponto dele ser incapaz de responder a Roglic. Tentou fazer o mesmo no dia seguinte na Sierra Nevada, mas já não haviam pernas para mais.
O mágico embalador
Michael Morkov (Quick-Step) perdeu o trono de melhor embalador do mundo, o novo rei é Danny van Poppel (Bora-Hansgrohe), o Van Gogh dos lançadores. No Europeu já tinha ajudado Fabio Jakobsen (Quick-Step), nesta Vuelta foi decisivo para que Sam Bennett (Bora-Hansgrohe) transformasse uma temporada horrível num temporada bem decente.
Volata
Wout Mads Pedersaert
Mads Pedersen (Trek-Segafredo) tentou imitar o segundo melhor da história e de certa forma conseguiu, venceu três etapas e a Camisa de Pontos. Isto demonstra porque é que o segundo melhor da história é o segundo melhor da história, não é difícil de imitar e assim temos um Wout Van Aert da Wish.
Depois de Sam Bennett (Bora-Hansgrohe) sair de cena dominou os sprints, mas perder o sprint de Madrid para Juan Molano (UAE) é uma mancha na sua Vuelta.
Mads Pedersen venceu 3 etapas na Vuelta
O foguete irlandês
Sam Bennett (Bora-Hansgrohe) estava a ter uma temporada terrível e em três etapas na Vuelta, voilá. Com a ajuda essencial de Danny van Poppel, o irlandês fez com que Patrick Lefevere passasse mal essas noites.
Sam Bennett infelizemente abandonou a prova por Covid
Arte da fuga
Locomotora de Carchi
As primeiras montanhas mostraram que Richard Carapaz (Ineos) não tinha nível para discutir o pódio. O Equatoriano mudou o foco e passou a concentrar as atenções nas vitórias de etapa, conseguiu nada mais nada menos do que três etapas e a Classificação dos Pontos. Acabou por ser uma excelente Vuelta para a locomotora de Carchi.
Carapaz venceu três etapas
Vine
O Australiano Jay Vine (Alpecin-Deceuninck) chegava à Vuelta com contas pendentes do ano passado e rapidamente começou a cobrá-las. Venceu duas etapas, uma não foi em fuga, conseguiu bater os homens da Geral no mano a mano e dois dias depois no Colláu Fancuaya, essa sim através da fuga, deu uma tareia das antigas nos colegas de fuga. Foi perdendo gás, mas continuou muito ativo e era Líder da Montanha até ter de abandonar devido a queda na 18ª etapa.
Portanto, continua com contas pendentes.
Jay Vine, com a Camisa de Rei da Montanha, completamente desolado após a queda. Ele infelizmente teve que abandonar a corrida. #LaVuelta22 https://t.co/YS3GoEXZac
— BikeBlz (@BikeBlz) September 8, 2022
Fuga de la fuga
Marc Soler (UAE), Jay Vine x2 (Alpecin-Deceuninck) Jesus Herrada (Cofidis), Louis Meintjes (Intermarché-Wanty Gobert), Ricard Carapaz x3 (Ineos Grenadiers), Thymen Aresnman (DSM) e Rigoberto Uran (EF). Marc Soler foi o ciclista que mais esteve em fuga, tenho séria dúvidas que conheça minimamente os colegas de equipe.
Ou seja, em 19 etapas (cronos não contam), 10 delas foram ganhas pela fuga. Isso dá uma taxa de sucesso de 53%!
No Giro foram 10 de 19 e no Tour 7 em 19, ou seja foram 27 etapas ganhas pela fuga em 57 na soma das três grandes voltas. Curiosamente, em 2021 o resultado foi o mesmo, 47% de sucesso.
E pronto foi isto!
¡hasta la vista!
Etapa Rainha é Bruno Dias, português de perto do Porto, onde equipe se escreve equipa e blefe é bluff. 🙂
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Fonte: La Vuelta
Fotos: A.S.O / Charly Lopez, Luis Angel Gomez, SprintCycling, Luis Angel Gomez, SprintCyclingAgency, Antonio Baixauli López, Antonio Baixauli, Toni Baixauli
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Hastags da prova: #LaVuelta22, #BikeBlz
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