Segunda semana do Tour bem mais monótona, mas que ficou marcada por um feito histórico! Aqui estão as pessoas, equipes e fatos mais interessantes desta segunda semana:

Cav34dish

Faltavam duas vitórias de etapa para igualar as 34 de Eddy Merckx, o Britânico não deixou escapar a oportunidade e cumpriu o sonho. O Belga não escondeu o seu desconforto com o feito de Cavendish e falam as más línguas que quis convencer Lefevere a lhe dar um lugar na equipe para 2022. O patrão da Deceuninck-QuickStep não parece muito convencido, mas depois de uma noite de copadas nunca se sabe.

Cavendish beneficiou-se da eliminação de uma parte dos sprinters (Ewan, Demare e Merlier), mas só contam os que cá estão, o Britânico renasceu qual Fénix este ano.

Máquina Morkov

Decidi fazer um tópico apenas para o melhor lançador da atualidade. Sem desmerecer o trabalho de Declercq, Alaphilippe, Asgreen e Ballerini (Deceuninck-QuickStep), mas o sprinter que conta com Morkov de lançador tem 80% do trabalho feito, ‘só’ tem de finalizar.

Ventoux van Aert

Com o abandono de Roglic a equipa holandesa começou a segunda semana com duas coisas em mente: vencer etapas e colocar alguém na luta pelo pódio. E nada melhor do que mandar Wout van Aert (Jumbo-Visma), que pesa 78 Kg, para a fuga numa etapa com dupla passagem pelo temível Mont Ventoux. Parece um plano louco, mas é comum ver este tipo de coisas por parte dos Holandeses (ou Neerlandeses) e às vezes resultam bem, foi o que aconteceu desta vez.

Van Aert descarregou toda a gente, incluindo Bauke Mollema e Kenny Elissonde (Trek-Segafredo), dois trepadores que mais pareciam dois sacos de batatas nas mãos do gigante Belga. Diga-se que não foi uma surpresa, este é um dos fenómenos do ciclismo atual.

O seu amigo Mathieu deve estar orgulhoso em casa.

Abelhas assassinas

Roglic fora do Tour? Não há problema, muda-se o plano e procura-se a felicidade.

Ao contrário da Ineos, a equipe Holandesa (ou Neerlandesa) adaptou-se às circunstâncias e está a correr de uma forma agressiva. A astúcia tática já lhes valeu duas vitórias de etapa, uma já falamos, a outra através de Sepp Kuss no seu ‘jardim’.

Ainda têm VingeGOD, que até ao momento foi o único capaz de descarregar Pogacar, está em posição de pódio e caso mantenha o nível é provável que termine em segundo.

DesIneos

Para uma equipe que tem 50 milhões de orçamento, de longe o maior do World Tour, o que nos ofereceram taticamente nesta segunda semana foi demasiado pobre e embaraçoso.

Os Britânicos apenas sabem correr de uma forma, trem montanha acima e isso funciona quando se tem o ciclista mais forte. Quando não se tem, o normal é que o trem descarrilhe e se faça aquilo que nos últimos anos se costuma designar por “fazer um Movistar”.

Ventoux, Envalira e Beixalis viram uma Ineos a carregar o grupo de favoritos, incluindo o Camisa Amarela que agradeceu a boleia. Em Envalira ainda vimos a Movistar ajudar a Ineos, Unzué e Brailsford devem ter ido para os copos na noite anterior e combinaram esta master plan.

Pogahumano

Afinal Pogacar é humano, o Ventoux é implacável com qualquer um e Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma) mostrou ao mundo que o jovem Esloveno é de carne e osso. Acabaria o dia sem perder tempo para o Dinamarquês, já que a etapa terminava em descida e o Esloveno sabia bem disso.

Um pequeno percalço que deixou muita gente excitada com a possibilidade da luta pela vitória estar novamente aberta. Mas durou pouco, já que no primeiro dia dos Pirinéus respondeu a todos os ataques com uma facilidade desconcertante. Os Jogos Olímpicos e a Vuelta não estão muito longe, por isso a gestão de esforço começou.

Na roda

Rigoberto Uran (EF Education-Nippo), Enric Mas (Movistar), Alexey Lutsenko (Astana) e Wilco Kelderman (Bora-Hansgrohe) têm alergia ao vento na cara. As rodas traseiras dos rivais ficam mais gastas de tanto eles chuparem-nas, do que do atrito da estrada.

Mas temos de fazer uma ressalva, Uran decidiu fazer um ‘ataque’ de 20 metros no domingo. 11 de julho de 2021, um dia que fica para a história do desporto mundial, não porque a Itália sagrou-se campeã da Europa de futebol, mas porque Uran colocou a cara ao vento numa Grande Volta.

Fugas

Depois de três fugas terem sucesso na primeira semana, a segunda foi mais produtiva neste departamento. Das seis etapas, quatro foram conquistadas pelos homens da fuga: Wout van Aert e Sepp Kuss (Jumbo-Visma), Nils Politt (Bora-Hansgrohe) e Bauke Mollema (Trek-Segafredo).

Ou seja, 7 das 15 etapas foram ganhas através da fuga, cerca de 47% de sucesso.

Abandonos/OTL

Ao fim de 15 dias temos 37 ciclistas fora do Tour, na última década o único ano que rivaliza é o de 2012 com 35. Quedas, ciclistas a chegar fora do tempo e os Jogos Olímpicos estão entre os motivos para este elevado número.

Penso que foi isto. Volto dia 19 para a análise final.
Au revoir.

(Fotos: A.S.O.)


Etapa Rainha é Bruno Dias, português de perto do Porto, onde equipe se escreve equipa e blefe é bluff. 🙂

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